Experiência e história

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Experiência e história

Quem tem mais de 50 anos, já assistiu à TV em preto e branco. Levantou da poltrona para trocar de canal. Lembra-se do tempo em que linha telefônica era considerada investimento. Viveu na época em que Apple era gravadora de disco, ou, no máximo, fruta.


28 de fevereiro de 2014 - 2h30

Quem tem mais de 50 anos já assistiu à TV em preto e branco. Levantou da poltrona para trocar de canal. Lembra-se do tempo em que linha telefônica era considerada investimento. Viveu na época em que Apple era gravadora de disco, ou, no máximo, fruta.

Quem tem mais de 40 anos, assistiu à TV com apenas 5 canais. Lembra-se dos discos de vinil. Trabalhou em lugares onde se ouvia o barulho das máquinas de escrever. Experimentou a vida sem celular.

Quem tem mais de 30 anos, assistiu à TV analógica. Comprou CDs. Alugou DVDs. Usou celular somente para falar. Experimentou a vida sem mídia social.

Para quem tem menos de 30 anos, tudo acima não é experiência. É história.

Em um mundo que mudou tão rápido em pouco tempo, diferentes gerações experimentaram e foram impactadas diferentemente em períodos de tempo relativamente próximos. Tudo mudou rápida, profunda e imprevisivelmente.

Não existem sinais de que as mudanças que estão por vir serão menos rápidas, mais rasas, ou mais previsíveis. Por isso, a ansiedade vivida diariamente na interpretação dos acontecimentos passados e na tentativa de prever o comportamento futuro. Em especial, para aqueles envolvidos na área de mídia.

A verdade é que a origem das mudanças experimentadas hoje na maneira como se consome conteúdo não é resultado de uma única e simples causa. É a combinação de varias mudanças, de tamanhos diferentes. Portanto, talvez seja produtivo olhar a realidade a partir da variável que, sabemos, sempre estará presente: o consumidor.

É muito difícil prever o futuro. Mas, por outro lado, é valioso especular sobre as tendências de maneira a aproveitá-las. Em outras palavras, se prever o futuro é muito difícil, tentar adaptar-se a ele parece ser mais produtivo.

Claramente, a mobilidade é tendência forte nos dias atuais. O mundo, finalmente, tem cada vez menos fios. Acesso a entretenimento, comunicação e informação não depende do local, mas sim da mídia utilizada.

Naturalmente, portanto, a oferta de vídeo tende a se libertar da localização geográfica, e, consequentemente, ser consumido em todo lugar e a qualquer tempo. Não parece, entretanto, que o consumo de vídeo tende a ser feito da mesma maneira em todas as mídias disponíveis.

Diferentes mídias requerem diferentes versões do mesmo conteúdo de maneira a acomodar as limitações físicas da mídia e do consumidor. As questões não resolvidas passam a envolver quais os tipos de conteúdo que serão mais consumidos em cada situação ou mídia diferente.

Naturalmente, em um ambiente cada vez mais conectado, a integração das diversas plataformas com mídias sociais é desafio presente e constante. O impacto do conteúdo no consumidor tende a se expandir na medida em que estes consumidores podem, de maneira quase imediata, analisar e compartilhar suas opiniões sem a restrição de local ou horário.

Por outro lado, esta situação pode criar oportunidades, na medida em que estas interações podem ser utilizadas para formatar campanhas “cross-media” que potencialmente expandem o alcance seu alcance e, ao mesmo tempo, engajem o consumidor.

A disponibilidade de conteúdo em várias plataformas tem outro lado interessante. O aumento da capacidade de processamento de informações cria a possibilidade de utilização de técnicas de análise de grandes volumes de informação (“big data”), de sorte a formatar a oferta de acordo com a necessidade. Nunca se soube tanto e tão rápido os interesses do consumidor.

Maior disponibilidade de informação aumenta a velocidade com que empresas de mídia e anunciantes reagem e adaptam suas ofertas e estratégias. Isto, por sua vez, tende a acelerar ainda mais a velocidade com que as coisas mudam. E aumenta a incerteza.

O certo é que, para quem tem menos de 10 anos, tudo o que vivemos hoje será, muito em breve, apenas história.

Elton Simoes (ca.linkedin.com/in/eltonsimoes/) é profissional com larga experiência nas áreas telecomunicações, mídia e entretenimento no Brasil, na Europa, nos EUA, no Canadá e na América Latina. Atualmente atua como consultor, árbitro e mediador, baseado em Vancouver, Canadá.  

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