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Opinião

God nytt år!

É bem interessante perceber as variações sobre o mesmo tema nas comemorações de fim de ano aqui na Suécia. Qual dia se dá mais ênfase, quais são os pratos típicos, quais são os rituais


6 de janeiro de 2023 - 15h06

Trecho do desenho animado “Kalle Anka och hans vänner önskar God Jul”, ou “Pato Donald e seus Amigos desejam um Feliz Natal”, em tradução livre (Crédito: Reprodução/YouTube)

Minha última passagem por aqui foi no verão (aqui do hemisfério norte). Já faz um tempinho, mas o ritmo deste ano louco de 2022 fez parecer muito mais. Eu falava dos preparativos para as férias, da excitação coletiva das andorinhas inversas que migram no verão.

Agora é tempo da pausa do inverno. Bem mais curta, na maior parte abrangendo a semana entre Natal e Ano Novo e a primeira semana do ano. São dois feriados, dia 26 de dezembro, o dia ao seguinte ao Natal, quando se comemora St. Steven ou Boxing Day em vários países da Europa. E hoje, dia 6 de janeiro, Dia da Ascensão. O ano novo na Suécia só começa mesmo depois deste feriado.

É bem interessante perceber as variações sobre o mesmo tema nas comemorações de Natal. Qual dia se dá mais ênfase, quais são os pratos típicos, quais são os rituais. Dois me chamam mais atenção. Começando pela Julbord, que junta rituais e pratos típicos. Julbord é, basicamente, uma mesa de Natal. Desde novembro, vários restaurantes oferecem este bufê com comidas típicas natalinas que para nós não soam tão natalinas assim. E, para falar a verdade, também não são tão diferentes do bufê de almoço do Midsommar (festa do solstício de verão). Nesta mesa sempre se oferecem vários tipos de arenque em conserva, queijos, frios, pratos típicos suecos, não necessariamente relacionados ao Natal, e incluindo as onipresentes almôndegas. Não tem peru e nem bacalhau, este último bastante comum, mas não como o nosso salgado: aqui é prato do dia a dia, servido fresco. A única coisa em comum é o presunto. Aqui eles chamam de julskinka (jul = natal, skinka = presunto). Nós, em português, chamamos de tender (risos). Vim a saber que chamamos este presunto defumado de tender porque, quando importamos esta tradição, na embalagem vinha escrito “tender made” (feito com carinho). Famílias, amigos, colegas de trabalho, muitos grupos se reúnem ao redor destas mesas para comemorar o Natal.

Outra tradição divertida é começar a celebração do Natal com uma sessão de desenhos animados do Pato Donald. Desde 1958, crianças e adultos suecos assistem ao “Kalle Anka och hans vänner önskar God Jul” (“Pato Donald e seus Amigos desejam um Feliz Natal”, em tradução livre) às 3 da tarde do dia 24 de dezembro. O desenho original é seguido por trechos de diversos outros filmes da Disney, incluindo, claro, o mais recente lançamento. A estimativa é de 40% de audiência. (Meu histórico de Mídia de quase não me deixa escrever esta última frase. Qual é a fonte? Audiência domiciliar ou individual? Ainda hoje? Qual é a tendência? Não tenho estas respostas).

Passar o Réveillon no inverno é também uma experiência. Nada de roupas brancas, amarelo para prosperidade e rosa para amor. Continua-se no preto e brilhos para um glamour adicional. Curioso como existem tantas músicas de Natal e tão poucas para comemorar o ano novo. No Brasil, há o tradicional “Adeus ano velho, feliz ano novo…”, e aqui temos… ABBA! Claro! Happy New Year!

Começar o ano no inverno me soa meio deslocado. A energia do recomeço quando ainda estamos recolhidos, hibernando em nossas cavernas, com o sol de pondo às 3 da tarde. O efeito da ausência de luz sobre nossos corpos é evidente. É hora de planejar, estudar, elaborar. É como a energia da lua minguante. Mas o solstício de inverno já passou, e a cada dia temos mais 5 minutos de luz. Pouco a pouco começaremos a florescer.

No Brasil, também tivemos um primeiro dia do ano solar, colorido e diverso. Torço para que as trevas tenham ficado para trás e que voltemos a ter mais alegria. E que finalmente comecemos a florescer.

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