Renda de migrantes aquece Nordeste

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Renda de migrantes aquece Nordeste

Estudo identifica oportunidades com retorno dos nordestinos aos Estados de origem


4 de agosto de 2014 - 3h31

De acordo com o estudo “Brasil, Brasis: regionalização do Nordeste”, realizado pela Plano CDE, empresa especializada em pesquisa e inovação com foco no universos das classes populares, migrantes nordestinos que foram atrás de oportunidades de vida melhor em outras regiões, principalmente no Sul e Sudeste do País, já começaram a retornar para seus Estados de origem.

Segundo Luciana Aguiar, antropóloga e sócia-diretora da empresa, a movimentação que tem ganhado força a cada ano, abre oportunidades de mercados ainda não exploradas e que precisam de melhores direcionamentos quanto à estratégia de negócio. No período entre 2005 e 2010 mais de 350 mil migrantes voltaram, sendo os Estados com maior participação nesse movimento o Ceará, com 43,6%, Paraíba, com 40,8% e Piauí, com 39%.

“Muitas famílias foram para outras regiões, já formaram sua riqueza e decidem voltar para sua terra natal, sua cidade, próxima aos demais familiares”, explica. Ela conta que essa movimentação tem ajudado na construção de uma nova cultura na região, já que esses migrantes que voltam a casa levam consigo pensamentos e conhecimentos que aprenderam em outros locais. Isso favorece o empreendedorismo na região, que tem ganhado diversos negócios em cidades do interior, como lojas de café. Além disso, iniciativas de venda direta de empresas como Avon e Jequiti têm ajudado a fomentar o trabalho informal, dando instrumentos para o nordestino começar a empreender. 

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Tudo isso se deve às transformações pela qual a região passou, principalmente, nos últimos dez anos, com o aumento da população com idade economicamente ativa e políticas públicas direcionadas para a região. O investimento de empresas multinacionais, brasileiras e regionais na região também são fatores que explicam o aumento da renda da população, assim como a ascensão da classe C, repetindo o cenário nacional.

Mas, segundo a diretora, ainda há muito trabalho a ser feito. “Vivemos o começo de uma transformação social e econômica local que está crescendo, mas ainda há regiões que demandam muita atenção e ampliação de iniciativa”, comenta. Ela conta que é preciso que as empresas entendam que apesar de o Nordeste ser uma única região, é muito peculiar e precisa de atenção especial. “A empresa não pode chegar no Estado e tentar vender como em São Paulo. Não funciona. Nestle e Kraft, por exemplo, lançaram produtos específico para o consumidor do Nordeste”, conta.

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Oportunidades
As oportunidades na região, segundo o estudo que foi feito com base em dados do IBGE e Pnad (Programa Nacional por Amostra de Domicílios), estão colocadas para as marcas com alguns desafios. Além de uma construção de marca diferenciada do que das demais regiões do Brasil, Luciana defende que as empresas deverão, também, colocar a mão na massa. “A agriculta de sempre, hoje demanda outras necessidades, como mão de obra qualificada. Isso é um processo que a própria indústria deverá trabalhar, já que a iniciativa pública não resolveu”, comenta. Luciana explica que as oportunidades não estão apenas no consumidor, mas também na possibilidade de parcerias de negócios, fomentando ainda mais o desenvolvimento e a economia local.

Com 90% da população correspondente às classes média e baixa, o Nordeste, ao contrário do restante do Brasil que tem cerca de 55% da população inserida na classe C, ainda mantém maior parte de sua população na zona dos mais pobres. São 23,7 milhões de pessoas nas classes D e E, classificados como vulneráveis, pobres e extremamente pobres; frente a 18,5 milhões na classe C. “Se a renda continuar crescendo como tem acontecido nos últimos anos, logo teremos as classes D e E migrando para a C. E se as marcas querem criar identidades com os nordestinos precisam começar a olhar mais para esse contingente, que é bem maior que classe C e principalmente que a classe alta, que é mínima na região”, diz.  

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