O que Cannes Lions pretende fazer para coibir peças fantasma?

Bárbara Sacchitiello
30 de junho de 2025 - 6h02

(Crédito: Reprodução)

A crise gerada pelo case “Economia Eficiente de Energia”, da DM9 para a Consul, que foi cassado pelo festival pouco mais de uma semana depois da receber o Grand Prix de Creative Data, deve mudar as regras da principal premiação criativa do mundo.

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Ao anunciar, na sexta-feira, 27, que retiraria o Grand Prix e o Leão de Bronze entregues à DM9 por esse case, após constatar manipulação no videocase, o Cannes Lions também divulgou algumas medidas que pretende adotar para evitar problemas semelhantes no futuro.

“O Cannes Lions introduzirá uma série de medidas aprimoradas para garantir que os prêmios permaneçam robustos na era do conteúdo sintético, da mídia e da IA generativa”, promete a organização do festival.

A menção à inteligência artificial se deve ao fato de que foi pela tecnologia que a DM9 introduziu no videocase informações irreais, com a ideia de atestar a repercussão e veracidade do projeto.

Um dos exemplos mais claros foi a distorção de reportagem da CNN Brasil, originalmente exibida em 2021. No vídeo enviado a Cannes, foi trocada a chamada e inserida uma narração para simular que a matéria falava sobre o case da Consul, o que não aparece na reportagem original.

Quais medidas a organização do festival irá tomar?

O festival comunicou que, a partir dos acontecimentos deste ano, criará um Código de Conduta mais aprimorado, que deverá ser assinado por todas as organizações participantes do evento, incluindo agências, anunciantes e produtoras.

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Nesse novo código estará, entre outras determinações, a de que as agências e anunciantes informem quando a inteligência artificial for utilizada como parte do processo de inscrição dos cases.

Quem não avisar que aquela inscrição ou trabalho contam, de alguma forma, com uso de inteligência artificial, terá seu caso desqualificado e retirada dos julgamentos da premiação.

Apesar de exigir a infmação de quem utilizar IA nos trabalhos, a organização também contará com métodos próprios para verificar a presença da tecnologia.

A organização comunicou que poderá usar ferramentas de detecção para identificar filmes e eventuais materiais que tenham sido alterados ou manipulados com inteligência artificial.

Essas checagens serão feitas, segundo o festival, por um comitê de revisão dedicado, composto por especialistas em IA, ética e integridade de conteúdo.

As medidas serão apoiadas, promete a organização, por procedimentos formais de execução, “incluindo potencial desqualificação, divulgação pública ou retirada do prêmio, quando necessário”.

O Cannes Lions enfatizou que essas aprimoradas medidas têm a proposta de reforçar o compromisso do festival em “homenagear trabalhos que mantenham os mais altos padrões de verdade, imparcialidade, transparência e excelência criativa.”