Meio & Mensagem
27 de junho de 2013 - 5h31
Em janeiro, Lúcia Guimarães escreveu um artigo inteligente no Estadão sobre o novo espectador. Na verdade, um excelente alerta para nós publicitários. Cito alguns dados preocupantes desse artigo.
“Metade dos domicílios americanos têm DVR. No horário nobre, é frequente o segundo lugar da audiência ficar com o DVR, a programação gravada. Esta audiência retardada se tornou tão importante que os números passaram a ser medidos separadamente: ao vivo e em outras formas de acesso, como o DVR. O público mais cobiçado dos anunciantes, entre 18 a 49 anos, está rachando em seus hábitos de assistir à televisão.”
Isso, a curto prazo, também será cada vez mais comum no Brasil.
“As distrações eletrônicas são muitas e a geração que cresceu on-line não se submete à TV com hora marcada, a não ser para eventos esportivos.”
Mesmo para a faixa etária mais velha, tirando algum capítulo de novela, noticiário ou futebol, está se tornando cada vez mais raro se ver TV ao vivo em casa”.
Tenho duas enteadas adolescentes, 16 e 18 anos. Todos os seus programas prediletos são gravados. Eu e minha mulher também gravamos os nossos para vê-los quando o tempo permitir. Em geral, nos fins de semana, no chamado “binge watching” (porre de TV, quando se assiste a uns 3 filmes ou a uma temporada inteira de House, Todo Mundo Odeia o Chris ou Ellen DeGeneres Show).É uma briga de foice para ver quem fica com o controle remoto na mão. É ZAP para todo lado! Agora vem o mais grave: nos intervalos comerciais, fast forward!
Como conclui Lúcia em seu artigo:
”E se as opções de driblar os anúncios são tantas, quem vai financiar a ousadia que a TV tomou do cinema?” Se antes, na TV aberta, o telespectador já “zapeava” quando começavam os intervalos, agora, com os comerciais com cara de “reclame”, que infelizmente ainda são a maioria no Brasil, piorou.
Eles também infestam a TV a cabo e até a internet. Então o que fazer?
Minha sugestão, desculpem, quem me conhece sabe que já bato nesta tecla há muitos anos: façam comerciais que não tenham cara de comerciais, pelo amor de Deus!
Hoje em dia, até uma grande ideia já vem disfarçada ou camuflada com a estética do último semestre. Fotografia lavada e uma trilhinha suave com uma vozinha feminina murmurando um lararirará. Todos absolutamente iguais. O consumidor saca na hora: reclame puro! E agora com o DVR da TV a cabo (gravador) isso se torna mais nescessário ainda. Comerciais com cara de cinema! Não de comercial.
Vejam este filme (eu disse filme) que dirigi para o Rum Bacardi, quando o Tarantino estava nascendo. Por isso, sosseguem meus fãs, não há chance de ele ter me copiado pra fazer o Django.
Vejam por exemplo esse excelente filme produzido por fãs (fan movie) do Justiceiro (The Punisher) com Thomas Jane, o mesmo ator que estrelou o personagem no longa produzido em 2004. Com certeza, patrocinado pelo whisky Jack Daniels, com figuração do isqueiro Zippo.
A exemplo da figuração da bola Wilson no longa patrocinado pela FEDEX, o Náufrago, com Tom Hanks. Isso sem falar nas obras comerciais de grandes cineastas, como:
Portanto, nessa nova era, atenção criadores e diretores de reclames, vamos fazer de conta que não somos publicitários, vai. Assim como esses grandes artistas acima fizeram. Senão, vocês já sabem: tão rápido quanto Django ou Xingo Kid, eles, os novos espectadores, vão sacar o controle remoto e num piscar de olhos… FAST FORWARD!
Julio Xavier, sócio e diretor de cena da BossaNovaFilms
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