Inovação, segurança e sustentabilidade: O que se pode esperar do 5G privado?
A conclusão do Mobile World Congress na última quinta-feira, no entanto, deixará uma pulga atrás na orelha de vários tomadores de decisões dentro de operadoras
A conclusão do Mobile World Congress na última quinta-feira, no entanto, deixará uma pulga atrás na orelha de vários tomadores de decisões dentro de operadoras
1 de março de 2024 - 15h53
Após a imersão de quatro dias no futuro da tecnologia, consumo e desenvolvimento de negócios, o visitante do Mobile World Congress (MWC) sairia deslumbrado com o conhecimento e prática adquiridos nas áreas de nuvem híbrida, automação de processos (e sua variante hyper-automation), segurança corporativa, ecossistema de parceiros e, como não seria diferente, a ampliação da Inteligência Artificial para todos os campos do mercado, desde sua implementação em telecomunicações (Telco) até o uso mais direcionado para o setores entretenimento, a exemplo do streaming e a indústria de games.
A conclusão do Mobile World Congress na última quinta-feira, no entanto, deixará uma pulga atrás na orelha de vários tomadores de decisões dentro de operadoras. Uma das grandes discussões travadas no evento deste ano foi uma realidade que o setor já vive desde a implementação do 5G, em 2019, a diminuição receita de organizações frente ao crescimento do consumo e tráfego de dados mundialmente. Para se ter uma ideia do tamanho da expansão da banda de 5ª geração, um relatório da GSMA Intelligence, consultoria de tecnologia para área, atualmente existem 1.6 bilhão de conexões da banda no mundo que devem chegar à cifra astronômica de 5.5 bilhões até 2030.
Data products & APIs: as apostas da indústria
Ainda segundo o estudo, que compilou dados de 2023 em mais de 261 teles espalhadas por 101 países, o custo de investimento para adquirir infraestrutura, habilitar data center es capacitar profissionais para atuar com as inovações 5G é da grandeza 4 para 1 em relação ao lucro de operadoras e empresas terceirizadas. Em outras palavras, a conta simplesmente não fecha…Se por um lado, organizações têm sido mais cautelosas a respeito de suas aplicações de tecnologia, limitando o escopo disruptivo e criativo, por outro, a urgência de encontrar soluções de curto e médio prazo fez com que a implementação de soluções AI/ML (Inteligência Artificial e Machine Learning) fossem aceleradas.
Não é à toa que uma das saídas para monetizar o 5G tem sido investir esforços em APIs e data products, que permitiram otimizar custos dentro das redes. A primeira aposta abrange o uso de ferramentas e instrumentos para monitorar a qualidade da banda, localizar dispositivos móveis, autenticar dados e facilitar a cobrança de faturas, são “facilitadores” para empresas e consumidores finais. No ponto seguinte, os produtos derivados de dados, nada mais representam do que uma disciplina robusta e inovadora, a qual utiliza tecnologias para processar e armazenar quantidades massivas de dados que podem ser analisadas, refinadas e entendidas como uma fonte inesgotável de aprendizados e insights.
Conexões mais estáveis, redes mais seguras e novos serviços disponíveis na faixa 5G, por exemplo, são possíveis hoje graças a essa metodologia voltada para dados e aberta e soluções de entrega ágil para empresas e clientes. Com efeito, de acordo com o Ericsson Mobility Report 2024, disponibilizado pela Ericsson no começo de fevereiro, a apresentação de novas soluções de tecnologia e negócios é o primeiro passo para transformar a natureza deficitária da 5ª geração em uma fonte de renda segura. Para isso, o estudo apresenta quatro áreas que podem servir para alavancar a tecnologia e, sobretudo, criar uma cadeia de valor que amplie negócios e favoreça clientes.
Entre os destaques do relatório para a criação de valor está a consolidação das redes privadas de 5G, uma modalidade de banda semelhante à conexão tradicional, mas ajustada às necessidades e demandas particulares, como bibliotecas, indústrias e ainda ambientes profissionais de encontro, a exemplo de espaços de coworking. O diferencial da abordagem exclusiva é oferecer menos latência, um alto rendimento de dados, uma cobertura estendida e, sobretudo, mais produtividade para máquinas e softwares que cada vez mais estão integradas aos processos digitais de empresas a partir da internet das coisas (IoT) ou outras formas de comunicação autônoma.
Inovação on-demand: flexibilidade para se ajustar às novas demandas
Outra grande vantagem do formato privado é rápida integração a aplicações e dispositivos nativos na cloud, permitindo que as novas ferramentas de Inteligência Artificial e Machine Learning (AI/ML) consigam gerar mais valor para organizações e espaços públicos à medida que exista a necessidade de expandir
operações ou incorporar funcionalidades em seu ecossistema de tecnologia. Essa característica flexível e inovadora proporciona mais assertividade e segurança para ambientes individualizados e, sobretudo, locais destinados à troca de experiência e formação de alianças, tendo em vista que a conexão apresenta uma série de protocolos e boas práticas de cibersegurança que impedem que informações sensíveis saiam daquele domínio.
E falando em segurança, o 5G privado tem sido um grande aliado para o monitoramento de propriedades rurais, via drones, a proteção de portos e aeroportos, por meio de algoritmos desenvolvidos para câmeras de vigilância e, ainda, proporciona uma resposta a acidentes ambientais, como o derramamento de petróleo e a poluição de rios e afluentes por dejetos industriais. Das demandas de produtividade e eficiência, passando pela segurança de parcerias e agenda ESG, o formato de banda isolado proporciona uma série de benefícios para clientes, fornecedores e, sobretudo, operadoras que apostam esforços na tecnologia.
Decerto, ainda levará tempo para que as empresas brasileiras e latino-americanas se animem com a modalidade, no entanto, uma vez que desembarcarem nesses mercados, os diferenciais econômicos, produtivos e sociais da metodologia privada atrairão novos players para redes 5G mais restritas e otimizadas. E como sempre, o atalho para a adoção dessa tecnologia é dado por meio de uma mentalidade aberta e holística, a qual encontra soluções e treinamentos baseados em dados abertos e metodologias inovadoras para potencializar o ambiente de negócio e reduzir a curva de aprendizados
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