Meio & Mensagem
22 de fevereiro de 2016 - 11h05
Atualizada às 18h15
Responsável pelas campanhas eleitorais de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, da presidente Dilma Rousseff (de 2010 e 2014) e também pela campanha que deu a Fernando Haddad a vitória na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2012, o jornalista João Santana é alvo de investigação em uma nova fase da Operação Lava-Jato.
Intitulada “Acarajé”, a operação, que investiga os esquemas de corrupção da Petrobras, levou a Polícia Federal até o apartamento de João Santana, em Salvador, para cumprir ordens de busca e apreensão. De acordo com a Folha de S.Paulo, Santana está na República Dominicana, onde trabalha na campanha de reeleição do atual presidente do país, Danilo Medina.
A Polícia Federal possui um mandado de prisão temporária para o marqueteiro, que é fundador da Polis Propaganda, empresa que assina as campanhas eleitorais. Segundo a Folha, também houve busca e apreensão no outro apartamento que Santana mantém na região metropolitana da capital baiana, em Camaçari. A operação “Acarajé” investiga supostos pagamentos irregulares feito pela empreiteira Odebrecht ao jornalista. Os escritório da Odebrecht em São Paulo, Rio de Janeiro e na Bahia também estão sendo vistoriados pela Polícia Federal.
Na semana passada, o nome de João Santana passou a ser citado na Operação quando vieram a tona denúncias de pagamentos que teria recebido, no ano de 2014, da Odebrecht. Após a publicação da reportagem, advogados de Santana pediram acesso à investigação. A solicitação, porém, foi negada pelo juiz Sergio Moro, que alegou que tal acesso poderia colocar em risco o rastreamento das provas que a Polícia Federal necessita. Em seguida, a defesa de Santana enviou uma resposta, declarando que ele estaria disposto a prestar depoimento assim que fosse convocado.
Além das campanhas de Lula, Dilma e Haddad, Santana também trabalhou nas disputas eleitorais de outros candidatos do PT e também participou de campanhas fora do Brasil. Ele foi responsável pelo desenvolvimento das estratégias de marketing político das campanhas presidenciais de Hugo Chavez, na Venezuela (em 2012), José Eduardo Santos , em Angola (2012), José Domingos Airas, no Panamá (2014), Mauricio Funes, em El Salvador (2009) e pela primeira eleição de Danilo Medina, na República Dominicana, em 2012.
Abandono da campanha
Na tarde desta segunda-feira, 22, João Santana divulgou uma carta ao comitê da campanha eleitoral do presidente e candidato à reeleição na Républica Dominicana, Danilo Medina. No texto, o jornalista pede seu desligamento da função em virtude dos acontecimentos que envolvem seu nome no Brasil.
Na carta, escrita em espanhol, Santana disse que foi acordado com a notícia de seu nome estaria vinculado a suposta trama de financiamento de campanhas políticas no Brasil e que, por conta do clima de perseguição que toma conta do País atualmente, ele não poderia dizer que se sente surpreso pela denúncia. Ele pede seu desligamento das funções de marqueteiro oficial de Medina para, assim, poder defender-se das "acusações infundadas" que lhe fizeram diretamente do Brasil.