O mercado a gente inventa
Empreender sendo uma mulher negra e trans me trouxe muitas reflexões sobre a indústria. A principal delas é o nosso poder de criar movimentos e inventar possibilidades
Empreender sendo uma mulher negra e trans me trouxe muitas reflexões sobre a indústria. A principal delas é o nosso poder de criar movimentos e inventar possibilidades
30 de setembro de 2022 - 0h06
Empreender sendo uma mulher negra e trans me trouxe muitas reflexões sobre o mercado. A principal delas é o nosso poder de criar movimentos e inventar possibilidades. Por exemplo: diversidade é uma pauta da sociedade atual. A partir dessa demanda, permeada por muitas camadas, podem ser desdobrados derivados comerciais que influenciam positivamente diferentes grupos sociais.
Nesse sentido, precisamos desenvolver cada vez mais pesquisas e projetos sustentáveis que tenham legitimidade. Essa invenção, essa criação do novo surge do mercado humano, que está em constante transformação.
Faço aqui uma reflexão sobre o Women To Watch, que está reinventando as equações de gênero na publicidade e no marketing, propondo transformações que geram novas composições comerciais. Assim, cria-se inclusão e celebra-se a promoção de mulheres que se desafiam a inovar de mil maneiras estratégicas. Isso tem importância tremenda, pois possibilita a movimentação de estruturas que podem ser decisivas na pavimentação de invenções comerciais. Essas inovações abastecem a indústria, alimentando-a de novas tonalidades e de mudanças significativas.
Sempre me imagino uma descobridora de tesouros quando consigo criar percepção comercial em torno de pautas ainda mal exploradas pelo mercado. A conquista de descortinar potências é um movimento que tenho construído na minha jornada profissional como empreendedora. Sempre indaguei os motivos pelos quais se reconhece ainda muito pouco a vocação riquíssima que o Brasil tem de exportar ideias e projetos disruptivos, sobretudo quando se trata do que chamamos de diversidade.
Mas o que falta? Essa é a pergunta que me inquieta todos os dias. É sabido que o Brasil é um país com fobias violentas quando se trata de diversidade e esse certamente é fator que nos limita comercialmente. Esses tabus nos dão grandes prejuízos sociais, emocionais e econômicos.
Porém, a mentalidade empreendedora me conduz à provocação de esse ser justamente um funil de oportunidades. A oportunidade criativa de pensarmos em soluções que podem demarcar novos tempos e novas leituras sobre a diversidade. Assim, sinto-me estimulada em criar mercados e mudar tendências. É um desafio estrutural intenso, mas volto ao título do texto que remete ao lindo verso de uma grande música de Cazuza: o nosso amor a gente inventa — e o mercado, também.
Afinal, o mercado não está fossilizado, embora algumas vezes nos dê a impressão de estar. Essa camada imutável é apenas uma noção superficial. Cavucando mais fundo, podemos enxergar a mutabilidade. Claro, esse processo depende também de nossos esforços criativos, de pesquisas, de articulações, de convencimentos, da estruturação de projetos lúcidos e escaláveis.
Enfim, precisamos sonhar e criar com estratégia. Esse ímpeto ainda move montanhas e pode mover mercados.
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