A nova jornada da “Mulher Maravilha”

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Opinião

A nova jornada da “Mulher Maravilha”

A mulher não quer mais ser protagonista de uma história escrita por homens, mas sim autora do seu próprio enredo


13 de janeiro de 2022 - 7h00

(Crédito: Angelina Bambina/shutterstock)

A personagem icônica criada pelo psicólogo William Moulton Marston, que surgiu em 1941 no formato de histórias em quadrinhos, com o nome de Diana Prince, completou, portanto, ano passado, oito décadas de existência. A Mulher Maravilha nasceu como a primeira personagem mulher da história dos quadrinhos, na mesma época de Superman.

A Mulher Maravilha carrega um DNA revolucionário porque, até então, o mundo das HQs era totalmente dominado por personagens homens. Ela vinha para quebrar todos os estereótipos do que era ser mulher na década de 1940, quando quase nada restava a ela. Cabia somente o papel em que era forçado estar. Nada lhe pertencia: seu corpo, sua vida financeira, sua opinião, ou seja, suas escolhas.

Ao mesmo tempo, a Mulher Maravilha surge ao ser descoberta pelo Super Homem, com a missão de ajudá-lo a combater o mundo atormentado pelo mal.  Ou seja, por mais que ela seja uma mulher representada fora dos padrões da época, que trabalha lutando para combater o crime, ela ainda se mantém coadjuvante de uma história escrita por homens.

Ao longo desses 80 anos de vida, a história da Mulher Maravilha ainda passou por alguns momentos de reconstrução. Talvez o principal deles, que influenciou a personagem até os dias de hoje, foi quando ela se tornou filha direta de Zeus, ou seja, uma semideusa, criada como uma humana guerreira.

Em 1977, a HQ  “Superman vs Wonder Woman: a batalha que você nunca imaginou ver” retratou a Mulher Maravilha como uma ameaça aos homens – se de um lado a força e a independência se sobressaem, de outro, vemos uma clássica motivação do machismo: o poder da mulher como medo do homem. Já em 1980, é inserido no contexto das histórias da heroína a competição entre mulheres – se a sociedade coloca uma mulher contra outra, como consequência, o gênero é enfraquecido. E em 2006, ela surge nas páginas dos quadrinhos com músculos e muita força física, talvez porque mulheres poderosas conectadas aos tradicionais códigos masculinos (racionalidade, força, individualismo) são mais aceitas pela sociedade.

Em 2017, a Mulher Maravilha ganhou seu primeiro filme solo, dirigido por uma mulher. Já na versão mais recente de 2020, ela surgiu com uma estética de guerreira do futuro, com um shape em vários momentos descolado da imagem sexy cultuada anteriormente, e uma essência mais empoderada e progressista da personagem.

O papel da Mulher Maravilha durante esses 80 anos foi e ainda é essencial. Como podemos perceber, o mundo caminha para uma genuína liberdade que a personagem da Mulher Maravilha começou a traçar lá na década de 1940, na sua luta sobre humana contra certos valores impostos pela sociedade e que desde sempre oprimem a alma e os corpos das mulheres. Com a sua criação, os caminhos da emancipação e do empoderamento feminino ganharam força.

Porém, a mulher real e a que buscamos com certa emergência, é aquela que não precisa ser super heroína. Vamos nos emancipar do conceito de que a mulher deve ter super poderes, ser multifuncional: trabalhar, estudar, cuidar da família, estar arrumada, limpa, bem humorada… Ser tudo ao mesmo tempo para ser valorizada.

A mulher não quer mais ser protagonista de uma história escrita por homens, mas sim autora do seu próprio enredo. Acima de tudo, ela não quer precisar se provar mil vezes mais do que os homens para alcançar seus objetivos. Vamos entender (de uma vez por todas): a mulher não precisa ser maravilha, mas sim aquela que é possível ser do jeito que quiser e desejar.

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