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Circuitos esportivos fogem das grandes capitais

Corridas de ruas estão gerando renda extra para cidades pequenas


19 de agosto de 2016 - 16h00

Democrática, acessível e com um baixo custo de investimento. Essas podem ser alguma das características que definem a corrida, prática esportiva que pode ser praticada em parques, ruas, academias, sozinha ou em grupos e sem a necessidade de investir muito dinheiro. O esporte que pode ser praticado em qualquer lugar, no entanto, está atraindo cada vez mais público para os eventos pagos.

Com a superlotação das grandes capitais com esses eventos – a cidade de São Paulo chega a receber quase quatro corridas de ruas por domingo -, as empresas estão começando a investir nas provas que levam o esportista para o interior e, consequentemente, levam mais renda para a cidade.

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O L’Etape Brasil ajudou a aumentar o número de turistas na região de Cunha, interior de São Paulo. (Crédito: Reprodução)

Esse é o exemplo do L’Etape Brasil by Le Tour de France, prova de ciclismo amador que escolheu a cidade de Cunha para abrigar o evento. Já em sua primeira edição realizada em 2015, o evento realizado pelo Grupo Manga garantiu à Cunha um aumento de 40% no turismo ao longo do ano desde que a cidade foi anunciada como sede.

De acordo com a empresa, por causa da competição, houve um aumento no PIB de mais de 7,5 milhões de reais na cidade e ultrapassou os 10 milhões na região. Neste ano, a expectativa da organização é garantir um incremento de 12 milhões para Cunha e 17 para a região. “A cidade de Cunha foi escolhida como sede da primeira edição do L’Étape Brasil principalmente pelas suas estradas com pavimentação perfeita e paisagens incríveis”, comenta Felipe Pontual, do Grupo Manga. “A população local, que participou de forma incrível do evento, nos abraçou da melhor maneira possível e segue fazendo os ciclistas que visitam a cidade se sentirem em casa, mostrando que acertamos na escolha do local. ”

Para a Okley, patrocinadora do L’Etape, a marca não poderia estar fora de uma das maiores provas de ciclismo do País. “Além de já sermos uma das parceiras do Le Tour de France, acreditamos que o apoio a esse tipo de evento é importante para fortalecer o esporte no Brasil”, comenta Kellen Dallanese, gerente de marketing da Oakley.

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O circuito Amazing Runs Ilha do Mel movimentou R$ 825 mil (Crédito: Reprodução)

A paisagem também é um fator determinante para a escolha das etapas do Circuito Amazing Runs, que acontece em cidades como Ilha do Mel, Garopaba e Bonito. Mas, para a empresa organizadora, a principal missão das provas é ajudar a criar uma conscientização das pessoas sobre a importância da preservação da biodiversidade local. “Esperamos que os atletas ao interagirem com o meio ambiente, mudem o seu comportamento de forma positiva no local, e levem também essas boas práticas de conduta para dentro de casa, ” comenta Arthur Trauczynski, da Global Vita.

A edição que aconteceu na Ilha do Mel contou com um total de 560 corredores inscritos que levaram, em média, dois acompanhantes. A pequena cidade que conta mais um pouco mais de mil habitantes, segundo dados do IBGE, só no final de semana da prova abrigou cerca de 1539 pessoas. De acordo com o levantamento feito pela Global Vita, a movimentação financeira em dois dias foi de R$825 mil.

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De 2014 a 2016, 2300 atletas já participaram da K21 Maresias (Crédito: Reprodução)

Para Luiz Gustavo do Amaral, da E2X, a grande missão da empresa é proporcionar à essas pequenas cidades uma nova possibilidade de renda. “Queremos transformar a paixão que o esporte proporciona em grandes negócios, além de contribuir com o crescimento sustentável de municípios que não tem uma grande exposição nacional e querem investir no esporte”, conta Luiz Gustavo.

Entre as provas organizadas pela E2X está o circuito K21, uma série de meias-maratonas em trilhas. Na edição desse ano, realizada no dia 18 de julho, a prova contou com 1.200 atletas e cerca de dois acompanhantes para cada. Considerando dois dias de evento e levando em conta hospedagem e alimentação, é possível estimar que a cidade de Maresias tenha ganhado quase R$ 3 milhões nesse período, uma média de R$400 por pessoa.

O trabalho com a população local também faz parte da construção do projeto dessas provas que fogem das grandes capitais. “Além dos ganhos relacionados ao turismo, temos como política de empresa a contratação mínima de 80% dos staffs localmente”, explica Arthur. Na edição da Ilha do Mel, 85% dos staffs presentes na prova, cerca de 123 pessoas, foram contratadas localmente. “Isso promove diversos benefícios, como capacitação da população local na realização de eventos e o estímulo ao empreendedorismo dentro da própria comunidade. Para promoção do esporte localmente, concedemos um desconto de 50% para os moradores dos destinos”, comenta. A E2X também trabalha com uma margem de 80% dos staffs contratados no município de origem, além de concederem descontos para atletas locais.

 

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