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Ícones da moda e suas lições de vida e de negócio

Christian Louboutin e Ermenegildo Zegna foram os palestrantes que abriram a segunda edição do Iguatemi Talks


25 de outubro de 2018 - 8h02

Iguatemi Talks, que inclui workshops, além de palestras, acontece até esta quinta-feira, 25 (crédito: divulgação)

Em sua segunda edição, o Iguatemi Talks Fashion, foi aberto, na terça-feira, 23, em São Paulo, por dois ícones da moda: Ermenegildo Zegna (o terceiro da família que criou a grife masculina italiana, em 1910) e o francês Christian Louboutin, criador dos inconfundíveis sapatos da sola vermelha. Entrevistado pela apresentadora e consultora de moda Maria Prata, Zegna comentou os desafios de carregar o nome do fundador da grife, as peculiaridades de um negócio familiar e o problema da sucessão. “Aprender fazendo” foi o legado recebido do pai e do avô, afirmou ele, para quem criar regras internas, além de proteger o negócio da família também ajuda a atrair talentos. “Baguncei um pouco, mas não destruí”, afirmou entre risos, ao ser provocado por Maria a dar sua opinião sobre o ditado de que a primeira geração de uma família constrói, a segunda usufrui e a terceira, em geral, destrói um negócio.

Ermenegildo Zegna (crédito: divulgação)

Zegna também disse não saber quem será o próximo CEO da grife e que talvez essa pessoa venha de fora, caso as opções da família sejam muito jovens para assumir tal compromisso (adiante, confessou que sucessão é o principal desafio da marca neste momento). Ainda sobre a gestão de um negócio familiar, defendeu o estabelecimento de fronteiras, uma vez que, segundo ele, quando cada um sabe seu lugar numa empresa, a condução do negócio flui melhor. A vantagem de ser familiar, disse, está em ter uma visão de longo prazo, pois atalhos podem ser perigosos, e esse pensar numa extensão maior de tempo é importante até para passar por momentos desafiadores como o mundo, incluindo sua Itália, enfrentam hoje.

Lidar com millennials, outro desafio do mundo do luxo, não é questão negligenciada nem tampouco vista como algo apocalíptico por Zegna. Segundo ele, a chegada de Alessandro Sartori como diretor criativo, em 2016, tem ajudado a estabelecer um “mindset millennial”. Isso significa, entre outras coisas, agir numa velocidade em que a concorrência enfrentada hoje já é diferente da que encarava há apenas três anos. Outro sinal de mudança dos tempos: a metade das vendas da Zegna em calçados vem dos sneakers (tênis), artigo que tem conquistado terreno de modo geral no mundo do luxo.

Zegna e Maria Prata (crédito: divulgação)

Para manter o relacionamento com seu público, em particular com os millennials, assim como as marcas mais mortais e populares, a Zegna também lança mão das mídias sociais, onde busca o engajamento dos clientes. Além de olhar com atenção o omnichannel, no qual o online é visto como um serviço complementar. Instigado a deixar uma dica de estilo ao público presente no evento, Zegna foi simples: “Use seu próprio estilo, divirta-se e sinta-se confortável”, lembrando, por fim, que moda é uma forma de comunicação.

Liberdade criativa
Poucas pessoas entenderam tão bem que a moda é uma forma de comunicação quanto Christian Louboutin, o francês que sucedeu Zegna, na abertura do Iguatemi Talks. Tanto assim que os calçados que cria ganharam a marca registrada do solado vermelho que os distinguem dos demais até hoje – a ideia veio de uma experiência com esmalte de unha para quebrar o preto demais de um dos calçados.

Entrevistado por Dudi Machado, editor da GQ, Louboutin diz ter tido sorte na vida, em especial por ter tido uma família amorosa que não o cobrava nos padrões normais de todas as famílias. “O sucesso aconteceu. Eu era ruim na escola, saí dela aos 16 anos, e nunca estudei moda”, contou.

Christian Louboutin (crédito: divulgação)

Há 30 anos no negócio, Louboutin vende, em média, um milhão de pares de sapatos por ano e sua marca possui 11,5 milhões de seguidores no Instagram. Segundo ele, não é difícil manter a identidade de uma marca quando essa identidade é você mesmo. “É preciso olhar para você e seu próprio entusiasmo. Faço o que quero e aquilo em que acredito”, disse.

Seu processo de desenvolvimento de novas coleções é isolado num estúdio em Paris, embora ele viaje bastante para ter referências. Para uma coleção de inverno, precisa sentir o clima e uma de verão, igualmente. O Brasil, aliás, é uma de suas inspirações em luz e cores, disse, mas também as pessoas e a arte dos diferentes lugares que visita mundo afora. Nesse processo, o designer afirma não fotografar os locais e pessoas, mas contrapõe isso a uma boa memória visual.

“Meu CEO vai me matar por dizer isso, mas não tenho nenhuma estratégia”, respondeu ao ser questionado sobre critérios para fazer colaborações. Segundo ele, as coisas acontecem; encontra as pessoas e faz – ou não faz, como contou, sem citar nomes, sobre uma cantora (celebridade) que queria um sapato para seu casamento e chegou a seu estúdio sem falar uma palavra, porque teria um concerto dali a dois dias e estava preservando a voz – e queria algo que fugia muito ao estilo do que ele criava. “A pessoa precisa ser legal para eu fazer uma colaboração, porque sei também que posso ser uma pessoa difícil”, ponderou. No fim, após dois anos, acabou se entendendo com a tal celebridade.

Outro cantor, em Londres, foi também quem fez Louboutin estender o negócio para o universo masculino. Embora fizesse seus próprios sapatos, até então, ele não havia criado uma coleção masculina. O cantor em questão – novamente, sem nome revelado – comentou que sentia o entusiasmo das mulheres ao usar um sapato Louboutin e queria essa alegria também com ele nos palcos. Inicialmente, a linha “Louboutin Homme” começou a ser vendida em três lojas, de Paris, Londres e Nova York.

Louboutin e Dudi Machado (crédito: divulgação)

Sobre os agora em alta sneakers, Christian Louboutin deixa ver nas entrelinhas que os faz atendendo uma demanda de mercado, mas não porque goste muito: “O design é diferente. Sempre gostei, usava quando criança, mas quando desenho sapatos para mulheres, por exemplo, quero aquelas curvas, gosto delas, e tênis é algo mais anguloso, geométrico”, disse. Mas quando fez tênis para os homens, dali a pouco viu suas consumidoras pedindo também e concluiu que é algo importante para os dois públicos.

Sobre o universo digital e das novas tecnologias, exaltou o cenário como um “brave new world” e ferramenta de liberdade de expressão para muita gente, além de canal de engajamento das pessoas em comunidades. Questionado sobre a dificuldade de vender por e-commerce algo tão particular quanto um sapato, que em geral a pessoa precisa experimentar, Louboutin contou que das 140 lojas que possui, hoje, a primeira em performance é a online dos Estados Unidos. “É uma forma fácil de comprar”, disse, negando, na sequência, ter usado novas tecnologias, como VR, para criar seus produtos. “Você pode ser um ótimo técnico e não perceber o estilo. Decidi desde cedo manter minha energia no que era visual”, afirmou.

Corajoso, Louboutin não fugiu à questão sobre sustentabilidade dos produtos e materiais utilizados, nem mascarou sua opinião a respeito. Disse que tem estudado de maneira profunda e abrangente o assunto, porque não vê vantagem, por exemplo, em não poder usar um couro de origem animal e destruir parte do planeta para construir algo sintético (que em muitos casos é caro e ruim). Já num “perguntas e respostas” com a plateia, o autodeclarado tímido Christian Louboutin falou sobre o desafio de combinar uma identidade própria ao futuro e suas novas demandas. “É preciso manter-se livre. Por isso, minha empresa continua até hoje uma companhia privada. Felicidade é importante e a liberdade é o que mantém isso”, respondeu.
O Iguatemi Talks, que inclui workshops, além dos painéis, acontece até esta quinta-feira, 25 de outubro.

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