Como identificar – e prevenir – o burnout dentro das agências
Líderes de empresas criativas internacionais compartilharam com o Advertising Age medidas para evitar o esgotamento mental das equipes
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Meio & Mensagem
4 de agosto de 2021 - 12h16
*Do Advertising Age
(Crédito: Ajijchan/istock)
O mundo da publicidade nunca dorme. Essa frase pode até ter sido usada por muitos anos para definir a intensidade do trabalho da indústria criativa, mas depois de um ano com as fronteiras entre trabalho e casa rompidas, a preservação da saúde mental tem se tornado primordial na manutenção das equipes e também no relacionamento com os clientes. Todas as dificuldades do home office, como os animais de estimação interrompendo reuniões no Zoom, a tarefa de acompanhar o ensino à distância dos filhos em meio à rotina de trabalho, associados ao aumento do tempo passado dentro de casa, ao isolamento, medo e agitação social, podem estar cobrando seu preço. E no fim, do dia, quando parece que chegou a hora do descanso, as notificações de celular e e-mail continuam aparecendo.
As atuais condições de trabalho impostas pela pandemia foi um dos temas debatidos na Small Agency Conference, evento anual do Advertising Age, nos Estados Unidos, que debate o universo das pequenas agências de publicidade. Durante a programação, lideres de diferentes empresas deram dicas de como vêm tentando preservar a saúde mental de seus colaboradores e prevenir casos de burnout (o esgotamento mental).
Coloque-se à frente do seu trabalho
Reconhecer os sinais do burnout e reservar um tempo para investir no bem-estar pessoa é o primeiro passo na jornada de construção um ambiente de trabalho mais saudável. Embora isso seja mais fácil na teoria do que na prática, uma boa forma de começar é estabelecer limites e tempo para as atividades.
Talvez a prática de exercícios ou a busca por conforto espiritual ajudem a acalmar. Ou, então, a saída pode ser uma sessão de terapia semanal. Praticar o autocuidado de forma consistente é fundamental para evitar o burnout e o tempo reservado para isso também é fundamental. Em sua apresentação na conferência, Elizabeth Rosenberg, da The Good Advice Company, detalhou como chegou ao colapso por conta do excesso de trabalho e como, a partir disso, começou a oferecer ajuda financeira aos colaboradores para que eles investissem em métodos de relaxamento ou em treinamentos para lidar com o stress. Segundo ela, é necessário marcar hora na agenda para essas atividades – e não pulá-las por outros compromissos ou reuniões.
Investir em si mesmo também significa estender o mesmo respeito aos limites das outras pessoas. Liderar pelo exemplo e ter empatia pelos altos e baixos dos funcionários não irá gerar somente um local de trabalho mais saudável, mas também mais bem-sucedido.
Escolha pessoas em vez de lucro
Para cultivar uma equipe forte e moralmente ética, as agências devem estar abertas a mudanças e inovação. Ajustes simples nas programações semanais ou no protocolo das reuniões podem fazer uma grande diferença e garantir que o time tenha tempo e energia para entregar um trabalho de mais qualidade.
“Nos últimos dois anos, construímos o avião ao mesmo tempo em que pilotávamos”, contou Rosenberg. “A realidade é que a forma como trabalhamos e a maneira como as pessoas reagem ao trabalho – e a resistência que elas vêm tendo a essa rotina diária – nos forçará a uma mudança. Então, estar na vanguarda dessa transformação colocará a empresa em um lugar melhor”, completou.
A executiva sugere, por exemplo, que os líderes de empresa não marquem reuniões às sextas-feiras, permitindo que as pessoas trabalhem ao longo daquele dia sem interrupções, o que ajuda a manter o foco e diminuir a sensação de sobrecarga de trabalho ao fim da semana. Outra ideia é tentar evitar a marcação de várias reuniões no mesmo dia, o que pode causar caos e ansiedade.
Rosenberg e também Paulo Carvajal, da Noble People (que também participou da conferência) destacaram a importância de manter um senso de comunidade e dar feedback. Rosenberg, por exemplo, implementou um sistema de classificação do humor de sua equipe: no começo de cada reunião, os participantes definem, em uma escala de 1 a 5, como está seu estado emocional naquele momento. Já Carvajal costuma ter conversas individuais frequentes com sua equipe, sem marcar na agenda. A ideia é ouvir reclamações, conversar sobre as férias e experiências e, com isso, criar um ambiente de conforto para que as pessoas se sintam confortáveis a falarem sobre esgotamento ou problemas profissionais.
“A primeira maneira de identificar o burnout é me mostrando vulnerável. Dessa forma, isso dá aos funcionários a abertura para dizer “Bem, se ela está se sentindo dessa forma, eu também posso estar do mesmo jeito”, declarou Dawn Wade, da Nimbus, também durante o evento.
Valores compartilhados
O tratamento da questão do burnout também deve ser estendido a quem trabalha com a agência. Notícias de última hora e o fato de querer aproveitar rapidamente as tendências que aparecem podem gerar nos clientes uma onda de expectativas e de demandas ininterruptas. Respeitar os limites também fora da agência é algo importante. “Posso dizer sim aos projetos com os quais quero trabalhar e não aos que não quero. E as diretrizes são decididas de antemão, com todos os envolvidos e eles têm sido muito respeitosos com isso”, declarou Rosenberg.
Wade, da Nimbus, falou sobre a importância de contar com clientes que tenha valores que estejam alinhados com a agência. Quando as questões sobre justiça racial nos Estados Unidos tomaram grandes proporções, no ano passado, a Wade, uma agência multicultural, foi chamada para lidar com várias demandas de treinamentos, comunicados e campanhas em torno do assunto, mas ela declarou que nem todos os clientes estavam dispostos a trabalhar.
A maneira mais importante de prevenir o burnout, de acordo com os especialistas, é tratar a si mesmo – e a toda a equipe – como seres humanos. Comunidade e empatia são essenciais para promover uma comunicação mais aberta dentro das agências, garantindo que cada membro da equipe tem apoio para realizar seu melhor trabalho. “Vivemos e trabalhamos em uma indústria que prega que trabalhar mais significa trabalhar melhor. E esse, definitivamente, não é o caso”, declarou Rosemberg.
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