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No lugar errado, na hora errada

Nesta semana, anúncio subaquático do iPad ficou ao lado de avião que caiu no mar e spot do Metrô pediu ?xavecada? em tempos de ataques de molestadores


27 de abril de 2014 - 10h47

 Há algo de errado com uma semana em que um banner que divulgava o iPad, e que mostrava uma imagem do fundo do mar, ficou postado ao lado de uma reportagem do New York Times que revelava que o avião da Malaysia Airlines caiu no Oceano Índico.

Ela fica mais errada ainda quando um merchandising feito pelo humorista Gavião na Transamérica faz uma piada que defende o metrô de São Paulo como um bom lugar para uma “xavecada”, isso em uma semana em que os casos de molestadores sexuais no transporte público continuam nas manchetes.

Embora os dois casos sejam bem distintos quando se considera a origem do problema, a mídia e até o país de veiculação, eles têm em comum o fato de que estavam no lugar errado e na hora errada. Os profissionais envolvidos parecem ter se esquecido do lema “Se o conteúdo é o rei, o contexto é Deus”. “Nas duas situações, é clara a falta de atenção ao contexto que se forma em volta das notícias e assuntos que estão na mídia”, afirma Alexandre Ugadin, vice-presidente de mídia da FCB Brasil.

No caso da Transamérica, afirma o executivo, “a veiculação do spot foi muito infeliz, ingênua e tão mal contextualizada quanto a da Apple”. Ugadin diz que a emissora não poderia ter brincado com o assunto em uma semana em que o Fantástico dedicou um bom tempo para falar da questão do assédio sexual dentro dos trens.

Head de estratégia da R/GA, Fabiano Coura acredita que o erro ocorreu desde o começo, quando se concebeu a ideia. “Isso seria inadequado mesmo que não houvesse o contexto. Existem tantos outros atributos para se tratar em torno da marca que eu acho falta de sensibilidade pegar um assunto como esse para explorar. A ação não foi vítima do contexto, mas da própria ideia”, acredita.

O Metrô decidiu processar a Transamérica por ter veiculado o merchanding, e os dois lados garantiram que a peça não foi aprovada nem pelo cliente e nem pela agência, a Nova/SB. Mas fica a dúvida: se o humorista fez, é porque teve espaço. “Assim como é certo que a agência precisar da certificação do Cenp para abrir as portas, é certo que existe um processo pelo qual ela defende um caminho e o cliente apoia. Em algum momento, abriu-se espaço para que esse texto fosse feito”, afirma Coura.

Já sobre o outro caso de repercussão da semana, o do New York Times, ele acredita mais em um fatalidade. Coura diz que, provavelmente, houve distribuição automática via Google Display Network e que, pelo tamanho da campanha, seria impossível controlar cada detalhe. Isso, diz, já aconteceu e vai acontecer muitas vezes ainda.

“Mas serve como recado. Hoje em dia, as notícias, especialmente quando envolve tragédias, sensibilizam as pessoas mais rápido do que antes, por conta das redes sociais. Então, se existe algo em sua campanha com potencial para dar problema, tem que se revisar imediatamente o que está no ar. No caso do avião, a ordem deveria ser “não vamos falar de água nos próximos dois meses””, analisa.

Para Ugadin, houve um erro grave de processo. “Foi uma tremenda falta de comunicação entre o comercial e o editorial, pois a veiculação de um formato grande na home com certeza não foi gerada por uma compra programática. Gostaria de ter a certeza que o criativo quis mostrar mergulhadores no fundo do mar para ilustrar um feature do produto, caso contrário foi uma coisa de muito mau gosto”, diz.

wraps

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 Há algo de errado com uma semana em que um banner que divulgava o iPad, e que mostrava uma imagem do fundo do mar, ficou postado ao lado de uma reportagem do New York Times que revelava que o avião da Malaysia Airlines caiu no Oceano Índico.

Ela fica mais errada ainda quando um merchandising feito pelo humorista Gavião na Transamérica faz uma piada que defende o metrô de São Paulo como um bom lugar para uma “xavecada”, isso em uma semana em que os casos de molestadores sexuais no transporte público continuam nas manchetes.

Embora os dois casos sejam bem distintos quando se considera a origem do problema, a mídia e até o país de veiculação, eles têm em comum o fato de que estavam no lugar errado e na hora errada. Os profissionais envolvidos parecem ter se esquecido do lema “Se o conteúdo é o rei, o contexto é Deus”. “Nas duas situações, é clara a falta de atenção ao contexto que se forma em volta das notícias e assuntos que estão na mídia”, afirma Alexandre Ugadin, vice-presidente de mídia da FCB Brasil.

No caso da Transamérica, afirma o executivo, “a veiculação do spot foi muito infeliz, ingênua e tão mal contextualizada quanto a da Apple”. Ugadin diz que a emissora não poderia ter brincado com o assunto em uma semana em que o Fantástico dedicou um bom tempo para falar da questão do assédio sexual dentro dos trens.

Head de estratégia da R/GA, Fabiano Coura acredita que o erro ocorreu desde o começo, quando se concebeu a ideia. “Isso seria inadequado mesmo que não houvesse o contexto. Existem tantos outros atributos para se tratar em torno da marca que eu acho falta de sensibilidade pegar um assunto como esse para explorar. A ação não foi vítima do contexto, mas da própria ideia”, acredita.

O Metrô decidiu processar a Transamérica por ter veiculado o merchanding, e os dois lados garantiram que a peça não foi aprovada nem pelo cliente e nem pela agência, a Nova/SB. Mas fica a dúvida: se o humorista fez, é porque teve espaço. “Assim como é certo que a agência precisar da certificação do Cenp para abrir as portas, é certo que existe um processo pelo qual ela defende um caminho e o cliente apoia. Em algum momento, abriu-se espaço para que esse texto fosse feito”, afirma Coura.

Já sobre o outro caso de repercussão da semana, o do New York Times, ele acredita mais em um fatalidade. Coura diz que, provavelmente, houve distribuição automática via Google Display Network e que, pelo tamanho da campanha, seria impossível controlar cada detalhe. Isso, diz, já aconteceu e vai acontecer muitas vezes ainda.

“Mas serve como recado. Hoje em dia, as notícias, especialmente quando envolve tragédias, sensibilizam as pessoas mais rápido do que antes, por conta das redes sociais. Então, se existe algo em sua campanha com potencial para dar problema, tem que se revisar imediatamente o que está no ar. No caso do avião, a ordem deveria ser “não vamos falar de água nos próximos dois meses””, analisa.

Para Ugadin, houve um erro grave de processo. “Foi uma tremenda falta de comunicação entre o comercial e o editorial, pois a veiculação de um formato grande na home com certeza não foi gerada por uma compra programática. Gostaria de ter a certeza que o criativo quis mostrar mergulhadores no fundo do mar para ilustrar um feature do produto, caso contrário foi uma coisa de muito mau gosto”, diz.

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Já sobre o outro caso de repercussão da semana, o do New York Times, ele acredita mais em um fatalidade. Coura diz que, provavelmente, houve distribuição automática via Google Display Network e que, pelo tamanho da campanha, seria impossível controlar cada detalhe. Isso, diz, já aconteceu e vai acontecer muitas vezes ainda.

“Mas serve como recado. Hoje em dia, as notícias, especialmente quando envolve tragédias, sensibilizam as pessoas mais rápido do que antes, por conta das redes sociais. Então, se existe algo em sua campanha com potencial para dar problema, tem que se revisar imediatamente o que está no ar. No caso do avião, a ordem deveria ser “não vamos falar de água nos próximos dois meses””, analisa.

Para Ugadin, houve um erro grave de processo. “Foi uma tremenda falta de comunicação entre o comercial e o editorial, pois a veiculação de um formato grande na home com certeza não foi gerada por uma compra programática. Gostaria de ter a certeza que o criativo quis mostrar mergulhadores no fundo do mar para ilustrar um feature do produto, caso contrário foi uma coisa de muito mau gosto”, diz.

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