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A grande migração

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Ponto de vista

A grande migração


13 de maio de 2011 - 6h02

Tudo começou quando moradores de um bairro de classe media alta de uma grande cidade latino-americana, revoltados com a construção de uma estação de metrô em um ponto nobre da região, decidiram abandonar o local para evitar o contato com aquela gente diferenciada que viria da periferia, ocupando um espaço antes quase exclusivo dos carrões importados, lojas de vinhos e butiques de luxo.

O destino, decidido em um tradicional bistrô local, foi um bairro na cidade das luzes. Em Paris sim eles poderiam viver tranquilamente, longe dos suburbanos, dividindo o espaço com “gente como a gente”.

O problema foi quando os moradores desse bairro de Paris ficaram sabendo dessa história. Revoltados com a iminente chegada de imigrantes latino-americanos – um povo notoriamente barulhento e mal educado – resolveram protestar, mandando cartas à prefeitura e criando um abaixo assinado.

Mas nada fez efeito, e a solução foi fazer as malas e se mandar para Copenhagen, na Dinamarca, lugar de um povo bonito e de olhos azuis, longe das ruas parisienses prestes a serem invadidas por ocorrências indesejáveis.

Mas assim que os moradores de Copenhagen ficaram sabendo do que estava por vir, foi um corre corre pra evitar a chegada dos arrogantes franceses – conhecidos pelo mau humor corriqueiro e a falta de banho. Revoltados, os pobres dinamarqueses não tiveram outra saída a não ser mudar para o lado oposto do planeta, Osaka, em uma ilha cercada de educação e civilidade.

Não demorou muito para a notícia chegar a Osaka e os japoneses se apressarem em mudar para o Canadá. De lá, os canadenses foram para a África do Sul, os sul-africanos para a Argentina, e os argentinos, incomodados com a invasão africana, decidiram se mudar para São Paulo.

E foi aí que os novos moradores de um bairro ex-classe media alta da cidade, incomodados com a iminente chegada de um grupo de ônibus lotado de argentinos, se juntou em um ex-bistrô transformado em churrascaria, e decidiu abandonar o local para evitar o contato com aquela desagradável multidão de hermanos que viria a ocupar a região.

O destino? Um bairro de Paris que alguém ouviu falar que era o máximo.

Rodrigo Butori é diretor de criação da La Comunidad Miami

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