Empresas devem agir para levar mais diversidade aos conselhos
Estudo revela que o ritmo de indicações de mulheres para conselhos administrativos estagnou no último ano
Empresas devem agir para levar mais diversidade aos conselhos
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Meio & Mensagem
7 de dezembro de 2023 - 12h32
A bolsa de valores brasileira, a B3, tornou obrigatório que todas as empresas de capital aberto tenham pelo menos uma mulher ou pessoa de grupo sub-representado em seu conselho administrativo ou diretoria estatutária até 2026. Mas se não houver maior empenho e mudanças na forma de indicações para conselhos, as empresas não conseguirão cumprir com a medida.
Hoje, apenas 16% das empresas brasileiras têm uma mulher em seus conselhos, como destaca o estudo “Board Monitor Brazil 2023”, da Heidrick & Struggles. Das 169 organizações com mulheres, apenas 44% tinham duas ou mais. Analisando as indicações, entre 2021 e 2022, a porcentagem de posições direcionadas a conselheiros de primeira viagem diminui de 44% para 33%, o que também diminui as possibilidades de indicar uma mulher para esses assentos, visto que apenas um reduzido número delas atua como conselheira.
Além disso, o ritmo de indicação de mulheres para conselhos permaneceu igual entre 2021 e o ano passado. Ao todo, foram 93 nomeações que aconteceram em 38% das empresas listadas na bolsa. Divididas entre gêneros, foram 69% de indicações de homens e 31% de mulheres. Mais de 60% dos novos nomes já ocuparam uma cadeira em conselho anteriormente, número que aumentou comparado aos últimos anos.
“Embora seja encorajador que a representação de gênero tenha sido mantida nos níveis do ano anterior, não será um progresso suficiente para cumprir os requisitos de diversidade de gênero estabelecidos pela bolsa de valores brasileira”, afirma o texto do relatório.
Dentre os cargos dos membros indicados em 2022, CEO (45%) e CFO (11%) foram os mais comuns. Este dado demonstra outro obstáculo para o aumento da presença feminina em conselhos, já que apenas 17% dos CEOs brasileiros são mulheres, segundo o “Panorama Mulheres 2023″, estudo feito pelo Talenses Group com o Insper. A única indústria que indicou mais mulheres a esses cargos foi a de tecnologia e serviços, com 56% das nomeações.
“Como recrutadores, sabemos que entre um homem que já participa de oito conselhos e uma mulher que iria exercer a função pela primeira vez, a escolha quase sempre será pelo homem, embora a executiva certamente iria se empenhar muito para dar resultado”, afirmou Ana Paula Chagas, sócia da Heidrick & Struggles no Brasil ao Valor Econômico.
Para que as empresas brasileiras alcancem a meta proposta pela B3, é preciso abrir portas tanto para conselheiras iniciantes, que nunca ocuparam a posição, quanto para profissionais executivas de diferentes backgrounds como recursos humanos, tecnologia e sustentabilidade, por exemplo, áreas em crescimento e de grande importância para as novas agendas estratégicas.
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