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Mercado de operadoras móveis com rede virtual cresce no Brasil

Mesmo diante de atribulações regulatórias impostas pela Anatel, setor de MVNOs ganha impulso via comunicação orgânica e digital


12 de novembro de 2019 - 16h52

Em agosto de 2019, no Brasil, segundo dados da consultoria focada em telecomunicação Teleco, 941.455 celulares possuíam alguma Mobile Virtual Network Operator (MVNO) — operadora móvel com rede virtual — contratada. O número, 61.1129 maior do que o de julho deste ano, leva em consideração apenas aparelhos com serviços daquelas empresas que atuam sob o modelo autorizado – que diferente do padrão credenciado, responsável por tornar a MVNO uma revendedora dos planos da operadora dona de rede, logo, sem autonomia para modificar precificações, obriga a companhia a investir em sistemas de back office como billing, customer relationship management (CRM) e plataforma de tráfego de dados.

De acordo com dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), referentes à janeiro de 2019, o País possui 24 operadoras móveis com rede virtual – nove são autorizadas e 15, credenciadas, o que o posiciona como 15º país com mais MVNOs no mundo. Alemanda (115), Estados Unidos (85), Reino Unido (70), Países Baixos (70), China (70), República Checa (64) e França (53) são os mercados com maior número de operadoras móveis com rede virtual do mundo.

 

Segmento de MVNOs foi introduzido no mercado brasileiro, em 2010,  pela resolução 550 da Anatel (crédito: Fauxels/Pexels)

No País, o mercado de MVNOs ganhou os primeiros sinais de vida em novembro de 2010, quando a Anatel normatizou a Resolução nº 550, que permitiu a exploração de serviço móvel pessoal (SMP) por meio de rede virtual. “A regulamentação determina apenas os pontos mínimos que devem ser observados no contrato, a negociação em si é eminentemente privada. A operadora virtual tem liberdade para buscar com qualquer operadora tradicional a condição que melhor atenda o seu plano de negócios”, explica Abraão Balbino e Silva, superintendente de competição da Agência Nacional de Telecomunicações.

A primeira operadora móvel com rede virtual do Brasil foi a Porto Seguro Conecta, que em abril deste ano finalizou a migração de suas linhas de voz para a TIM, tele até então à frente da infraestrutura do serviço da seguradora Porto Seguro, e extinguiu definitivamente suas atividades. No entanto, o movimento, provavelmente incitado pelo custo da adoção do modelo autorizado, contrapõe o atual cenário brasileiro das operadoras móveis sem licença própria para uso de espectro de frequência: dilatação na quantidade de linhas em operação das MVNOs, mesmo diante de atribulações regulatórias impostas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que exigem que as operadoras móveis com rede virtual cumpram exigências semelhantes às teles, em termos de qualidade, de atendimento e de responsabilidades com o consumidor.

A estratégia de órgãos reguladores em aumentar a competitividade no setor de telefonia móvel, segundo Juarez Aparecido de Paula Cunha, presidente dos Correios, dono da MVNO credenciada Correios Celular, impulsionou o surgimento de operadoras móveis com rede virtual no Brasil. “No mundo, as MVNOs iniciaram na década de 1990, principalmente na Europa. No Brasil, a regulamentação permite que novos entrantes iniciem suas operações sem custo de montar toda uma rede celular. Além disso, muitas operadoras instalaram suas redes e perceberam uma capacidade ociosa, que poderia ser rentabilizada por meio de MVNOs”, clarifica Juarez. A Correios Celular foi criada em 2017 e usa infraestrutura da TIM.

Para Adalmir Assef, CEO da recém-criada operadora móvel com rede virtual autorizada Next Level Telecom (NLT), parte do mercado ainda desconhece os benefícios de contar com os serviços de uma MVNO, como atendimento personalizado e soluções que vão de encontro com as ansiedade e especificidades de cada cliente. Além disso, diante desse cenário, também é, segundo o CEO, “absolutamente necessário que se faça uma revisão tributária do setor, desonerando a cadeira produtiva, excessivamente taxada”. Controlada pela holding Batista Leite, a operadora móvel busca viabilizar a comunicação entre máquinas, a automação de processos e os recursos de internet das coisas (IoT). Nos primeiros cinco anos de operação, a MVNO pretende investir R$ 50 milhões em tópicos como ações de polos tecnológicos e universidades, instituições de pesquisa e desenvolvedores de soluções. A operadora possui equipes próprias de atendimento, projetos, engenharia, billing e pós-venda e utilizar infraestrutura de rede da Vivo.

Orgânico e tecnológico
O marketing assume papel fundamental na promoção de competitividade entre empresas, de acordo com Abraão, principalmente no setor de MVNO, movido pelo conceito de diferenciação, diz Juarez. Na Correios Celular, a estratégia de comunicação concentra-se em mídias sociais. O conteúdo da operadora móvel com rede virtual é produzido internamente e disseminado de forma orgânica, sem intervenção de agência digital ou mídia paga. Já Adalmir, da NLT, aponta a necessidade de uma MVNO apostar em estratégias multicanais, com foco em comunicação dirigida e personalizada para cada cliente. A empresa tem uma equipe de marketing e trabalha com a agência de publicidade EE2.

A demanda por conexões de qualidade é muito promissora, principalmente quando o assunto é IoT, afirma Adalmir. “Os fornecedores, sendo MVNOs ou não, têm como principal desafio atender por completo as necessidades de cada cliente, respeitando as especificidades de cada um e se dedicando para entregar cada vez mais e melhor”, destaca. A Indústria 4.0, que engloba tecnologias de automação, saúde, agronegócio e cidades inteligentes, é uma das áreas, para Adalmir, que mais pode crescer com operadoras móveis com rede virtual. “O futuro sinaliza muitas possibilidades de desenvolvimento de mercado, no Brasil e no mundo, com novas possibilidades de atuação surgindo a cada dia e demanda crescente de serviços personalizados”, adiciona.

Juarez, dos Correios, aponta que milhões de pessoas trocam de operadora todos os anos e as MVNOs aparecem no mercado para atender àqueles clientes que já testaram as operadoras tradicionais e ainda estão insatisfeitos. “Muitas empresas também estão utilizando de MVNOs e suas ofertas para criar fidelização com seus clientes em seus negócios principais”, fala. Além disso, a quinta geração de telefonia móvel, já disponível nos Estados Unidos e China, pode estimular novos negócios para as operadoras móveis com rede virtual.

*Crédito da foto no topo: Negative Space/Pexels

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