SPFW transforma Metro em passarela

Janaina Langsdorff
25 de outubro de 2013 - 8h32

A 36ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) começa na próxima segunda-feira 28, no Parque Villa Lobos, com O Boticário, Iguatemi, Melissa, Ipanema e Sky entre os patrocinadores do evento que nasceu pelas mãos de Paulo Borges em 1996 como Morumbi Fashion Brasil. Já entre os parceiros institucionais, estão a prefeitura e o governo de São Paulo, Sebrae, Secretaria dos Transportes Metropolitanos, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Metrô, entre outros. Tantos representantes ligados ao transporte explicam o tema da semana de moda, que nesta edição aborda a questão da mobilidade.

Não à toa, os desfiles foram distribuídos por diversos locais da capital paulista. A coleção de Alexandre Herchcovitch será apresentada no Teatro Municipal, enquanto unidades do Ceus receberão workshops, exposições e desfiles com o objetivo de mostrar que a moda vai além da roupa. Na estação Ana Rosa do Metrô será montado um estúdio para customização de peças e um camarim transparente será instalado na Estação Vila Madalena, permitindo que os passageiros assistam à preparação das modelos. Vestidos com novas criações de diversos estilistas, eles partem para uma viagem interativa com o público, seguindo o movimento de outros famosos, como Perry Farrell, líder do Jane’s Addiction e fundador do Lollapalooza, que recentemente andou de trem para ir até Interlagos, novo endereço do festival.

Projeto Crio
As novidades desta edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) reforçam um dos projetos criados pela Luminosidade, empresa liderada por Paulo Borges. Chamado Crio, o programa chega ao Rio de Janeiro no fim de 2014 com o objetivo de usar a criatividade para buscar soluções urbanas. “Atraindo a classe de criativos, conseguiremos discutir alternativas urbanas, seguindo o exemplo de cidades, como Nova York, que adotaram a política de economia criativa como drive de desenvolvimento”, diz Paulo Borges.

O estilista já explora os pilares da economia criativa desde meados de 2007, quando ninguém sequer falava sobre o conceito. Da moda para o design, fotografia e arquitetura, o CEO da Luminosidade trabalha para tirar as pessoas da zona de conforto e fomentar inovações capazes de remover as bases criativas do País. “A Luminosidade nasceu com uma causa mais ampla do que moda e acabou reconhecida no mundo inteiro como agente transformador e gerador da moda no Brasil, além de hub de economia criativa. O objetivo é fazer com que as pessoas percebam a efervescência provocada pela economia criativa, as possibilidades de troca, de sair da zona de conforto e inovar”, acrescenta Borges.

Economia criativa
Hoje, a Luminosidade é voltada para a construção de projetos de entretenimento e conteúdos proprietários criados a partir da sensibilidade dos profissionais que atuam ao lado de Borges. “É isso que nos diferencia. Em todo projeto, a gente pergunta ‘por que, para que e com quem’ a fim de checar se a ideia está inserida dentro das nossas crenças”. O medo de arriscar também não existe. “Há 30 anos, a moda era um celeiro de preconceitos no Brasil, começando pela própria profissão de modelo. A profissão de estilista nem existia e o mercado era visto como um negócio supérfluo. Ter a alma ligada no processo é fundamental para enfrentar todo tipo de problema tanto cultural como social”, garante ele.

A discussão do padrão de beleza é uma das polêmicas envolvendo o mundo da moda, mas para Borges ela está associada a um problema cultural, de autoestima. “A moda é um retrovisor comportamental, apenas reflete um momento da sociedade, nunca o contrário”, adverte. Outra crítica está ligada ao tamanho das peças. Segundo Borges, isso ocorre por falta de conhecimento da estrutura do negócio. “Ninguém faz roupas dos tamanhos 38 ao 48 porque uma escala de numeração tão grande é cara do ponto de vista industrial. Quem produz no Brasil hoje é herói porque o maior concorrente das grifes e estilistas é o próprio governo, que tira a competitividade do setor com a sobrecarga de impostos”, reclama ele.

Há ainda a questão da idade ligada à anorexia. Há cerca de sete anos, a Luminosidade decidiu proibir o acesso de modelos com menos de 16 anos aos desfiles. A decisão foi sugerida por especialistas que mostraram a existência de uma zona de risco a partir dos 13 anos. Quando a menina chega aos 16 anos, os hormônios explodem e se ela não tiver o biótipo natural de uma pessoa magra, acabará engordando. “Utilizamos a força institucional do SPFW e a regra acabou seguida em todo o Brasil. Em Nova York, virou recomendação ou regra moral”, pontua Paulo Borges.

São Paulo Future Kids (SPFK)

Nesta edição do SPFW, que vai até o dia 1 de novembro, Paulo Borges anuncia a criação do São Paulo Future Kids (SPFK). Duas ações marcam a prévia do que acontecerá em 2014. Uma da Marisol, com desfile da coleção do inverno de 2014 da marca Lilica Ripilica, única grife infantil a participar, pela primeira vez, do evento. O desfile marcado para o dia 30 de outubro, às 16h, contará com a presença da top Isabelli Fontana e seus filhos, Zion e Lucas, na primeira fila. A outra ação é encampada pela Mattel, que fará uma intervenção artística da marca Hot Wheels. Em 2014, serão três dias de desfiles, além de exposições e palestras. A semana de moda contará ainda com o SPFW TV, que fará a cobertura para a internet, em alta definição. O evento será exibido ao vivo pelo canal GNT e na internet pelo portal FFW.com.br e pelo Terra.

Transmissão

Serão oito horas de transmissões ininterruptas ao dia, com destaque para o Estúdio SFPW Terra, patrocinado pela Colgate. Durante a transmissão, a apresentadora Sarah Oliveira conversará com convidados especiais e Paola de Orleans e Bragança, a princesa brasileira, mostrará os momentos que antecedem os desfiles. “A continuidade da parceria de transmissão dos desfiles dos principais eventos de moda do País demonstra nosso comprometimento com o público das novidades do canal Terra Style“, declara Luciane Aquino, vice-presidente global de mídia do Terra, em nota.

Vídeos, textos, fotos, entrevistas exclusivas e curiosidades dos seis dias de desfiles poderão ser vistos pelo site em PCs, smartphones, tablets e TVs conectadas. Entre as principais atrações da 36ª edição do SPFW, estão os desfiles de Alexandre Herchcovitch, Pedro Lourenço e Reinaldo Lourenço. 

Confira a programação completa a seguir :

Segunda-feira (28/10)
Animale – 17h30
Uma Raquel Davidowicz – 18h30
Tufi Duek – 20h
Osklen – 21h30

Terça-Feira (29/10)
Alexandre Herchcovitch – 10h30
Acquastudio – 16h
Fernanda Yamamoto – 17h30
Vitorino Campos – 19h
Juliana Jabour – 20h

Quarta-feira (30/10)
FH Fause Haten – 10h30
Ellus – 11h30
João Pimenta – 17h
Forum – 19h
Triton – 21h
Cavalera – 22h

Quinta-feira (31/10)
Pedro Lourenço – 10h30
Gloria Coelho – 14h
Ronaldo Fraga – 16h
Patricia Motta – 17h30
Lino Villaventura – 19h
Colcci – 20h30

Sexta-feira (01/11)
Reinaldo Lourenço – 11h30
Amapô – 17h
Têca por Hêlo Rocha – 18h30
Alexandre Herchcovitch – 19h30
Samuel Cirnansck – 21h

Leia entrevista com Paulo Borges na edição 1583, de 28 de outubro, exclusivamente para assinantes de Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa ou para tablets Apple e Android.