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Mídia

Quem são os tiktokers e como eles ganham dinheiro?

Mais do que dancinhas e dublagens, os produtores de conteúdo da plataforma tem frequência e volume de postagens e estão ligados nas tendências


3 de agosto de 2020 - 6h00

Conhecido pelas dancinhas e dublagens, o TikTok se tornou o aplicativo mais baixado no mundo durante o período de pandemia. No primeiro semestre de 2020, o app teve 315 milhões de downloads – somando, ao todo, mais de 2 bilhões de downloads. E não é para menos: com cada vez mais tempo em casa, por conta do isolamento social, as pessoas passaram a buscar cada vez mais formas de se entreter. É nesse cenário que os tiktokers, como são conhecidos os influenciadores da rede social, ganham destaque. Mas o que é um tiktoker?

 

Criadores de conteúdo no TikTok: Kaique Brito, Camilla de Lucas e Klébio Damas (Crédito: reprodução)

Segundo Camilla de Lucas, influenciadora digital ativa na plataforma, ser um tiktoker é ter a liberdade de criar. “No Instagram ainda vejo que tem uma galera muito mecanizada, em busca da perfeição; no Twitter as pessoas ficam pensando muiton o que vão falar, e no canal do YouTube também, porque tem vídeos mais longos e muita produção. No TikTok, não. Se você quiser fazer um vídeo de maquiagem super produzido, você faz; se quiser estar na sua cozinha e gravar uma dublagem, você também faz”, explica. Para ela, é essa liberdade de criar com o pouco que se tem na mão que fez a rede social se tornar um sucesso.

Para Kaique Brito, que viralizou na plataforma com seus vídeos dublando discursos políticos com os quais não concorda, para ser um tiktoker é preciso gostar de gravar, ter certa frequência e gostar do que faz. Kaique, no entanto, afirma que muita gente em um preconceito com o título de tiktoker. “O TikTok, assim como todas as outras redes sociais, tem meio que um preconceitozinho com o nome e eu até entendo, porque o estereótipo do tiktoker é de quem só está lá para gravar dancinha. Mas, quando vamos ver, não é só isso”, complementa.

Klébio Damas concorda com Kaique que para ser um tiktoker é preciso ter frequência, e adiciona outras características, como ser antenado nas trendings e produzir bastante conteúdo. “O TikTok é uma rede social muito de trending, o que é um pouco diferente do Instagram, em que até existe uma trending, mas é muito nichada. No TikTok é mais geral. Então, se você deixa de entrar no TikTok por três dias, já perdeu uma trending que passou. É tudo muito imediato”, explica.

For You

Por falar em trending, diferentemente de outras redes sociais como Facebook e Instagram, na plataforma da empresa chinesa ByteDance o usuário tem menos acesso ao que seus seguidores postam e mais a assuntos que são de seu interesse, no feed chamado “For You” (que em português significa, “Para Você”). “São conteúdos relevantes, que tem a ver com o que você curte e isso acaba atraindo muito, principalmente, os jovens, porque facilita muito a questão de ganhar seguidores e views. Não é preciso ter muitos seguidores para ter muitos views. Basta ser relevante na plataforma”, analisa Klébio.

“No TikTok quem você segue não importa: o que importa é se eu estou vendo conteúdo de maquiagem e a plataforma identifica que eu gosto daquele tipo de conteúdo. Assim, ela me apresenta novas pessoas, grandes e pequenas, em termos de seguidores, que fazem esse tipo de conteúdo”, comenta Fatima Pissarra, CEO da Mynd, grupo especializado em música, cultura digital e entretenimento.

Segundo a executiva, esse algoritmo é interessante para as marcas dentro da plataforma. “Se há um tipo de consumo no TikTok que tem a ver com receitas ou maquiagem, por exemplo, a marca consegue se inserir e atingir o público no tipo de conteúdo que ele quero ver. Já no Instagram, falamos mais de endosso: se aquele influenciador vai endossar a minha marca, mas não necessariamente eu o sigo por causa de receitas ou beleza, e mais porque ele tem a ver comigo'”.

Como ganhar dinheiro na plataforma

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Como a rede social não possui uma forma de monetização – como no YouTube – os tiktokers tem que recorrer a outras estratégias para conseguir ganhar dinheiro na plataforma. A primeira delas é com as lives. O TikTok permite que os espectadores das lives doem dinheiro em forma de presentes aos criadores de conteúdo, durante as transmissões ao vivo. Ao final da live, é possível resgatar 50% dos presentes e os outros 50% são divididos entre o TikTok e a Google Play Store ou a Apple Store. Só podem fazer lives, no entanto, pessoas acima de 18 anos.

Outra forma de ganhar dinheiro na rede social é com publicidade. Camilla, de 25, e Klébio, de 22, já estão apostando em parcerias com marcas como Fini, Sallve, iFood, Natura e Universidade Estácio de Sá. “As marcas estão aprendendo. Estão vendo que ali é um lugar que dá para fazer muita coisa e eles estão testando muita coisa. Muita marca vai para dancinha, outras vão para o desafio de abaixar o dedo e algumas trends do TikTok. Isso está ficando muito forte”, comenta Klébio.

Uma oportunidade para as marcas

Uma marca que viralizou na plataforma após realizar uma ação com o Mário Júnior, conhecido por fazer vídeos no estilo POV (point of view) em que fala com a câmera coisas ele acredita que garotas de sua idade (20 anos) gostariam de ouvir, foi a Leite Moça. Em ação criada pela FCB Brasil, a marca apareceu nesses vídeos da Mario como se fosse a jovem com que ele tanto fala. De acordo com Anna Martha, diretora executiva de criação da agência, a ideia não foi pensada por ser no TikTok ou por envolver um tiktoker, mas sim pelo burburinho ao redor da história da Mario nas redes. “Quando tivemos essa ideia, não estávamos com o briefing de ter uma ação no TikTok para Leite Moça, nem um briefing com o Mario. Isso foi uma proatividade da agência, foi uma ideia que tivemos que surgiu com essa observação”, explica a diretora.

Apesar de ter sido um sucesso, Anna alerta que a entrada das marcas, tanto no TikTok quanto em qualquer rede social, tem que ser algo planejado e bem pensado para não se tornar um tiro no pé. “Assim como todas as outras redes sociais, você terá aquele momento de ver se ela vence a arrebentação. Então, é preciso muito cuidado para dizer ‘vou estar lá oficialmente’, para não parecer um tiozão querendo entrar na festa. A gente sempre recomenda isso para os nossos clientes, que não necessariamente precisam estar lá oficialmente, mas podem estar lá como assunto, como foi o caso do Leite Moça”, finaliza.

**Crédito da imagem no topo: Kon Karampelas/Unsplash

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