Digital House quer colaborar com a transformação digital no Brasil
Escola tem financiamento do The Rise Fund, de Bono Vox e Richard Branson, e pretende ajudar a preencher uma lacuna de 400 mil postos de trabalho em TI na América Latina
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Roseani Rocha
8 de maio de 2018 - 7h00
Ex-CEO da HSM, Carlos Alberto Júlio desde os tempos de executivo conciliava a rotina puxada com atividades educacionais. Agora, ele se dedica exclusivamente à instalação no Brasil da Digital House, definida por ele, que é o CEO, como uma escola para a nova economia.
Nascida há dois anos na Argentina, onde já formou três mil pessoas, a Digital House iniciou atividades por aqui no último dia 16 de abril. A escola de programação e outras disciplinas ligadas à cultura digital está instalada na Vila Olímpia, em São Paulo, e foi formada por um grupo de executivos que atuaram na HSM, incluindo Júlio, e hoje possui nove sócios, tendo como principal investidor o The Rise Fund – fundo que apoia empresas de impacto social e tem o envolvimento de estrelas como Box Vox, vocalista do U2, e o empreendedor Richard Branson, do Grupo Virgin. O fundo investiu US$ 26 milhões no projeto que inclui, além da abertura no Brasil, uma escola no México ano que vem e, em 2020, pretende se instalar na Colômbia, Chile e Peru.
Aqui, o impacto social esperado com a escola é que ela ajude o Brasil a realizar sua transformação digital. Segundo dados do Banco Mundial, a América Latina tem 400 mil vagas ligadas a TI em aberto, sendo praticamente a metade delas no Brasil. Mas, segundo Júlio, o número de empresários no Brasil que não acordaram para a necessidade dessa transformação deve chegar a 90%, o que faz, segundo ele, o País correr o risco de perder a chance de voltar ao grupo das principais economias globais. “A transformação digital é nossa última oportunidade de não nos desagarrarmos do primeiro mundo”, afirma o executivo que cita dados para defender sua preocupação atual. Segundo ele, ano passado, a China instalou em suas fábricas 180 mil robôs; os EUA, 80 mil; Alemanha, França e Japão, 60 mil e o Brasil… cinco mil. Seguindo no ritmo atual, em dez anos os chineses teriam 1,8 milhão de robôs; americanos, 800 mil; alemães, franceses e japoneses, 600 mil; e o Brasil, 50 mil.
Assim, a esperança da Digital House é ajudar a mudar esse quadro e preencher a lacuna de profissionais citada. “Os alunos aprendem a trabalhar na cultura digital, com uma criação colaborativa, em que se aprende com os outros e mesmo com os erros. Nossa ideia é transformar a vida das pessoas, ajudá-las, e, em consequência, colaborar com a transformação digital do país”, pondera. Por enquanto, a escola oferece cursos de cinco meses de programação web e mobile, marketing digital (indo para sua segunda turma, sendo cada uma com 40 alunos) e UX, outro tema com alta demanda; 70% do programa, diz o executivo, é pautado no “learn by doing”, ou seja, colocar a mão e o cérebro em ação. Dois cursos gerenciais, com duração de dois meses, também foram criados: Digital Talent, que passa pela transformação digital do RH, e Imersão Digital, e que o participante não aprende a fazer, mas toma conhecimento de temas como machine learning, IoT e campanhas digitais.
No primeiro caso, a promessa da escola é entregar não mais estagiários, mas profissionais em nível júnior prontos – e esse “júnior” nada tem a ver com idade, pois o público da Digital House é variado, tendo na mesma sala um jovem de 18 anos e um aluno de 65; em outra, do curso de marketing digital, mãe e filha estudam juntas. Carlos Alberto Júlio ressalta que 93% dos alunos formados na Argentina estão empregados e 79% foram empregados no 2º mês de curso. Isso ocorre porque a escola procura ter contato estreito com o mercado.
Os cursos podem ser parcelados em até 12 vezes, mesmo assim, a Digital House tem buscado estabelecer parcerias para trabalhar a inclusão de minorias e conversado com empresas que possam viabilizar bolsas. Na Argentina, o Facebook doou US$ 140 mil para esse propósito. No caso das bolsas, a Digital House se responsabilizaria por administrar o desempenho do aluno e a empresa doadora, por seu turno, teria prioridade no contato com novos talentos formados.
Já para os contatos com empresas que queiram formar talentos próprios, oferecendo planos de bolsas para quem já é funcionário, a Digital House chegou a contratar um diretor de novos negócios. Lucas Silveira (ex-Nike) foi quem assumiu o posto.
Em setembro e dezembro, já com as primeiras turmas formadas, a escola pretende repetir no Brasil o “Recruiting Day” que, na Argentina, chegou a empregar 1.300 pessoas num único dia. Dada a falta de mão-de-obra especializada no País, o CEO da Digital House não tem neste momento um plano de expansão, mas diz que certamente e deverá acontecer. Somente no estado de São Paulo, já haveria espaço para uma nova unidade na região da Av. Paulista e da cidade de Campinas, sem falar, diz ele, nas outras capitais do País.
Para tornar a escola conhecida no mercado local além de oferecê-la para funcionar como um hub digital em que parceiros possam realizar reuniões e encontros com públicos de interesse tem anunciado em portais como G1, UOL e o da revista Exame, assim como Google Words, Facebook e LinkedIn. As ações de marketing são parceria com a Execution, de Geraldo Rocha Azevedo, e houve também inserções em OOH, com a Ótima. De janeiro a março, o investimento foi de R$ 1 milhão. “O que para uma escola não é pouco”, pontua Júlio. Mas não deixa de estar de acordo com o tamanho da ambição que essa escola possui.
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