Além da tecnologia: a força humana como motor da inovação
No cerne da revolução tecnológica, está a capacidade humana, são a criatividade, curiosidade e empatia que realmente impulsionam a inovação
No cerne da revolução tecnológica, está a capacidade humana, são a criatividade, curiosidade e empatia que realmente impulsionam a inovação
11 de março de 2024 - 16h18
Ao final do terceiro dia do SXSW 2024, foi possível notar uma temática que permeou as principais palestras da trilha “2050”, que trata do futuro dos negócios e da tecnologia: apesar das rápidas transformações tecnológicas, a verdadeira essência da inovação continua sendo profundamente humana. Partindo de pontos de vista e objetivos diferentes, Nick Bartlett (diretor do Future of Today Institute), Mike Bechtel (futurista-chefe da Deloitte) e o renomado futurista Ray Kurzweil acabaram por nos convidar a refletir sobre o verdadeiro motor da mudança: nós mesmos.
As discussões caminharam por temas como a complexidade das dicotomias tecnológicas e os potenciais impactos da Singularidade, tema de profundo domínio de Kurzweil. No entanto, o que as conversas revelaram é um fato incontestável: a tecnologia, por mais avançada que seja, é apenas ferramenta. Uma ferramenta criada por nós, seres humanos, para ampliar nossas capacidades, alcançar novos patamares e resolver desafios cada vez mais complexos.
Nossa relação com essas ferramentas não só nos define como espécie, mas nos conduz à evolução da própria tecnologia. Foi a partir desse raciocínio que Mike citou como o que ele chamou de “ficção especulativa” atua como uma ponte entre a tecnologia e a humanidade. Longe de ser uma mera fantasia sobre o futuro, ela serve como uma catalisadora para a inovação tecnológica, ao mesmo tempo que nos mantém aterrados nas questões humanas que moldam nossa vida com o uso da tecnologia. Ela não apenas nos ajuda a antecipar o que o futuro pode trazer, mas também reflete nossas esperanças, medos e aspirações como sociedade.
Seguindo esta linha, Nick explorou como as evoluções tecnológicas têm impactos surpreendentes em vários mercados, grandes “efeitos colaterais” que as lideranças das organizações costumam ignorar, por falta de profundidade e tempo dedicação para a reflexão sobre essas inovações. Esses efeitos cascata demonstram a interconexão do nosso mundo, e como as inovações em um campo podem influenciar setores completamente distintos.
Alguma vez você já parou para pensar que a segurança gerada pelos carros autônomos pode levar a uma diminuição de risco para as seguradoras — reduzindo custos para as pessoas, mas também receitas dos negócios no longo prazo —, e ainda, como também pode impactar a disponibilidade de órgãos disponíveis para doação? Pois é, se as pessoas não morrem, não doam seus órgãos aos que mais precisam. Um olhar ampliado e profundo sobre as novas tecnologias em nossas vidas nos permite refletir com mais clareza sobre os cenários possíveis para o futuro.
No cerne dessa revolução tecnológica, contudo, está a capacidade humana. São a criatividade, curiosidade e empatia que realmente impulsionam a inovação. Enquanto as máquinas podem processar e analisar dados com velocidades e eficiências inimagináveis, elas não possuem a mesma capacidade de entender contextos complexos a partir das nossas vivências práticas, de sonhar ou de sentir compaixão. Essas qualidades humanas (ainda) únicas são o que realmente diferenciam e direcionam a aplicação bem-sucedida da tecnologia.
Ao encararmos o futuro, as palestras do SXSW nos lembram de uma verdade fundamental: somos mais do que usuários ou criadores de tecnologia. Somos os arquitetos de nosso futuro, utilizando a tecnologia como uma extensão de nossas próprias capacidades inatas. Enquanto continuarmos a colocar a humanidade no centro de nossas inovações, o potencial para um futuro brilhante e transformador permanece ilimitado.
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