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Longevidade é uma revolução ignorada pelo mercado

Em palestra no Marketing Network Brasil, médico Alexandre Kalache alerta: Brasil envelhece rápido, pobre e mal preparado; além disso, comunicação e empresas ainda desconhecem importância do tema


16 de maio de 2025 - 15h11

Ter visão de futuro e modernidade também é estar atento ao salto de longevidade que a população brasileira está dando, diz especialista (Crédito: Eduardo Lopes/maquinadafoto)

Durante sua participação na edição 2025 do Marketing Network Brasil, realizado pelo Meio & Mensagem no Tivoli Ecoresort, na Praia do Forte, na Bahia, o médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade, Dr. Alexandre Kalache, fez um convite provocativo à plateia: imagine-se com 80 anos. Onde você vai viver? De que vai morrer? Vai ter dinheiro? Vai ser ativo? Poucos têm respostas para essas perguntas — e esse é justamente o problema.

Referência global em políticas públicas para o envelhecimento, com passagem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Kalache trouxe dados e reflexões que mostram como o Brasil está despreparado para a revolução social da longevidade. “Quando me formei, em 1970, a expectativa de vida no País era de 57 anos. Hoje, o brasileiro ganhou mais de três décadas de vida, em média”, lembrou. “Mas estamos envelhecendo mal, com desigualdade e sem planejamento”, acrescentou.

Segundo ele, enquanto muitos investem em tentativas fúteis de não envelhecer, motivados por indústrias milagreiras, a verdadeira questão é como viver bem essa fase. “No Brasil, o idoso é sempre o outro. Não nos reconhecemos nesse lugar e, por isso, governos, empresas e até o marketing não cuidam da velhice como deveriam”, acrescentou dizendo fazer questão de se definir como um velho e se orgulhar das marcas das experiências que viveu estampadas no rosto.

De acordo com Kalache, até 2050, cerca de 68 milhões de brasileiros terão mais de 60 anos — uma transição demográfica que está acontecendo de forma muito mais acelerada que em países desenvolvidos. A França levou 120 anos para saltar de 10% para 20% de idosos na população. O Brasil fará esse mesmo salto entre 2011 e 2030.

E a agravante: o País envelhece sem ter enriquecido, ao contrário de países hoje desenvolvidos que, primeiro enriqueceram e, depois, envelheceram. “O Brasil está formando duas gerações perdidas: os nem-nem, que não estudam nem trabalham, e os sem-sem, que aos 50 anos já não terão renda nem emprego”, alertou, ao falar sobre os efeitos do envelhecimento precoce da base da pirâmide etária.

Kalache também destacou o papel transformador da educação, citando o exemplo da Coreia do Sul, que, nas últimas décadas, passou de um país devastado pela guerra a uma potência econômica, com renda per capita seis vezes superior à do Brasil.

Para ele, é urgente pensar a saúde de forma integrada — combinando medicina com sociologia, políticas públicas com participação social: “Precisamos de um novo modelo de curso de vida: saúde, educação, participação e segurança — financeira e social.”

Hoje, menos de 0,4% dos estudantes de saúde escolhem a disciplina de geriatria. “Dez por cento das faculdades nem sequer a oferecem”, criticou. “E a publicidade também precisa de um banho de gerontologia”, disse, pois o olhar atual ainda está preso a estereótipos e preconceitos.

Kalache defende uma nova visão sobre o envelhecimento, que abrace conceitos como a “gerontolescência” — a fase entre os 55 e os 85 anos, que pode (e deve) ser vivida com autonomia, prazer e dignidade. Mas isso exigirá enfrentar o maior desafio de todos: o idadismo. O preconceito contra o velho é a pedra no caminho. E ele piora quando o idoso é mulher, pobre ou negro, lembrou o especialista.

A mensagem final do Dr Kalache aos profissionais de marketing e comunicação foi clara: é preciso reinventar a narrativa da velhice, com inteligência, empatia e estratégia.

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