Áudio x Privacidade de Dados
As implicações desses questionamentos são múltiplas e, não necessariamente, eu tenho respostas
As implicações desses questionamentos são múltiplas e, não necessariamente, eu tenho respostas
19 de junho de 2023 - 13h11
No meu primeiro artigo como colaborador do Diário de Cannes, escrevi sobre o evento ser uma oportunidade de networking borbulhante e incrível. Nesse mesmo dia, um executivo de uma empresa de mídia me perguntou para checar, em português com a tripulação do embarque no aeroporto, se o nosso portão do voo realmente era o portão para o voo para Nice.
Tá, mas o que isso tem a ver?
Acontece que ele trabalha com mídia programática e é um dos palestrantes aqui em Cannes para um evento da TrustX, uma das empresas líderes em mídia programática no mundo, e me convidou para um evento onde ele falou sobre a importância da privacidade e da proteção dos dados dos consumidores.
E onde entra o áudio nisso?
Recentemente, vimos uma música do “Drake”, chamada de “Not a Game” viralizar em plataformas de música. Acontece que a música não era do Drake, e sim de uma inteligência artificial operada por uma pessoa com o intuito de criar uma música que soasse identicamente ao artista. A música gerou monetização por um curto período de tempo para a pessoa que criou a música e não para o artista, ou seja, o artista deixou de receber e outra pessoa se beneficiou do uso da sua voz.
Também vemos cada vez mais a popularização de ferramentas que criam modelos de vozes idênticos ou muito próximos às vozes reais, como o case que virou shortlist, neste ano, em rádio & áudio do Tik Tok Brasil chamado de Galvão Bueno Million Voices onde a voz do narrador mais famoso do nosso país foi recriada para o TikTok (Agência Galeria | Loud+ | Satélite Áudio | Prodigo Films) de forma que qualquer pessoa pudesse narrar os seus vídeos com a voz do Galvão Bueno.
Cito esses dois exemplos, mas os casos são inúmeros. No primeiro um uso ilegítimo da voz, no segundo um uso legítimo e autorizado. Minha pergunta é: como iremos proteger os nossos dados futuramente? Como iremos saber que quando uma pessoa nos liga é realmente ela falando? Como saberemos que uma música é realmente feita por aquele artista e não por outra pessoa? As implicações desses questionamentos são múltiplas e, não necessariamente, eu tenho respostas.
Além disso, temos a questão de como as empresas usam a nossa voz. Com ferramentas cada vez mais potentes de análise de áudio e termos de uso cada vez mais longos em aplicativos (dos quais, ninguém lê), sabemos como as empresas estão utilizando o que falamos, ouvimos e tocamos?
É, nem eu achava que logo no primeiro dia do evento já teria tanto assunto aqui, sorte ou acaso, como falei Cannes é o lugar onde questionamentos e oportunidades acontecem.
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