A AI tá aí
A Artificial Intelligence é uma realidade e mais uma vez não poderia ficar fora do Festival de Cannes
A Artificial Intelligence é uma realidade e mais uma vez não poderia ficar fora do Festival de Cannes
19 de junho de 2018 - 15h30
A Inteligência Artificial está em pauta faz tempo. Mas há a sempre aquela impressão de que é um assunto do futuro, quase ficção científica. Não é mais. A AI (Artificial Intelligence) é uma realidade. E isso está claro em qualquer festival de inovação e mais uma vez não poderia ficar fora do 4Festival de Cannes: são dezenas de palestras, workshops, fórum e trabalhos nessa área.
A AI é mais revolucionária que o fogo e a eletricidade. É isso que diz ninguém menos que o CEO do Google, Sundar Pichai. E pegando carona nessa informação, fica fácil de entender o papel da AI na vida dos seres humanos. Diferente do que vemos nos filmes de Hollywood, onde a AI é uma ameaça para nós, a AI é um potencializador da capacidade humana.
Alguns exemplos atuais já chamam a atenção. Circula pela Internet um vídeo do Google, em que vemos uma secretária virtual marcar um corte de cabelo para o seu “patrão”. Sim, um computador que cruza dados de sua agenda, liga para o salão de cabelereiro e encontra a melhor data. Parece uma conversa normal, mas é AI. Outro exemplo são os álbuns de fotos virtuais. Eles já reconheciam o rosto das pessoas por face recognition, mas agora são capazes de classificar uma fotografia por sentimento analisando expressões e linguagem corporal, tudo isso para organizar suas fotos de um jeito inteligente e, ironicamente, mais humano.
Há um lado ruim nisso tudo que é a questão do emprego. Se existe uma máquina capaz de te indicar os melhores restaurantes com base no seu gosto, ligar lá e fazer uma reserva, por que mesmo você precisaria de um concierge? É por isso que é importante se adaptar rápido para tirar proveito da AI e descobrir onde o ser humano se insere nessa nova realidade. Teremos mais assistência, mais tempo livre, mais produtividade. Sem erros, sem variações de performance, sem sentimentos, sem gripe. Se a revolução industrial criou a linha de produção dando ao homem um papel secundário, a AI vai tirar o homem em definitivo do trabalho repetitivo.
A primeira fase da Inteligência Artificial foi quando ensinamos as máquinas a pensarem como humanos. A segunda foi o Machine Learning. Nessa fase, as máquinas começaram a criar critérios quando alimentadas com milhões de dados e estatísticas. Um exemplo interessante foi quando uma máquina conseguiu acertar com 94% de precisão o resultado da final dos jogos universitários de basquete americano. Mas agora estamos entrando na 3ª fase: o Deep Learning.
No Deep Learning, as máquinas começam a pensar de um jeito mais análogo ao humano. Antigamente, para um computador saber que um gato era efetivamente um gato, era preciso alimentá-la com milhares de fotos de gatos. Hoje, com o Deep Learning, parâmetros básicos são estabelecidos sobre os dados, treinando o computador para aprender sozinho. Nesse caso, ele só precisa ver a perna de um gato para saber que se trata mesmo de um gato.
Com o aprimoramento da AI, a análise de padrões foi acelerada e amplificada, resultando em aplicações mais sofisticadas. Ou seja, hoje a máquina consegue pensar mais próximo de um ser humano, analisando e repetindo padrões pré-estabelecidos até chegar em um resultado novo nunca antes executado. Do memo jeito que esportistas inovam fazendo jogadas, dribles, saques e outros movimentos inéditos, as máquinas também poderão criar.
Computadores vão conseguir chegar em resultados nunca antes pensados, como no caso do programa de inteligência artificial AlphaGo, que venceu a partida de GO contra o imbatível jogador chinês Ke Jie, considerado o melhor do mundo nesse jogo de tabuleiro. Estamos vivendo o Black Mirror. Já é possível “se alimentar” de toda a obra de Eça de Queiroz para criar um livro póstumo cruzando tudo que foi aprendido. Em breve vai ser possível se consultar com Freud, discutir física quântica com Einstein e até mesmo aprender a rebater uma bola com Barry Bonds.
Na comunicação, nossa área, isso vai ficar cada vez mais avançado. Hoje o desdobramento de mídia display já é feito de forma automatizada, onde o computador pode gerar mais de 500 layouts diferentes partindo de um original.
A Adobe vem trabalhando em um novo algoritmo para sua plataforma de Experience Clould. Atenção, diretores de arte: em breve será possível chegar em um key visual por meio de um rascunho, já que o computador vai se encarregar de encontrar as imagens orientadas pelo desenho e fazer a montagem completa do layout final.
Em muito breve, vamos viver a era do Direct em Real Time. Mensagens personalizadas para clusters diversos, totalmente individualizadas, levando em consideração gostos, hábitos, localização, tempo, época do ano, clima, horário, percurso, interesse e tudo mais que for preciso para acertar na mosca cada consumidor em potencial. E quem sabe ainda seja possível fazer tudo isso usando o estilo criativo de Bill Bernbach.
Sartre dizia que não dá para saber como um amor, uma carreira e uma revolução vão acabar. A revolução da Inteligência Artificial está só começando. Podemos fazer parte dela, usando tudo o que estiver a disposição para facilitar nossa vida e produzir um trabalho melhor. Ou podemos sentar e esperar pelo apocalipse.
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