A repercussão de “O Mecanismo” nas redes sociais
Série da Netflix mobiliza debates em meio a tensões políticas, discussões sobre fake news e ano eleitoral no Brasil
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Luiz Gustavo Pacete
27 de março de 2018 - 11h05
A série O Mecanismo, da Netflix, foi um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda-feira, 26. A Netflix Brasil lida desde a sexta-feira passada, 23, com uma grande repercussão gerada por uma de suas produções. Com José Padilha na direção e Selton Mello no protagonismo, O Mecanismo liderou os trends do Twitter após alguns movimentos contrários ao teor da série que retrata os desdobramentos da Operação Lava Jato no Brasil.
Levantamento da Airfluencers para o Meio & Mensagem considerando dados de sexta-feira, 23, a segunda-feira, 26, mostra que a conta do Twitter da Netflix Brasil foi marcada 10.332 vezes em tuítes relacionados ao assunto, enquanto o perfil da série O Mecanismo foi citado 3.099 vezes. A página da ex-presidente Dilma Rousseff, que afirmou que a série propaga “fake news”, aparece com 837 marcações. O levantamento também identifica 4.528 retweets da conta do crítico de cinema Pablo Villaça, um dos primeiros a dizer que “cancelaria a assinatura da Netflix” em oposição à série.
João Paulo Rego, professor especialista em marketing digital da FGV, reforça que o clima político nas redes sociais já anda tenso incluindo episódios como Fake News e Facebook e Cambridge Analytica. No entanto, ele reforça que o boicote é pequeno perto da base da Netflix. “Sobre o boicote à plataforma por alguns grupos ativistas, não haverá de fato nenhum impacto financeiro para empresa com os poucos usuários que façam de fato o cancelamento, como forma de protesto político. A empresa teve aumento da base de assinantes de 25% ano passado e a empresa já avaliada no mercado em mais de US$ 100 bilhões”, afirma João Paulo.
Tá difícil competir, Netflix
Até esta terça-feira, 26, a Netflix não se pronunciou diretamente sobre a repercussão. A plataforma já entrou várias vezes em discussões políticas relacionadas ao Brasil principalmente para promover sua série House of Cards. Em maio do ano passado, por exemplo, pouco mais de uma hora depois de O Globo ter publicado trechos das delações premiadas de Joesley e Wesley Batista, sócios da JBS, a Netflix e House of Cards lideravam os temas mais comentados no Twitter. Tudo isso ocorreu após um post da conta da série em inglês, fazendo menção aos escândalos políticos no Brasil. Em português, a frase “Tá difícil competir!” chamou a atenção da internet e dos veículos, no Brasil, e no mundo, que estavam cobrindo o caso.
Outras tentativas de boicote à Netflix
Nesta segunda-feira, 26, Thierry Fremaux, diretor do Festival de Cannes justificou o fato de a Netflix ter sido banida do evento. Ele afirmou que qualquer filme que for selecionado para a competição precisa ser exibido nos cinemas, o que não ocorre com as produções da Netflix.
No início de 2018, a atriz e comediante Mo’Nique, ganhadora do Oscar pelo filme Preciosa, pediu um boicote ao Netflix, em sua conta no Instagram, por, segundo ela, ter recebido a proposta de um cachê inferior ao oferecido aos seus colegas homens e brancos. A oferta teria sido para um novo projeto da plataforma.
Em junho de 2017, a produção da Netflix, Okja, sofreu boicote na Coreia do Sul, país natal do diretor do filme, Joon Ho Bong. As três maiores empresas de distribuição cinematográfica do país se recusaram a exibir a produção já que ela estaria disponível apenas na plataforma e isso fere a indústria como um todo.
No mês de maio de 2017, alguns integrantes do júri do 70° Festival de Cannes, entre eles o diretor espanhol Pedro Almodóvar, criticaram a presença da Netflix em competições de cinema. Segundo eles, o motivo é que a Netflix não lança suas produções em circuito comercial.
No mês de abril de 2017, a primeira temporada da série recebeu críticas de diversas entidades ligadas ao combate ao suicídio. A obra chegou a ser proibida no Canadá e na Nova Zelândia por, supostamente, incentivar a prática suicida. No Brasil, o Centro de Apoio Operacional recomendou à Justiça que impedisse a exibição da série.
Em março de 2017, a adaptação americana do mangá Death Note, foi criticada e acusada de promover “embranquecimento” de personagens não caucasianos. Nas redes, vários pedidos de boicote à Netflix pela montagem da produção.
Em fevereiro de 2017, a série Cara Gente Branca sofreu um boicote iniciado por alguns assinantes nos Estados Unidos. Eles alegavam que a série ofendeu a pessoas brancas por usar nome e teor que davam uma conotação “antibranco”.
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