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“Investir em atualização é inteligente e traz retorno”

O gerente da Michael Page, Genis Fidelis, comenta sobre o mercado de trabalho, as novidades dos processos de seleção e as profissões que ainda nem existem


9 de outubro de 2018 - 9h09

“Um dos maiores ativos das empresas é o seu quadro de colaboradores”, afirma Genis Fidelis, da Michael Page (Crédito: Divulgação)

A tecnologia da informação (TI) é um dos cinco setores que mais contratou pessoas no ano passado. Indivíduos qualificados em TI são os responsáveis pela condução, nas empresas, dos processos de transformação digital que passam pelo big data, inteligência artificial, internet das coisas e, no geral, pelas mudanças de processos e tecnologias requeridas para se concretizar essa transformação.

O problema é que há uma escassez histórica da mão de obra qualificada. Segundo a IDC Brasil, atualmente, há, pelo menos, 100 mil vagas em TI que não são preenchidas porque não existem pessoas qualificadas para isso. Para comentar sobre isso e outros temas que envolvem o mercado de trabalho, o gerente da Michael Page, Genis Fidelis, concedeu a entrevista a seguir. A Michael Page é especializada no recrutamento e seleção de executivos de média e alta gerência.

Meio & Mensagem – Junto com a plataforma Foresight Factory, a Michael Page fez um levantamento em que identificou tendências do trabalho. Uma dessas tendências diz respeito ao currículo do futuro, cujo modelo tradicional cede lugar para um espaço interativo e personalizado, impulsionado pela inteligência artificial (IA). No universo em que as redes – LinkedIn, Facebook, Twitter e Instagram – são referências para os candidatos a vagas, qual é importância do currículo, ainda que modernizado?
Genis Fidelis: O currículo se transformou bastante, adquirindo novas formas, porém, continua sendo importante para uma primeira triagem em que pode servir para que o recrutador veja se o candidato possui experiência naquilo que se procura. Por isso, é importante que o candidato tenha evidenciado empresas, cargos e principais funções para fácil identificação do recrutador.

Meio & Mensagem – Sobre a IA, como influencia a formação de profissionais e até que ponto algumas indústrias substituirão pessoas por máquinas equipadas com IA, como os call centers e chatbots?
Fidelis: Podemos abordar essa mudança de duas formas. A primeira é trazer IA para o ensino. Poderemos adquirir mais informações de como estamos consumindo o conteúdo nas salas de aula e através de ensino a distância (EAD) e ter feedback para melhorar a comunicação, o canal e o próprio conteúdo. Assim, formaremos profissionais que poderão absorver mais, melhor e mais rapidamente conteúdo efetivamente relevante para o mercado. Por outro lado, ao passo que o mercado vai introduzindo IA no seu dia a dia, processos serão otimizados e pessoas poderão ser realocadas em atividades menos operacionais e mais criativas. Em vez de falarmos em substituição, poderíamos falar de agregar valor à mão de obra existente.

Meio & Mensagem – A evolução da tecnologia faz com que as pessoas se tornem cada vez mais flexíveis e, consequentemente, aprendam competências. Paralelamente, têm que dar conta dos processos rotineiros. Como conciliar a rotina obrigatória com o desenvolvimento das chamadas competências fluídas (liquid skills)?
Fidelis: Existe uma curva de senioridade das funções onde o trabalho operacional diminui quanto maior for o cargo. No entanto, processos rotineiros ocorrerão sempre. Nem tudo será automatizado enquanto estamos evoluindo. Até que a inovação de hoje se torne madura amanhã, todos teremos que conciliar a rotina obrigatória com nossas liquid skills.

Meio & Mensagem – O historiador Yuval Noah Harari (Sapiens e Homo Deus) diz que a evolução tecnológica poderá levar a um exército de inúteis, em que uma grande parcela da população mundial se verá sem ocupação, substituída que foi pela automação. Essas pessoas não poderiam ocupar novas funções porque não teriam a especialização necessária. Aliás, a qualificação da mão de obra em TI, no Brasil, sempre é apontada como um dos problemas para preencher as vagas. Qual é sua opinião sobre isso?
Fidelis: Os modelos e metodologias de ensino estão evoluindo também. Algumas empresas do novo mercado não exigem mais cursos de graduação, por exemplo. Existe uma mudança no formato dos cursos que estão sendo apresentados ao mercado para que profissionais consigam se especializar mais rapidamente em determinadas funções que estão aparecendo.

Meio & Mensagem – O ghosting, quando a pessoa deixa de dar sinal de vida depois que perde o interesse pela vaga, é atrelado, principalmente, aos millennials. Em que medida isso é um fato no Brasil?
Fidelis: Sim, já percebemos um sinal disso. Quando os millennials possuem posições em alta no mercado, eles são abordados frequentemente e isso faz como que o recrutador também tente criar elos com esses candidatos para que sempre estejam por perto e não saiam do radar. É importante que o recrutador seja atraente para os millennials também.

Meio & Mensagem – Qual é sua opinião sobre a seleção às cegas como forma de ampliar a diversidade das pessoas nas empresas?
Fidelis: Vemos cada vez mais as empresas quererem esse tipo de processo. Achamos que a empresa consegue ampliar a diversidade e os resultados têm sido satisfatórios em empresas com mais exigência de aumentar a diversidade.

Meio & Mensagem – O relatório The Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, mostra que 65% das crianças que iniciaram sua educação formal em 2016 se ocuparão com empregos que nem mesmo existem atualmente. Isso é verdade?
Fidelis: Vemos essa tendência, cada vez mais, principalmente na área digital. Desde 2016, começamos a fazer muitas vagas com nomenclaturas diferentes como gerente de felicidade do consumidor, voz do consumidor, experiência do usuário, sucesso do consumidor etc.

Meio & Mensagem – Qual é a responsabilidade das empresas na atualização da mão de obra, ainda que, no País, a reforma trabalhista tenha flexibilizado as relações por parte dos empregadores?
Fidelis: Um dos maiores ativos das empresas é o seu quadro de colaboradores. Investir em cursos e atualizações é inteligente e traz retorno. Sendo assim, uma empresa que investe em cursos tende a ter uma maior retenção de seus colaboradores. Cabe às empresas e aos profissionais entenderem como a reforma pode beneficiá-los nesse novo mercado procurando conciliar o melhor para ambos os lados.

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