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Opinião

O futuro é muito bom, garante a China!

Mas é acalentador terminar os três dias de NRF ouvindo histórias inspiradoras e acreditando que, em meio a tantos bites and bytes, chegaremos lá


16 de janeiro de 2019 - 18h00

O terceiro e último dia de NRF 2019 foi um banho de inovação e de inspiração. Já na abertura, fomos lançados ao futuro com o painel “Future Now: como a China antecipa hoje compras e consumismo de amanhã”. Claramente, são um mercado a ser seguido de perto, visto que tem sido a grande nação “nativa” dos smartphones, onde o dinheiro, por exemplo, já não é usado mais. Se lembra quando os pagamentos digitais eram vistos com desconfiança poucos anos atrás? Agora é o que existe de mais seguro e conveniente para as transações do mercado varejista chinês, que se concentra em três variáveis: o que o consumidor quer, quando e onde.

 

(Crédito: Samuel Zeller/Unsplash)

Se pararmos para analisar friamente, a compra online tem apenas uma variável realmente relevante: a promessa de entrega. Todas as outras, como a tão falada experiência, ainda continuam sendo questão para o varejo físico, porém, de maneira bem diferente da que conhecemos nos moldes tradicionais.

A compra online tem apenas uma variável realmente relevante: a promessa de entrega. As demais ainda continuam no varejo físico, porém, de uma forma bem diferente da que conhecemos no varejo tradicional. Harlan Bratcher, executivo de varejo que atua como líder global de desenvolvimento de negócios da chinesa JD Fashion, afirma, sem hesitar, que muitas das tecnologias usadas atualmente na Europa e na América são as que a China usava ontem. E nos deixa um aviso que vem lá de onde nos espera: “o futuro é muito bom!”.

As experiências impulsionadas pela tecnologia permitem que os consumidores visualizem formas que inflamam suas emoções e aceleram as decisões de compra. E, nesse sentido, no hall de inovação, o destaque ficou para a realidade virtual e aumentada (VR e AR, respectivamente), que aparece ainda mais forte como meio de fazer o omnichannel acontecer.

A Foot Locker, contando com uma equipe apaixonada, criou a primeira loja “galeria”, onde não apenas vende os itens esportivos como separou um espaço na unidade de São Francisco (o grande polo em que tudo se transforma em magia) para que o consumidor faça um mergulho na cidade por meio da ferramenta de VR. A junção de VR com AR permite que a McCormick, especializada em alimentos, convide o cliente para uma imersão na digitalização com o objetivo de deixar bem transparente a composição dos seus produtos, o detalhe de partes essenciais dos ingredientes, qual é a matéria-prima original e receitas a partir do que é comercializado. E a Home Depot, varejista de itens para o lar e para a construção, não fica trás e mostra que consegue conectar os dois ambientes mais falados do momento (o físico e o digital) para que seja possível colocar o objeto desejado na atmosfera da casa de cada um, o que ajuda a transitar entre a experiência e a compra. De acordo com a companhia, esse movimento aumentou a conversão de negócios em até 70%.

O Brasil marcou presença também. A brasileira GS& mostrou aos presentes que o mercado latino-americano está, sim, investindo em tecnologia e que na última edição da Black Friday, por exemplo, atingiu a marca de 27 mil downloads de seu aplicativo que recria a mecânica do Pokémon Go por meio dos cupons digitais. A Omnistory, apresentada durante o Latam Retail Show de 2018, também foi um demonstração bastante clara do potencial de interatividade e de experiência de imersão que utiliza-se de inúmeros artifícios propiciados pela tecnologia ao contar histórias do grande ídolo Ayrton Senna. Vale ressaltar que essa é uma atividade

altamente recomendável para os profissionais brasileiros do marketing e do varejo. A loja fica instalada no Shopping Villa Lobos, em São Paulo.

O diretor de inovação do Grupo Casino veio para contar como o grupo tem se organizado para responder aos principais desafios do varejo atual. Basicamente, se resume em como digitalizar as operações para responder a um consumidor que já está vivendo os canais on e off ao mesmo tempo. O conhecido “quero do meu jeito e agora”. Desafio gigante para os varejistas que agora precisam se estruturar para se adaptar à expectativa desse cliente tão “personalizado” e, ao mesmo tempo, gerando eficiência e rentabilidade.

Com o desenvolvimento de plataformas personalizadas para o grupo e contando com a parceria de algumas soluções da IBM, apresentou o novo conceito de loja inaugurada recentemente na França, onde, mais do que um supermercado, o espaço é um convite para que os clientes venham e permaneçam mais no local. Aberto 24/7, com espaço de co-working, bar, café e show room, tudo em um só lugar, que serve para trabalho, entretenimento e compras. Compras com menos fricção possível! No modelo “Amazon-Go”, o consumidor, por meio do app do varejista, percorre todo o processo de compra sozinho, sem passar pelo caixa, sem falar com um atendente ou somente quando quiser.

Se, por um lado, esse fechamento foi marcado por muita tecnologia e inovação, por outro também se falou muito sobre as pessoas! A Indeed, uma das maiores empresas de recrutamento e seleção do mercado americano, intermediou um painel interessante com os líderes de recursos humanos da Best Buy, Foot Locker e HEB. Uma pesquisa apresentada pela líder do painel comenta sobre o alto turn over dos profissionais do varejo, que tem como um dos principais motivadores a descrença de que se pode construir uma carreira dentro desse segmento. Cerca de 96% das pessoas que buscam por vagas no mercado, pesquisam e selecionam as empresas antes da aplicação. Parece um tanto quanto óbvio, mas a “nota” que as empresas possuem como lugares saudáveis de trabalho (isso quer dizer com cultura e propósitos estabelecidos) valem cada vez mais! A ideia faz todo o sentido quando pensamos na geração Z, não? É por isso que cada vez mais as marcas estão preocupadas em selecionar times que tenham efetivamente uma ligação com o seu propósito. “Pessoas felizes fazem clientes felizes! E clientes felizes fazem as empresas felizes”, disse Roselind Chevreuil, vice-presidente de recursos humanos da Best Buy.

E, aproveitando a questão de pessoas e propósito como um dos fatores de sucesso e sustentabilidade das empresas, sejam de que tamanho forem, o evento que tradicionalmente dá tanto peso para tecnologia, encerrou com duas conversas extremamente motivacionais! Uma delas com o carismático Scooter Braun, empresário de sucesso com apenas 37 anos, produtor de famosos como Justin Bieber, Ariana Grande e a banda The Wanted, investidor de muitas empresas de tecnologia, que contou, super descontraído, sua infância e o sonho que perseguiu ao abrir sua primeira empreitada, praticamente falido e sozinho, mas que teve um desfecho surpreendente de sucesso. Apesar de toda a fama, quando questionado sobre qual era a sua maior conquista, respondeu sem pensar: minha mulher e meus filhos.

Essa foi a brecha para um dos casais mais queridos dos últimos tempos: Joana e Chip Gaines, fundadores da Magnolia, que promete uma experiência única em decoração para casa. Vindos do Texas, também de famílias e gostos simples, vivem em uma fazenda com seus cinco filhos e administram os diversos negócios, entre eles um mercado e um restaurante de comidas naturais e orgânicas vindas da fazenda, um e-commerce de decoração para a casa e a série de TV Fixer Upper, em que trabalham juntos na reforma e decoração de casas no Texas!

Tudo começou com a inspiração de Joana no negócio do seu pai. Essa foi a origem do primeiro mercado. Ela diz que a autenticidade do gosto sincero, a forma de transformar o que entendia como bom gosto de forma acessível para os clientes e preservar sempre sua família foram, naturalmente, a forma com que chegaram ao inesperado sucesso que têm hoje!

Me despeço dessa edição de evento aplaudindo de pé a forma como me transformei como pessoa e como profissional. Em meio a tantas mudanças, robôs e gigantismos, foi, no mínimo, acalentador terminar esses três dias de loucura por aqui ouvindo histórias inspiradoras como essas e acreditando que, em meio a tantos bites and bytes, somos pessoas sonhadoras e que, com muita mão na massa, chegaremos lá!

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