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Opinião

MWC 2024: por que devemos nos preocupar com endereços IP?

No MWC 2024, foi lançado um artigo, intitulado Artigo Técnico sobre o IPv6 no Brasil, que analisa a situação do IPv6 no país e no mundo


28 de fevereiro de 2024 - 14h58

As Tecnologias de Informação e da Comunicação (TICs) são reconhecidas como exponenciais, ou seja, dobram seu desempenho de uma geração para outra e em um curto período de tempo, impactando os setores produtivos, as instituições governamentais e nossa vida cotidiana. No MWC 2024, por exemplo, estamos conhecendo soluções disruptivas aplicadas à conectividade 5.5G, que deve chegar ao Brasil em 2027. Com essa tecnologia, centenas de milhares de dispositivos poderão se conectar à internet. E não estamos falando somente de celulares e computadores, mas da Internet das Coisas (IoT) e de milhões de carros.

Garantir que todos esses aparelhos operem de forma segura e eficiente depende de vários fatores, além da conectividade ultrarrápida. Cada aparelho que acessa a internet recebe um endereço individual e exclusivo que o identifica – o endereço IP. Sua função é identificar os emissores e os receptores de mensagens e garantir que a troca de informações, no meio interminável que é a internet, flua de maneira automática e constante. É assim quando assistimos a um vídeo ou quando fazemos uma transferência bancária, por exemplo. Em muitos casos, também ajuda a mapear possíveis fraudes.

Em testes de uso do 5.5G na China, com automóveis embarcados com direção autônoma e outros dispositivos baseados em modelos de inteligência artificial (IA), a identificação via IP é fundamental para garantir as respostas adequadas e no tempo exato. Não está muito longe o momento em que teremos milhares de carros pilotados de forma automatizada em nossas ruas, trocando informações com a via em tempo real. A garantia da segurança de operação tão complexa também depende dos endereços IP.

Esses protocolos são definidos por instituições multilaterais lideradas pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), que periodicamente lança novos padrões que alimentam todo o sistema. No momento, estamos em uma situação de transição: o padrão IPv4 (Internet Protocol Version 4), responsável pelos endereços que temos hoje, esgotou-se. Em seu lugar, foi criado o IPv6, a solução para as novas demandas por conectividade, o aumento exponencial no número de dispositivos e o surgimento da IoT, da IA e da computação na nuvem.

No MWC 2024, foi lançado um artigo, intitulado Artigo Técnico sobre o IPv6 no Brasil, que analisa a situação do IPv6 no país e no mundo. A pesquisa é fruto de uma parceria entre o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Huawei, e mostra que, apesar dos esforços do ecossistema de telecomunicações, percebe-se que o avanço não acontece no ritmo necessário, principalmente entre os provedores de conteúdo. Isso pode gerar atrasos na implantação de serviços que têm como base as tecnologias 5G e 5.5G e, por consequência, atrasar a transformação digital brasileira.

O novo padrão apresenta vários benefícios. Há correções das limitações anteriores e configuração mais simplificada, maior segurança, qualidade e apoio à inovação. O IPv4 gera endereços de 32 bits, com capacidade total de 4,3 bilhões. O IPv6 gera endereços de 128 bits e pode alcançar um número que beira os 340 undecilhões (cada undecilhão equivale a 1000 decilhões). Isso significa que o IPv6 oferece 1.028 vezes mais endereços do que o IPv4, resolvendo o atual problema de esgotamento.

Atualmente, o Brasil ocupa o 3o lugar em adoção do IPv6 na América Latina, atrás do Uruguai e do México, e o 22o no mundo. A taxa de adesão brasileira atual está perto de 50%. Para encorajar o mercado, o artigo sugere metas de desenvolvimento para 2025, 2027 e 2030. Elenca também medidas para a construção de uma plataforma de monitoramento, incentivos às operadoras e às empresas para a adoção de soluções inovadoras aprimoradas em IPv6 e o fortalecimento de aspectos relacionados à segurança cibernética da infraestrutura.

A adoção do IPv6 também é um termômetro do atual desenvolvimento da economia digital brasileira. Ele traz mais qualidade, agilidade e segurança para setores importantes, como operadoras, serviços públicos e cidades inteligentes, instituições financeiras, energia, manufatura, transporte, educação e agricultura. Por isso, para uma garantia maior de competitividade e produtividade, sua adoção é altamente recomendada.

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