Como a vitoria da Apple mudará o mercado
Consultores ouvidos pelo Advertising Age indicam que haverá maior diversidade em design e produtos após condenação da Samsung por quebra de patentes. O Google também corre riscos
Consultores ouvidos pelo Advertising Age indicam que haverá maior diversidade em design e produtos após condenação da Samsung por quebra de patentes. O Google também corre riscos
Meio & Mensagem
27 de agosto de 2012 - 9h15
A vitória da Apple em sua disputa de patentes com a Samsung aumentou a pressão sobre fabricantes de smartphones, em todo o mundo. A tendência é de que a criação e o desenvolvimento de aparelhos deixem de girar em torno do iPhone, entregando mais opções para os consumidores, em um mercado de US$ 219,1 bilhões. Na última sexta-feira 24, um júri da Califórnia determinou que a Samsung pague US$ 1,05 bilhão a Apple, após considerar que a companhia coreana violou seis patentes para dispositivos móveis da concorrente americana.
O veredicto reforça a estratégia da Apple, que busca desencorajar a Samsung e outros players como a HTC e a LG Electronics de desenvolver e comercializar aparelhos que imitam o iPhone. Embora o golpe nos esforços da Samsung e seu parceiro de software Google Inc. em competir com a Apple seja a consequência imediata da decisão, para Carl Howe, analista do Yankee Grou, o resultado deve acarretar também em uma ampla gama de dispositivos e mais opções para os consumidores, uma vez que os rivais passarão a evitar dispendiosas disputas judiciais.
"Esta é uma grande vitória para a Apple", disse Howe. "É bom para a inovação. Demonstra que, se você criar algo novo, os outros não podem apenas desenvolver variações em cima do seu produto. Do ponto de vista da concorrência, diz que a cópia não é OK", disse Howe.
A Apple gostaria de acrescentar à sua vitória a proibição da comercialização de aparelhos móveis da Samsung nos EUA, a partir da infrações condenadas pelos jurados. A juíza Lucy Koh, que presidiu o julgamento e poderia ter aplicado multas que triplicassem o valor final da punição financeira à empresa coreana, irá considerar o pedido de liminar para a suspensão da Samsung em uma data posterior.
"A questão mais importante é se a Apple tem o direito a uma liminar deste tipo", disse Colleen Chien, professor assistente de direito na Universidade de Santa Clara. "Se conseguir, veremos alguns modelos de telefone novos surgirem, rapidamente – feitos não só pela Samsung, mas por todos os outros fabricantes de celulares que vendem produtos similares ao da Apple."
Próximos passos
A Samsung deve pedir ao juiz para anular a sentença. Caso não seja atendida, irá recorrer no caso. Mira Jang, porta-voz da Samsung, afirmou, por e-mail, que "o veredicto não deve ser visto como uma vitória para a Apple, mas como uma perda para o consumidor americano (…) culminando com menos opções, menos inovação e preços potencialmente mais altos."
"Há uma enorme lacuna entre o veredicto e realidade", disse Kevin Restivo, analista da International Data Corporation, em Toronto. "Não me parece que a Samsung perderá a liderança no mercado de smartphones para a Apple ou qualquer outra empresa no curto prazo", disse o Restivo. "Isso não vai mudar, a menos que
venda de smartphones Galaxy seja proibida em todo o mundo."
O veredicto também representa uma derrota para o Google, que pode ter de alterar recursos do Android, disse Kevin Rivette, fundador da Advisors LLC 3LP e ex-VP International da Business Machines Corp para estratégia de propriedade intelectual. "O Google está em uma posição na qual não gostaria (de estar)", disse Rivette, para quem os concorrentes do Google, incluindo a Microsoft, se beneficiarão se os fabricantes de smartphones passarem a procurar alternativas para o sistema Android, para evitar uma processo pela Apple. "A Microsoft é a grande vencedora. Os licenciados vão começar a deixar o Android. Eles são pessoas de negócios."
Batalha em quatro continentes
As disputas de patentes entre a Apple e a Samsung – que começaram quando a Samsung lançou seus smartphones Galaxy em 2010, e atualmente ocorrem em tribunais de quatro continentes – estão longe de terminar. Segundo o testemunho do julgamento, foi o próprio co-fundador da Apple, Steve Jobs, falecido no ano passado, que iniciou o contato com a Samsung, sobre suas preocupações de que os telefones Galaxy copiavam o iPhone. Uma audiência para o pedido da Apple para uma liminar está prevista para 20 de setembro. "Nós vimos a primeira grande vitória de uma batalha longa", estima Rivette.
Do Advertising Age, com informações da Bloomberg News
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