O futuro é em áudio

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Opinião

O futuro é em áudio

Avanço da tecnologia coloca a voz para ocupar novamente papel de protagonista na comunicação


24 de março de 2021 - 11h49

(Crédito: Feodora Chiosea/ iStock)

O telefone foi uma das maiores invenções do século 19, responsável por mudar drasticamente as relações humanas e a sociedade com um todo. Seu criador, o escocês Alexander Graham Bell, ficaria surpreso ao saber que hoje a voz começa a ocupar novamente papel de protagonista na comunicação.

Por muitos anos o chat online era o que havia de mais incrível. Talvez você que lê este artigo tenha vivenciado a fase do ICQ. Que avanço poder trocar mensagens de forma instantânea! Era o texto ganhando terreno, apoiado também nas redes sociais como Orkut e, mais tarde, o Facebook.

O vídeo também teve seu auge. Quem, em 2020, não participou de uma videoconferência que levante a mão. Diversas empresas se valeram do isolamento social para desenvolver ou incrementar soluções que tornassem viáveis as reuniões de trabalho. Ainda estamos nesse estágio e, talvez, nunca saiamos dele completamente.

Contudo, é ela, a voz, que pode ser considerada a estrela da vez. Já percebeu que os áudios de WhatsApp viraram rotina? E o que dizer dos dispositivos domésticos como a Alexa? Você tem um na sua casa? Aposto que, se não, logo mais terá. O uso que fazemos das ferramentas disponíveis revelam importantes mudanças de comportamento.

Recentemente li um artigo publicado no site Technology Review se propôs a discutir justamente esse cenário. O texto cita algumas redes sociais e ferramentas que têm apostado na voz como o meio mais eficiente para estabelecer diálogos, como Cappuccino, Clubhouse, Discord e Chekmate.

O artigo afirma que a intimidade da voz torna as mídias sociais de áudio muito mais atraentes na era do distanciamento social. Afinal, não é legal falar e literalmente ser ouvido? Ouso dizer que o Zoom e seus pares nos causaram certa exaustão desde o início da pandemia. Ferramentas unicamente de voz vêm, então, como um acalanto.

Atentos às tendências, até mesmo as mídias originalmente de texto estão revendo os serviços disponibilizados. No ano passado, o Twitter lançou tweets de voz, permitindo que os usuários incorporassem sua voz em sua linha do tempo. Recentemente, em dezembro, lançou um recurso para conversas de áudio.

Fato é que tudo tem dois lados. Ao mesmo tempo em que as novidades são fascinantes, os abusos inerentes ao mundo digital não deixam de ocorrer. A moderação de conteúdo em áudio é muito mais difícil do que em texto. Trata-se, portanto, de um grande desafio para as empresas.

No aplicativo Club House, por exemplo, ainda não é claro o que acontece com os dados dos usuários. Informações como as listas de contatos estão seguras? Outra questão é sobre a dificuldade que pode aparecer na hora de diferenciar o virtual do real, já que vozes e influenciadores fakes podem aparecer. E como controlar o que é dito? Para tentar evitar discursos de ódio, abuso, preconceito e racismo, o aplicativo instituiu uma série de regras e boas práticas para os usuários. A acessibilidade do app também merece ser questionada. Em um país onde 25% da população têm algum tipo de deficiência e nove em cada 10 brasileiros usam Android, não está certo como superar o desafio de tornar o Clubhouse mais acessível.

Mesmo assim, as redes sociais de áudio parecem preencher uma lacuna. Como bem aponta o artigo do Technology Review, um dos principais benefícios do formato é a maneira como ele oferece aos usuários a conexão imediata. Chamadas telefônicas e de Zoom requerem algum planejamento, mas o conteúdo de mídia social de áudio pode ser criado e digerido de acordo com a própria conveniência.

Enxergo que o retorno da voz fecha um ciclo. O que teve início lá em 1876, com o bom e velho telefone, hoje se apresenta em sua melhor versão. A voz foi repaginada com a ajuda da tecnologia, mas ainda é ela. Que estejamos abertos a usufruir da melhor maneira esse recurso que nos torna, simplesmente, humanos.

*Crédito da foto no topo: iStock

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