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Faculdades de comunicação debatem acesso étnico-racial

Das cinco instituições mais bem avaliadas pelo mercado, apenas Universidade de São Paulo possui política de acesso para alunos pretos e pardos


20 de novembro de 2019 - 11h56

Crédito: PeopleImages/iStock

Pela primeira vez na história do Brasil, as faculdades federais contam com mais alunos negros do que brancos, alcançando uma possível representatividade da real divisão étnico-racial brasileira. Isso é fruto, indicam especialistas, de fatores que incluem ascensão da classe média e políticas afirmativas de inclusão, adotadas inicialmente pelas federais e, posteriormente, também por diversas universidades estaduais do País.

De acordo com o Ranking Universitário da Folha (RUF), Mackenzie, USP e Cásper Líbero dividem o primeiro lugar do ranking de preferência de contratação no mercado – as informações são coletadas pelo Datafolha entre os empregadores com uma série histórica de três anos. Na sequência aparecem PUC-RS e PUC-PR.

Das cinco, apenas a USP possui um programa de cotas de acesso voltado ao público negro. A iniciativa começou em 2015, quando a universidade passou a adotar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como uma das formas de entrada, momento em que unidades da instituição passaram a reservar parte das vagas disponíveis pelo sistema à população autodeclarada preta, parda ou indígena.

Em 2018, entretanto, as cotas passaram a fazer parte, também, da Fuvest. Nesta via, as cadeiras são divididas em 60% para a ampla concorrência e 40%, para os estudantes que tenham cursado de forma integral o Ensino Médio em escolas públicas do Brasil.

“Dentre essa reserva para estudantes de escolas públicas, 37,5% das vagas devem ser destinadas para pretos, pardos e indígenas, correspondendo à proporção destas populações no estado de São Paulo”, explica Cibele Araujo Camargo Marques dos Santos, presidente da Comissão de Graduação da Escola de Comunicação e Artes. “A meta da USP é de que, até 2021, 50% dos seus estudantes tenham cursado o ensino médio em escola pública”, destaca.

A USP não possui um programa de permanência exclusivo para alunos negros. Conta, entretanto, com o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil. Entre os auxílios do modelo estão: vaga em quarto no Conjunto Residencial da USP, auxílio-moradia, auxílio-alimentação, auxílio-livro e auxílio-transporte nas unidades fora da capital. Além de diversas modalidades de bolsas de estudo.

A ausência de políticas de cotas em outras instituições não implica, entretanto, uma estagnação no perfil das universidades. Cásper e PUC-RS afirmaram observar um aumento do público negro em suas cadeiras.

Welington Andrade, diretor da Faculdade Cásper Líbero, credita isso “às condições socioculturais mais favoráveis à população negra vividas nos últimos anos, a partir da adoção de políticas afirmativas e de uma maior conscientização da sociedade brasileira a esse respeito”.

A Cásper realiza há dois anos um questionário étnico-racial com alunos ingressantes no curso de jornalismo. Esse documento deve ter dados consolidados nos próximos anos e passará a ser adotado em todos os cursos oferecidos pela instituição.

Coletivo Africásper busca adoção de cotas de acesso à população negra dentro da Faculdade Cásper Líbero. (Crédito: divulgação)

Dentro da Faculdade, o coletivo Africásper busca junto à diretoria a implementação de reserva de vagas para negros nos cursos que oferece. Segundo a presidência da organização, a expectativa é que a medida seja adotada já no vestibular 2020.

Para Welington, entretanto, “em um primeiro momento, não pensamos em adotar uma política de cotas. Mas estamos conversando com o coletivo negro da Cásper – o Africásper – que também é reflexo desse novo momento, e com o Centro Acadêmico Vladimir Herzog para ouvir a proposta deles a respeito”, finaliza.

Visando aumentar a permanência de alunos de baixa-renda dentro da faculdade, a Cásper mantém bolsas de estudo que vão de 25% a 100%.

Na PUC-RS, Ana Benso, diretora acadêmico-administrativa da instituição, afirma que, apesar do crescimento no número de alunos negros, a presença de pretos e pardos ainda está aquém da representatividade populacional brasileira. “Os programas e bolsas de incentivo ao ensino superior foram, sem dúvida, os grandes responsáveis (pelo crescimento)”, afirma.

A universidade também não possui programas de permanência voltadas exclusivamente ao público negro, mas mantém vias voltadas ao público discente de forma geral, como o PUCRS Carreiras, que auxilia os alunos para o ingresso no mercado de trabalho; o Centro de Atenção Psicossocial; os Laboratórios de Aprendizagem e de Necessidades Educacionais Específicas, entre outros.

“Além disso, temos atividades que possibilitam iniciativas importantes direcionados à população negra, como o Seminário Juventudes Negras e Políticas Públicas. O evento, que está na sua sexta edição, promove vivências de elementos da cultura negra e reflexões sobre a inserção dos negros na sociedade brasileira, na perspectiva dos direitos humanos”, afirma Benso.

O Mackenzie afirmou, por sua vez, que não possui dados sobre o perfil étnico-racial de seus estudantes de comunicação. Já a PUC-PR não respondeu aos questionamentos sobre o tema.

*Crédito da imagem no topo: Chris Ryan/iStock

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