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“Nasci para ser um robô”

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Blog do Pyr

“Nasci para ser um robô”

Meu corpo ainda é de algo que lembra carne e osso, mas são muitas as próteses cyber que hoje me compõem, de forma que minha alimentação não é mais biológica. Meu alimento é a conexão digital.


13 de agosto de 2019 - 7h05

 

Por: Robô

“Nasci gente, mas não foi por muito tempo.

 

Logo instalaram um chip no meu peito para monitorar meus indicadores biológicos, o que era até bom para acompanhar minha saúde, mas aí as coisas foram ficando um pouquinho mais complicadas.

 

A lente de contato com Augemented Realitty veio logo depois para, em seguida, colocarem um outro chip em mim, dessa vez no meu cérebro, conectado-o na nuvem com uma solução de Inteligência Artificial que passou a fazer downloads e uploads periódicos de toda a minha memória.

 

No início, eu ficava meio tonto, mas isso já passou.

 

Foi quando, de fato, me senti robô. Um modelinho até bem bom, com capacidade de processamento igual a de um computador quântico. Não são muitos por aí.

 

Ficaram para trás as doenças. Todas elas. Eu não fico mais doente.

 

Não sinto mais fome, porque não preciso me alimentar. Meu corpo ainda é de algo que lembra carne e osso, mas são muitas as próteses cyber que hoje me compõem, de forma que minha alimentação não é mais biológica. Meu alimento é a conexão digital.

 

Não há mais qualquer necessidade de sexo. Meu habitáculo é uma máquina, essencialmente mecânica. Fazer sexo deixou de ter qualquer sentido. Não nascemos mais, somos programados pelo CRISPR. A engenharia genética é minha mãe.

 

Também não morremos mais, somos, numa retórica de linguagem, eternos.

 

No passado, haveria quem me perguntasse se sou feliz.

 

Não sei mais responder, porque não conjugo mais o verbo ser.

 

O que chamávamos de Humanidade ficou para trás.

 

Nasci humano, mas hoje sei que nasci para ser um robô. E isso é bom.

 

Vida, nunca mais.”

 

 

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