Airbnb reforça atuação no Brasil
Plataforma que conecta turistas e interessados em hospedá-los em suas casas enxerga o País como um de seus mercados mais estratégicos
Plataforma que conecta turistas e interessados em hospedá-los em suas casas enxerga o País como um de seus mercados mais estratégicos
Meio & Mensagem
10 de novembro de 2014 - 9h55
Por Isabella Lessa, do ProXXIma
Durante a Copa do Mundo, muitos turistas trocaram a promessa de serviços impecáveis em hoteis pelo aconchego de autênticos lares brasileiros. No mês de junho, pessoas que abriram as portas de suas casas via Airbnb no País lucraram cerca de US$ 40 milhões. Neste período, a empresa também estreitou o relacionamento com o governo e com a Secretaria de Turismo de alguns estados, como foi o caso do Rio de Janeiro, Cuiabá e Belo Horizonte, “Na capital fluminense, por exemplo, o Airbnb incrementou em mais de 75% a capacidade hoteleira da cidade”, afirma Christian Gessner, diretor geral da companhia.
A cidade maravilhosa, aliás, ocupa o quarto lugar em números de anúncios e demanda na plataforma. Nova York vem em primeiro lugar, seguida de Paris e Londres.
Desde o início de sua operação, em 2008, o Airbnb vem trazendo o conceito de compartilhamento, hoje muito associado à midia social, para o mundo físico. Presente em mais de 192 países, a plataforma online é a ponte entre pessoas que estão dispostas a alugar suas casas e quartos e viajantes que procuram hospedagens com com um toque mais pessoal e descontraído.
Samuel Soares, gerente de marketing da empresa no Brasil, diz, com propriedade – afinal ele mesmo oferece acomodação em seu apartamento em São Paulo – que a experiência de quem usa o serviço tem caráter antropológico. “É um exercício de desapego permitir que alguém compartilhe dos seus bens pessoais em seu ambiente mais precioso, que é o lar”.
Os escritórios da empresa em outros países – são 12, no total, – surgiram para dar suporte aos anfitriões. Não foi diferente em São Paulo, cuja operação teve início em 2012. A equipe local percorreu diversas regiões brasileiras com a missão de apresentar o Airbnb a pessoas que, segundo pesquisas internas deles, poderiam vir a se tornar anfitriãs. “Quando abrimos escritório no País, muitos diziam que o brasileiro é desconfiado, que não iria querer alugar um quarto ou uma casa para uma pessoa que não conhece. Diante deste cenário, não só no mercado brasileiro, mas também em outros, o Airbnb implementou serviços e ferramentas de segurança que ajudam o usuário se sentir mais seguro. Antes da Copa projetávamos ter cerca de 30 mil anúncios ativos, quando na verdade conseguimos atingir 40 mil e hoje já passamos esta marca”, conta Soares. Soma-se a esse trabalho braçal o marketing online da empresa – 40% do budget é destinado para online marketing, que inclui campanhas no Google e Facebook.
Segundo Gessner, o Brasil é um país estratégico para o crescimento da empresa, por ter alguns dos destinos de férias mais procurados e por crescer de forma rápida no número de usuários. O atual foco da plataforma no País é encorajar o público da plataforma, que costuma viajar para o exterior, a conhecer destinos brasileiros. Para isso, a empresa tem uma equipe dedicada a atrair anfitriões para locais de férias populares, mas que ainda não tem presença significativa no Airbnb, como Búzios, Riviera e Guarujá. “Além disso, ideia é levar a mensagem a pessoas que não conhecem o serviço, dizendo que podem viajar com segurança e facilidade em nossa plataforma. Pretendemos fazer isso através de PR, social media e branding”.
O senso de comunidade é a grande força do Airbnb e fortalece-la é um dos principais planos da empresa para o futuro. Estão desenvolvendo um serviço chamado Local Companion, em fase de testes em São Francisco e Tóquio, que consistem em guias no app para ajudar o turista em tempo real. Uma equipe disponível 24 horas vai ajudar a pessoa com recomendações de restaurantes, pontos turísticos.
A plataforma também pode se tornar, em breve, um intercâmbio de experiências. “Estamos estudando disponibilizar pessoas que oferecem, por exemplo, aulas sobre como fazer feijoada. Quando a pessoa estiver na cidade, poderemos notificá-la a respeito desses eventos. É uma forma de empoderar micro empreendedores e diluir o dinheiro do turismo”, explica Samuel.
Trajetória
O site nasceu a partir de um problema. Em um apartamento alugado em São Francisco, os então recém-formados designers Brian Chesky e Joe Gebbia quebravam a cabeça para ter uma ideia genial de empreendedorismo. Em meio a tentativas que deram errado – entre elas uma cadeira em forma “de bunda” para dar mais conforto a funcionários de escritório – eles foram avisados de que o aluguel do imóvel iria aumentar cerca de 30% em cerca de um mês. Sem dinheiro e sem perspectivas de conseguirem pagar as despesas da casa, encontraram a solução para o problema deles e um problema externo. A Sociedade Americana de Design Industrial realizaria uma conferência na cidade e todos os hoteis estavam lotados. Então, decidiram oferecer a sala do apartamento para participantes do congresso que não haviam conseguido hospedagem.
De forma improvisada e com apenas “air beds and breakfast” (que depois viraria a sigla Airbnb), surgia, em 2008, a empresa. Depois de colocaram rapidamente um site no ar, receberam um pai de família americano, um indiano e uma jovem americana. A partir dessa primeira experiência bem-sucedida, convocaram Nathan Blecharczyk para ajudar no desenvolvimento e no marketing do site.
Depois de terem suas propostas de negócio negadas por muitos investidores e de pagarem do próprio bolso para levar a ideia adiante, passaram a se dedicar a conhecer pessoalmente as pessoas que utilizavam o site. A partir de críticas e sugestões dos próprios usuários, foram lapidando o serviço, que hoje é uma das principais referências quando se fala em economia compartilhada. O site abriga 800 mil anúncios ativos e mais de 20 milhões de pessoas já se hospedaram pela plataforma no mundo todo. Segundo o Wall Street Journal, o valor de mercado da empresa está avaliado em US$ 13 bilhões, o que a colocaria à frente do Hyatt Hotels.
Apesar do dado acima e de ser considerada uma alternativa mais barata do que hoteis, a empresa não se enxerga como concorrente direta das grandes redes hoteleiras. “Também oferecemos hospedagem, mas nosso produto é totalmente diferente. Até pouco tempo, os hoteis se vangloriavam de serem iguais em qualquer lugar, e nós descontruímos esse conceito, pois queremos que cada experiência seja diferente”, diz Soares.
Na visão de Soares, o Airbnb é sustentável em diversos aspectos. Em primeiro lugar, porque soluciona, de certa forma, a falta de espaço nas cidades. “Muitas pessoas têm cômodos em casa que não usam, tem gente que tem casa de praia que só vai uma vez por ano. Então, otimizamos esses espaços. Não é necessário construir hoteis só para grandes eventos, como a Copa do Mundo, que depois viram grandes elefantes brancos”. Outro ponto, salienta ele, é o princípio básica da economia compartilhada. “Para os anfitriões é economicamente vantajoso, porque cobramos somente 3%”. Além disso, o viajante sempre tem a opção de escolher bairros menos badalados “Saem de locais que são monopólio de turismo e, como consequência, ativamos o turismo nesses bairros também, pois as pessoas passam a consumir não só nos estabelecimentos mais famosos”, finaliza.
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