O papel das agências na transformação digital

Victória Navarro
9 de novembro de 2020 - 8h00

Miriam Shirley, CEO da Sapient AG2 (crédito: divulgação)

As agências precisam, cada vez mais, mapear e buscar soluções e recomendações proativas para a transformação digital das marcas. Estar onde o consumidor está tornou-se premissa de estratégias assertivas. Miriam Shirley, que assumiu como CEO da Sapient AG2 em fevereiro de 2019, ao ProXXIma, aborda o papel da tecnologia, em tempos de pandemia, a função das agências no desenvolvimento da transformação digital e como o mercado de comunicação está caminhando para a automação. “Nada de oportunismo, estamos vivendo a era do propósito, onde as empresas têm um papel mais relevante na sociedade, devendo adotar ações concretas ao invés de assumir discursos vazios”, diz.

O digital e a tecnologia, em tempos de pandemia
O isolamento social nos obrigou a buscar novas formas de comprar, de trabalhar, novas maneiras de fazer as coisas, rever o jeito como realizamos os projetos e buscar maneiras mais ágeis e criativas de entregar nossos jobs. O digital apresenta-se como o futuro que virou presente. Temos várias ferramentas e dados que analisamos, como ferramentas de social listening e de análise de buscas. Elas nos permitem observar, rapidamente, o que está sendo falado e o que os consumidores estão buscando. Durante a pandemia, houve um crescimento absurdo do faça você mesmo – as pessoas têm buscado instruções sobre como fazer pão, cortar e pintar o cabelo em casa, jogos e outras formas de entreter as crianças, jogos para as crianças e etc. Em meio a tudo isso, com todo mundo tão sensibilizado com o que está ocorrendo, ficou bastante claro o papel e tom que as marcas deveriam adotar. Nada de oportunismo, estamos vivendo a era do propósito, onde as empresas têm um papel mais relevante na sociedade, devendo adotar ações concretas ao invés de assumir discursos vazios. Vimos várias marcas posicionando-se para ajudar a sociedade nessa pandemia, seja construindo hospitais, seja produzindo álcool em gel e máscaras. É importante buscar uma atitude colaborativa e relevante, durante esse período tão incerto para todos.

“O digital apresenta-se como o futuro que virou presente. Temos várias ferramentas e dados que analisamos, como ferramentas de social listening e de análise de buscas”

O papel das agências na transformação digital
Depois de tantos meses, podemos notar que houve um fortalecimento por parte das agências e empresas de comunicação junto aos clientes, tanto no Brasil quanto no mundo. Foi um momento em que a parceria foi muito importante. Mas, independentemente da pandemia, as agências devem estar atentas para mapear e buscar soluções e recomendações proativas para a transformação digital das marcas, ajudando-as a estarem onde o consumidor está. Tornamo-nos, cada vez mais, parceiros estratégicas dos clientes, ajudando a promover transformação digital e de negócios, que agora se faz ainda mais urgente e necessária.

“As agências devem estar atentas para mapear e buscar soluções e recomendações proativas para a transformação digital das marcas, ajudando-as a estarem onde o consumidor está”

Como as agências estão se automatizando
A automação é constante. Sempre, buscamos formas de melhorar nossa entrega e deixar mais tempo para os nossos colaboradores atuarem mais estrategicamente. Um exemplo é que nosso time de tecnologia desenvolveu um produto com o objetivo de ganho de escala na produção de vídeos. Neste momento, estamos desenvolvendo um outro produto, pensado para a criação de vídeos dinâmicos. Como grupo, fizemos a maior e mais importante automação durante essa pandemia, que foi a implementação da plataforma Marcel em todo o mundo. Ter uma plataforma interligando 80 mil colaboradores espalhados em suas casas, em mais de 100 países, permite uma infinita combinação de conexões. Na verdade, isso é mais que uma simples automação, foi o melhor uso das tecnologias. Marcel é o ponto de encontro de quem trabalha em qualquer empresa do Grupo Publicis em qualquer lugar, respeitando os limites das atividades e da cultura de cada um, mas rompendo fronteiras que, no mundo real, vimos se fecharem com a propagação do coronavírus. Nós éramos globais antes da Marcel, mas nunca fomos tão globais como com a Marcel.

*Crédito da foto no topo: Vedanti/Pexels