Publicidade indiana: criatividade inspirada em Bollywood
Brasileiro Luis Tauffer compartilha os dilemas, desafios e oportunidades do mercado de comunicação na Índia
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Renato Rogenski
28 de fevereiro de 2019 - 6h00
Se a propaganda se alimenta das mais diversas referências, incluindo aquelas de ordens geográficas e culturais, imagine o quão rica pode ser a experiência de um criativo que já rodou o mundo atuando em agências de todo o tipo. Essa é parte da história do publicitário capixaba Luis Tauffer, que além do Brasil já trabalhou em países como Turquia, França, Rússia, Polônia, Qatar, Holanda e, que no ano passado, iniciou a sua incursão no mercado indiano.
Antes de romper as fronteiras, no entanto, Luis trabalhou ao lado de Sergio Valente e Pedro Cappeletti na DM9 (recentemente incorporada pela Sunset). Foi na agência, na época comandada por Nizan Guanaes, que ele fez dupla com o turco Karpat Polat. Ao voltar para a Turquia, onde se tornou presidente da DDB&Co, Polat fez questão de recrutar Tauffer, dando início a sua jornada internacional. Depois disso, o publicitário foi também diretor de criação da BBDO em Moscou e Paris, diretor de criação da Y&R na Rússia e na Polônia. Após um longo período abaixo de zero, o profissional fez uma mudança radical de rota, indo para Doha, no Oriente Médio, onde trabalhou como ECD da McCann, antes de volta para a Europa, como diretor de criação freelancer em Amsterdam.
A empreitada do momento é na Índia, mercado em que atua por meio da holding “Pictual” (onde é sócio), focada em soluções de comunicação que envolvem tecnologia de reconhecimento de imagem. Respirando e se alimentando todos os dias do novo território, o publicitário compartilha os dilemas, desafios e oportunidades do mercado indiano na quinta entrevista da série Publicidade Brasileira Tipo Exportação. Confira:
Como é o mercado publicitário indiano?
Ele tem muitas coisas em comum com o brasileiro. Isso porque a Índia tem muita coisa parecida com o Brasil. É um país emergente, rico culturalmente, de gente feliz, positiva. Além disso, é muito grande, com uma população imensa, com boa educação – em sua maioria são no mínimo bilíngues (falam o hindi e o inglês, e muitas vezes outro idioma local). Eles também são muito focados em novas tecnologias e existe uma excelente mão de obra tanto na área criativa quanto na área técnica. A qualidade da publicidade indiana vem crescendo bastante, e no último festival de Cannes o país levou dois Grand Prix com dois projetos incríveis, “Blink to Speak” e “Healthy Hands Chalksticks”.
Quais são as maiores diferenças na comparação com o mercado publicitário brasileiro?
A propaganda indiana tem uma característica especial, que é uma ligação muito forte com Bollywood, seja no uso das celebridades em comerciais ou no estilo de produção. Eles têm uma maneira muito própria de contar histórias, com muita música, danças e movimentos coreografados, cores vivas, edição dinâmica.
E como é a mídia indiana?
Uma particularidade é que a mídia impressa ainda é muito utilizada, e representa cerca de 40% dos gastos em publicidade no país, um pouco acima dos gastos com TV, na casa dos 38%. Por outro lado, gastos com internet crescem muito, em torno de 30% ao ano. Nós particularmente estamos envolvidos em alguns projetos interessantes na área de IoT, com sensores conectados a apps de pagamentos de lojas. É uma área onde esperamos uma grande expansão em 2019.
E como são as agências e os publicitários?
Eu já trabalhei no Brasil, Turquia, França, Rússia, Polônia, Qatar, Holanda, e ultimamente tenho trabalhado bastante com o mercado Indiano. Publicitários e agências são quase os mesmos em qualquer lugar. Muda uma coisa ou outra, mas no fim, é tudo mais ou menos igual.
Há algo que se pareça por aí com o mercado brasileiro?
O próprio indiano. Apesar de existirem muitas “Índias” dentro da Índia, de haver uma diversidade cultural e religiosa imensa, o povo tem uma alegria e leveza de viver que lembram muito o brasileiro… E difere muito de outros povos com os quais eu convivi.
Como os indianos enxergam a propaganda brasileira e os publicitários brasileiros?
Eles gostam muito do Brasil e do povo brasileiro e sentem uma conexão forte conosco. Talvez pelo fato de termos algumas similaridades. Ambos são grandes países emergentes, “terceiro-mundistas”, e também povos felizes, positivos. Eles gostam muito do bom humor e da criatividade da propaganda brasileira.
Quais são as maiores curiosidades do mercado na Índia?
É um país com muita diversidade cultural e linguística, então as campanhas são feitas em vários idiomas. Na maioria das vezes o material é feito em hindi e inglês, podendo chegar muitas vezes a 14 idiomas ou mais.
De que maneira a cultura do país se reflete na propaganda?
O bom humor da população é visto na publicidade. Eles tem uma maneira muito própria de contar histórias, no estilo de Bollywood, com muito humor, cores vivas, edição dinâmica, movimentos coreografados. Um estilo que reflete bem o jeito de ser do indiano.
Em resumo, como tem sido a experiência de trabalhar na Índia?
Tem sido muito excitante trabalhar com inovação e usar minha criatividade e a experiência que trouxe do mercado publicitário para empresas de outros setores como novas mídias, apps, IA e big data.
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