Meio & Mensagem
14 de dezembro de 2011 - 1h45
“Nenhuma pessoa física ou jurídica que, direta ou indiretamente, seja detentora de parcela do capital com direito a voto ou, de qualquer forma, participe da administração de qualquer entidade de prática desportiva poderá ter participação simultânea no capital social ou na gestão de outra entidade de prática desportiva disputante da mesma competição profissional”, artigo 27 da Lei Pelé que institui as normas gerais sobre o esporte no Brasil.
No atropelo da lei, os times do Cruzeiro e do Atlético Mineiro, rivais históricos da cidade de Belo Horizonte, entraram em campo no domingo, 4 de dezembro, na situação em que um, o Galo Mineiro, poderia, ao vencer, mandar a Raposa, para a segunda divisão. Verdadeiro sonho de todo torcedor alvinegro.
Bons tempos em que a Raposa de Minas era o apelido de time. Hoje a verdadeira raposa mineira do futebol brasileiro é o banco BMG. Quem conhece uma agência?
Preocupado com o destino do futebol nacional a instituição financeira (Encontraram uma agência?) empresta dinheiro aos insolventes clubes e, como pagamento ou garantia, recebe cotas patrimoniais de jogadores e assina sua marca (SIC) nas camisetas. Tudo articulado por um competente departamento de marketing que posiciona o banco BMG para que, quando os brasileiros andarem pelas ruas e se depararem com uma fachada estampada com a marca, a identifiquem como parceira da paixão nacional. Cadê a fachada? Aceito fotos.
No mínimo 12 equipes brasileiras mantém negócios com o banco que, dessa forma tem o direito de assinar as camisetas dos clubes, uma espécie de "manto sagrado", com direito a aparições televisivas sem as tradicionais restrições ao merchandising. Deve ser por que todos reconhecem ser o BMG o verdadeiro banco do povo brasileiro. Uma agência pelo amor de Deus!
Ao ser sócio de jogadores (estima-se 50 deles) através do fundo Soccer BR1 e credor dos clubes, o BMG "participa da gestão" de mais de uma equipe e, portanto, está enquadrado nas limitações da Lei Pelé. Algo, aparentemente, irrelevante diante do histórico de serviços prestados ao Brasil pela instituição financeira.
Para quem desconhece ou ainda duvida dos serviços do BMG para o esporte nacional vale descrever o que aconteceu no jogo entre os rivais Cruzeiro e Atlético Mineiro. Necessitado da vitória para permanecer Série A do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro não só venceu como aplicou uma goleada inédita no rival, 6 X 1, e dessa forma salvou os investimentos do banco, seu patrocinador. Por seu lado o Atlético Mineiro ao se render aos encantos do futebol arte do rival prestes a ser rebaixado, também salvou os investimentos do banco, também seu patrocinador. Ou seja, contrariando Otto Lara, mineiro não é solidário só no câncer.
Alguns, mais afoitos, afirmam que a operação se deu pela transferência de recursos de patrocínio do Cruzeiro para o Atlético em 2012. Um ajuste de contas desprovido de qualquer moral ou ética, feito nas barbas das duas torcidas que, rigorosamente, não significam nada para os que patrocinam o futebol brasileiro. Então, por que patrocinam?
Diante disso tudo é conveniente dobrar a atenção no vinculo das marcas aos clubes, arenas ou transmissões futebolísticas sob pena de verem seus nomes apoiarem safadezas. Sem recursos a tendência é pela moralização. Enquanto isso não acontece vamos continuar procurando uma agência do banco BMG.
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