O PR brasileiro está menos criativo?
O driver das mudanças na área está escondido: a mídia proprietária começa a se tornar um eixo propulsor da estratégia de relacionamento da marca com seus públicos
O driver das mudanças na área está escondido: a mídia proprietária começa a se tornar um eixo propulsor da estratégia de relacionamento da marca com seus públicos
Meio & Mensagem
15 de julho de 2015 - 9h21
Por Augusto Pinto
Uma notícia aqui no Meio & Mensagem nos trouxe a informação que “a categoria PR Lions proporcionou só 2 Leões para as agências brasileiras, o que indica uma queda em relação aos 7 faturados no ano passado, quando foi o melhor país da categoria”. Puxa, foi um desempenho ruim para o setor então? Vamos devagar com andor e colocar outras informações na mesa.
É fato que a mídia tradicional (jornais, revistas, on e off-line, etc) está se transformando e se reinventando, junto com todo o conceito de jornalismo, bem debaixo de nossos olhos. Vide o rádio, que é ouvido no celular ou no carro, e que se integrou perfeitamente à dinâmica das redes sociais e a tendência de jornalismo cidadão”. E a TV aberta já está para fazer o mesmo, pressionada pelas TVs fechadas e, principalmente, pelo streaming (até 2016, o Netflix terá mais audiência do que toda a TV aberta americana).
Paralelamente às “vacas magras” do PR brasileiro em Cannes 2015, a mesma matéria detectou também outras tendências, algumas delas muito interessantes: “O resultado da categoria mostra um setor em ascensão criativa: 50% dos prêmios foram para agências especializadas – sempre considerando também casos em que elas assinam a peça junto com a agência de publicidade. Em sete anos de PR Lions, parece que Cannes conseguiu engajar um setor que, em resposta, tem se envolvido em campanhas mais criativas e integradas”. Nas palavras da líder do júri da categoria, Lynne Anne Davis, da FleishmannHillard da Ásia: “A diferença de criatividade entre agências de PR e Publicidade não existe mais”.
Algumas conclusões que podemos tirar são:
1-A integração total entre ações de Earned e Paid Media.
2-A criatividade da Earned Media começa a ser reconhecida como equivalente à Paid Media.
Esses dois fatos, aparentemente isolados, são indícios de transformações maiores em andamento. O driver das mudanças no PR está escondido: a Owned Media (mídia proprietária) começa a se tornar um eixo propulsor da estratégia de relacionamento da marca com seus públicos (stakeholders), apoiada pela Earned Media e Paid Media. E essa mudança vai rejuvenescer o conceito de PR de toda a comunicação das empresas com seus públicos.
Tudo isso mostra indícios de uma indústria em transformação, com acentuada tendência em prol das chamadas ações de comunicação inbound (quando a empresa planeja suas ações em função dos interesses do público), em detrimento das ações outbound (quando as ações são direcionadas de dentro para fora, em função apenas dos interesses do negócio, e apoiadas na criatividade das grandes campanhas de mídia paga).
Esses são os indícios das grandes transformações por que passa a indústria de comunicação, afetando as empresas e suas agências. Simplificando. Os três eixos propulsores (Paid Media, Earned Media e Owned Media) daqui para frente terão que se integrar a partir do interesse do público (que num ambiente conectado, interativo e mobile tem o poder). E o interesse do público é detectado pela Owned Media, que opera em cima de plataformas inteligentes de Media Analytics. Vale acompanhar como isso vai influenciar os próximos candidatos a Leões que estão sendo gerados.
Augusto Pinto é sócio fundador do Grupo RMA
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