Diário de Cannes
Aleluia!
Bozama profetizou que pessoas mais felizes no trabalho farão uma sociedade melhor
Bozama profetizou que pessoas mais felizes no trabalho farão uma sociedade melhor
23 de junho de 2022 - 12h44
Foi evocando suas idas à igreja na infância que Bozoma Saint John começou o seu talk. Em menos de um minuto, a sua energia deixou todo mundo inquieto. A única imagem que ela mostrou ao longo de sua apresentação foi uma coleção de manchetes marcando suas várias mudanças ao longo da carreira. E o seu recado era sobre isso.
Mudar de emprego muitas vezes é tratado de maneira simplória, levando em consideração apenas questões como qual lugar vai te oferecer o melhor salário, oportunidades, perspectivas e reconhecimento.
Tem um elemento que as pessoas não costumam conversar abertamente e é tão fundamental quanto todos os outros: a felicidade.
Bozoma nos provocou a pensar na nossa felicidade no trabalho de maneira direta e reta. Um sentimento que dificilmente trazemos pra mesa na hora de negociar um novo emprego, como se isso estivesse dissociado do mundo corporativo e fizesse parte apenas da nossa vida pessoal. Ao contrário do que a série Ruptura retrata em sua realidade paralela onde consciências e memórias são divididas entre trabalho e casa, na vida real é bem diferente.
Venho de uma geração em que fui ensinado a agradecer o fato de ter um emprego. E é claro que dentro do contexto da nossa sociedade desigual, isso tem uma dolorosa dose de verdade e precisa
ser levado em consideração. No entanto, também traz uma submissão mascarada de oportunidade. De alguma maneira, esse tipo de cultura enraizada nos faz pensar que não temos o direito de questionar, de escolher, ou, de simplesmente, mudar. Temos que tolerar,
aceitar, agradecer.
O discurso dela foi enfático: se você não está feliz, mude. Peço licença aqui para fazer a minha interpretação desse convite à mudança. A mudança não significa necessariamente mudar de empresa, também pode significar mudar a própria empresa ou a sua relação com ela.
Todos conhecemos histórias inspiradoras de pessoas que revolucionaram um negócio, um produto, uma sociedade ou o mundo. Mas, dificilmente, nos colocamos como agentes dessa transformação, esperando que alguém construa a empresa que está nos nossos sonhos.
Acontece que ninguém vai trabalhar em função dos nossos sonhos, senão nós mesmos. E por mais difícil que seja nos posicionarmos num ambiente profissional, é nossa responsabilidade lutar por
aquilo que nos fará felizes no trabalho.
Pessoas felizes fazem um trabalho melhor e isso faz os clientes felizes. Não dá pra fazer alguém feliz antes de sermos felizes, nem na vida pessoal, nem na profissional. É uma questão de negócio.
Bozama foi além, profetizou que pessoas mais felizes no trabalho farão uma sociedade melhor. Oremos.
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