O que levo na mala do SXSW 2025: aprendizados que vão além da tecnologia
As palestras do SXSW 2025 terminaram, mas os insights compartilhados ao longo dos últimos sete dias continuam reverberando
As palestras do SXSW 2025 terminaram, mas os insights compartilhados ao longo dos últimos sete dias continuam reverberando
17 de março de 2025 - 14h01
O SXSW não é apenas um evento, é uma imersão no futuro. Durante os últimos dias, entre painéis inspiradores e discussões intensas, pude mergulhar nas tendências que estão moldando a tecnologia, as finanças digitais e a sociedade. As grandes palestras chegaram ao fim, mas a energia do festival segue pulsante até sábado (15/03), com ativações culturais, experiências interativas e shows.
Representando a Zoop nesta edição, que foi minha primeira vez atendendo presencialmente ao evento, busquei explorar temas que ainda não ganharam os holofotes mas carregam muitos aprendizados – indo além das palestras mais badaladas e concorridas. O que realmente está mudando no setor financeiro? Como a IA pode ser usada de forma estratégica? Qual o impacto das novas tecnologias no comportamento humano?
Neste texto, compartilho os principais aprendizados e reflexões que trago comigo na mala de volta para o Brasil.
O que antes parecia um futuro distante agora é realidade: as finanças digitais passaram de mera tendência e já é um dos pilares da economia global. No SXSW 2025, ficou evidente que o mercado de criptomoedas deixou de ser um universo paralelo para se integrar definitivamente ao sistema financeiro tradicional. Instituições que antes viam o setor com desconfiança agora estão investindo pesado e a regulamentação caminha para um novo patamar de maturidade.
O debate não girou mais em torno de “será que o mercado cripto vai sobreviver?”, mas sim de como ele será regulamentado e estruturado para garantir segurança e acessibilidade. Para empresas e consumidores, isso significa uma nova fase, em que blockchain, stablecoins e ativos digitais no geral, passam a ser parte do dia a dia financeiro, sem as incertezas de antes.
Já passamos da fase de debater a presença da inteligência artificial no mercado. Agora, o foco está em entender como usá-la de forma estratégica. Uma das grandes provocações durante as palestras foi sobre a “IA invisível” – aquela que já está tão integrada ao nosso cotidiano que mal percebemos. Da personalização de serviços financeiros à criação de conteúdo, a inteligência artificial deixou de ser apenas uma ferramenta para se tornar um agente ativo nas decisões empresariais e no comportamento do consumidor.
Por isso, as discussões sobre IA foram além da automação e produtividade. A questão central agora é: estamos no controle dessa tecnologia ou estamos apenas reagindo às mudanças que ela impõe? O foco das conversas esteve na aplicação eficiente da tecnologia, na transparência de seus processos e no impacto verdadeiro na vida das pessoas.
Por falar em vida real, entre tantas inovações, um tema inesperado capturou a atenção: a solidão na era digital. Esse fenômeno reflete uma mudança profunda na forma como nos relacionamos. Se antes a tecnologia prometia aproximar as pessoas, hoje ela levanta um alerta: como garantir que a digitalização da vida não nos afaste do essencial?
O SXSW trouxe reflexões profundas sobre como a hiperconectividade tem criado um paradoxo preocupante – nunca estivemos tão ligados digitalmente, e ao mesmo tempo, tão isolados emocionalmente. Em meio a tantas conexões virtuais, as pessoas nunca estiveram tão expostas a golpes e manipulações.
Como abordei em outro artigo, um dos pontos mais alarmantes foi como essa solidão tem sido explorada em golpes e fraudes online. Especialistas alertaram para o aumento de crimes digitais que se aproveitam da carência e da busca por conexão. Se antes os golpes eram baseados apenas em engenharia social, agora eles se alimentam das vulnerabilidades emocionais que a era digital tem amplificado.
Nesse aspecto, no último dia de palestras, uma das falas mais impactantes – e esperadas! – foi a de Michelle Obama, que trouxe uma perspectiva poderosa sobre liderança, resiliência e a importância de se cercar das pessoas certas. Sua fala serviu como um lembrete poderoso de que, por trás de toda tecnologia, o que realmente importa são as pessoas.
O poder de uma boa história continua imbatível. No SXSW 2025, ficou claro que o storytelling segue sendo uma das ferramentas mais poderosas para engajar, convencer e emocionar. Marcas que dominam essa arte conseguem transformar dados frios em narrativas envolventes, criar identificação com o público e, acima de tudo, transmitir mensagens que realmente impactam.
No setor financeiro, por exemplo, a comunicação sempre foi baseada em números e estatísticas, mas agora, a forma como a mensagem é contada faz toda a diferença. A palestra de Michelle Obama reforçou essa ideia ao compartilhar sua jornada de vida de maneira autêntica e inspiradora. Seu discurso mostrou que histórias bem contadas têm o poder de mudar percepções, gerar empatia e impulsionar transformações. Como foi dito na palestra, “esperança não é dizer que tudo está bem. É saber que as coisas estão ruins, mas enxergar um caminho para algo melhor.”
Saio do SXSW 2025 com uma nova perspectiva sobre tecnologia, finanças digitais e sociedade. Acompanhar esses debates foi um lembrete importantíssimo de que inovação não se resume a ferramentas e tendências, mas também à forma como nos conectamos, comunicamos e construímos o futuro – para os outros e para nós mesmos.
Ao explorar temas menos óbvios, encontrei discussões ricas que merecem ser trazidas para o Brasil. Tecnologia, emoções humanas e cultura estão mais entrelaçadas do que nunca. O desafio não é apenas entender essas interseções, mas aproveitá-las para criar algo significativo. Foi uma honra fazer parte desse momento e compartilhar essas reflexões.
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