De grandes corporações a uma startup: está gostosa a água aí nessa piscina?

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Opinião

De grandes corporações a uma startup: está gostosa a água aí nessa piscina?

Empresas em construção são ambientes de alta pressão e instabilidade, com muito mais sensação de realização, mas também mais cobrança individual sobre resultados


7 de junho de 2022 - 6h00

Recentemente, falei aqui sobre alguns pontos que considero importantes ao montar um time numa startup. Na continuação dessa conversa, vou focar no outro lado: o que esperar se você decidir se juntar a um time e a uma empresa em construção? Será que é tão diferente do dia a dia numa multinacional ou numa empresa tradicional?

Vou falar de um ponto de vista pessoal e não de uma amostra estatisticamente relevante, então fique à vontade para somar as histórias que você viveu ou viu a sua volta. Porque, se você trabalha em startup, tenho certeza de que não passa uma semana sem tomar um café com alguém que quer saber como é sua experiência. E se você está do outro lado da mesa desse café, você não é exceção: aqui na minha estatística altamente comprometida, eu não conheço quem não tenha tido em algum momento pelo menos essa vontade de saber mais dessa vida hypada. Puxa a cadeira e vamos lá.

Recorrendo mais uma vez a essa amostra fajuta da minha própria bolha, eu arrisco que a maior reclamação nas empresas com muitos anos de mercado e processos bem estabelecidos é sobre o peso das relações “políticas” dentro da organização. Então eu vou começar derramando esse café quente: não é diferente em startups. E aqui eu me permito extrapolar a experiência pessoal e afirmar que isso se aplica a todas as empresas, de qualquer idade, indústria e modelo de negócio. Algumas têm modelos de tomada de decisão mais claros e melhores que as outras, e assim movem-se de fato mais rápido – falarei disso aqui abaixo. Mas isso não significa que não seja necessário influenciar, escutar e negociar. Porque organizações – pequenas, grandes, formais, informais, tradicionais ou inovadoras, são compostas por pessoas. E o ser humano é um ser político. A troca de ideias – e a oposição de ideias – é o que nos permite organizar, dirigir e administrar. E adivinha qual é a arte ou ciência de organizar, dirigir e administrar? Então, se você está cansado de equilibrar as relações de poder e influência – o que é legítimo e acontece com todos nós em alguns momentos – e essa é a razão que te faz sonhar com um tipo de empresa diferente…eu não conheço nenhuma onde política – como essa arte de negociar pontos de vista – não seja parte integrante.

Agora a gente pode limpar essa bagunça e pedir mais dois cafés – com NotMilk, por favor – pra falar de velocidade na tomada de decisão. Aqui sim, há um oceano – e 5 gate meetings – de diferença. Uma empresa em crescimento acelerado não pode se dar ao luxo de demorar. E é válido até questionar se no longo prazo isso é vantagem ou desvantagem – um papo de altíssimo nível para um próximo café. Mas a realidade é que numa empresa nova não existe longo prazo se o hoje não for acelerado. Então, toda a discussão, influência e agenda política, por mais complexa que seja, se move rápido. Nem sempre o processo é gostoso, mas decisões são tomadas e aquela história de “se comprometer mesmo discordando” está no sangue de uma empresa em construção. E com isso o prazer de realizar, de influenciar resultados e gerar crescimento é muito real e, na minha experiência pessoal, uma fonte de felicidade tangível.

Antes de fechar a conta: empresas em construção são ambientes de alta pressão e instabilidade. Se tem muito mais sensação de realização, tem também mais cobrança individual sobre resultado. As responsabilidades são evidentes, o orgulho e a frustração estão sob a lente de aumento. Quase nunca é fácil lidar com isso, mesmo quando é a sua escolha. Se a gente tenta mascarar a ansiedade, surgem essas distorções contemporâneas horrorosas tipo “work hard, play hard”, para justificar um modelo de exagero no volume de trabalho, supostamente equilibrado pelo exagero na celebração. A realidade é: trabalho estressa, cansa, ocupa horas do dia e espaço mental que competem com outras áreas da vida. Mas é também, além de necessária fonte de renda, um exercício intelectual interessante que pode trazer muita satisfação. Entender que esses dois lados convivem, em qualquer tipo de empresa, é fundamental. Sextou?

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