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Fusão da Unilever ou rompimento da P&G?

Embora pareçam divergentes, os dois caminhos têm um objetivo comum: a redução de custos


21 de fevereiro de 2017 - 15h51

(*) Por Jack Neff, do Advertising Age

Na mesma semana em que a Kraft Heinz propôs a compra da Unilever em uma tentativa de colocar dois dos maiores anunciantes globais juntos, foi revelado que a Procter & Gamble tem um investidor ativo em sua porta que muitos acreditam que apontará para a direção de uma dissolução. O fundo de investimentos Trian, de Nelson Peltz, divulgou que acumulou um investimento na P&G que alcançou US$ 3,5 bilhões. Peltz estimulou grandes rupturas na Kraft Foods em duas ondas neste milênio: mais recentemente, com o spin-off de 2011 da Mondelez, e, em um movimento sem sucesso, empurrando a PepsiCo para separar-se da Frito-Lay.A lógica da separação vai em oposição a proposta de fusão da Kraft Heinz com a Unilever, que produziria um gigante com US$ 84,2 bilhões em vendas anuais — aproximadamente do tamanho da P&G antes da venda de uma série de 100 marcas estimulada por outro investidor ativo, Bill Ackman, da Pershing Square Holdings, há cinco anos.

O que está acontecendo aqui?
A resposta simples pode ser habilidade de jogo financeiro. Estes dois caminhos divergentes têm um objetivo: redução de custos. O empacotamento defende as “sinergias” que podem ser alcançadas centralizando a força de trabalho de duas empresas e eliminando redundâncias; a quebra leva a criação de uma organização menor com custos mais baixos – além de fazer as partes mais acessíveis para que outro conglomerado entre e compre-as.Curiosamente, a P&G bateu a Unilever, juntamente com as rivais Colgate-Palmolive e Kimberly-Clark, no crescimento orgânico das vendas no último trimestre. Foi o segundo trimestre consecutivo de um desempenho surpreendentemente forte para a P&G e de decepções das concorrentes após uma década de superação da gigante sediada em Cincinnati.

Os sinais recentes de uma reviravolta da P&G podem ter realmente incentivado Peltz a se envolver, disse um analista, uma vez que fornecem um impulso que poderia limitar o risco de queda, bloquear os lucros e aumentar a aparência de uma intervenção bem sucedida.Trian se recusou a comentar. Um porta-voz da P&G disse que a empresa dá as boas-vindas a todos os novos investidores, mas se negou a dizer se tinha conversado diretamente com Peltz. A participação de Trian certamente será discutida na reunião do Consumer Analyst Group desta semana em Boca Raton, na Flórida, onde a P&G fará uma apresentação.

Em última análise, as empresas onde Peltz assumiu uma participação foram melhores com sua entrada, crescendo mais rápido e ficando mais rentáveis, separando-se ou não, incluindo Kraft, PepsiCo e Cadbury, disse Ali Dibadj, analista da Bernstein Research.

O próximo provável passo, com base no histórico da Trian na PepsiCo, é um white paper detalhando o caso da separação da P&G, a exploração de opções de fusão e aquisição, além de sugestões de ganhos de produtividade e redução de custos ou ainda a contratação de novos gerentes, disse o analista do Deutsche Bank William Schmitz.

Ele está entre os céticos sobre uma teoria da dissolução ou de grande impacto de Peltz. Para a P&G seria melhor, disse ele, “não arrancar mais custos ou introduzir mais engenharia financeira”, pois já está em sua segunda rodada de US$ 10 bilhões em cortes de custos. “Três negócios de US $ 20 bilhões não são mais ágeis do que um negócio de US$ 70 bilhões”, afirma. “Os desafios de crescimento exigem muito mais do que os membros ‘celebridades’ da diretoria e economia de custos mais agressiva”, conclui.

A analista da Morgan Stanley Dara Mohsenian disse em uma nota que até três peças de uma P&G quebrada ainda seriam grandes demais para torná-las alvo de aquisição, o que limitaria os ganhos dos investidores. E mais: que a P&G não tem uma “joia da coroa” óbvia para vender para obter ganhos rápidos.

Tradução: Teresa Levin

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