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Opinião

Será o fim do “Mobile” World Congress?

As principais tendências do primeiro dia do maior evento mundial de tecnologia e mobilidade


27 de fevereiro de 2024 - 9h47

Em 2024, o MWC retorna para ocupar aproximadamente 200.000m² na Fira em Barcelona, com uma expectativa de participação de 95.000 pessoas. Após percorrer mais de 18 km apenas no primeiro dia, tornou-se evidente como o evento amadureceu, transcendendo a mobilidade para uma abrangência cada vez maior.

A evolução desta edição e as tecnologias exploradas nela levantam questionamentos sobre a adequação do termo “mobile” para descrever integralmente o que é apresentado na maior feira de mobilidade do mundo. Se anteriormente a feira já era diversificada, abrangendo operadoras, fabricantes de infraestrutura de telecomunicações, fabricantes de dispositivos móveis (como smartphones, tablets, smartwatches) e outros componentes do ecossistema móvel, hoje o MWC também aborda temas como saúde inteligente, fintechs e Inteligência Artificial (IA) em todas as suas variações, sendo a IA Generativa uma das mais mencionadas e aplicadas.

É evidente que muitas dessas tecnologias e inovações dependem de uma infraestrutura móvel para funcionar, mas não é mais um requisito essencial. Como o próprio canal de TV oficial do evento destaca (sim, o evento é tão relevante que possui um canal aberto na TV local), o MWC não é mais apenas um evento de mobilidade, mas sim um evento voltado para o futuro.

Minha percepção é que esse movimento é transformador, especialmente para nós, usuários, pois gradualmente aproxima e integra todas as peças necessárias para proporcionar experiências cada vez mais impactantes: infraestrutura, rede, dispositivo, aplicação, todos colaborando e oferecendo soluções cada vez mais inovadoras e transformadoras para o mundo.

Diante desse cenário, as tendências apontam para uma nova era de serviços digitais e aplicativos móveis.

5G – Monetização e Avanços: Existe uma divergência entre as empresas que desejam dar o salto para o 6G, enquanto outras acreditam que ainda há muito espaço para avanços. A trajetória dessa tecnologia de banda larga móvel destaca-se pelo seu rápido crescimento, com expectativas de alcançar metade de todas as conexões móveis até 2030.

Revolução da IA Generativa: O ano de 2023 foi marcado pela popularização da IA Generativa e suas aplicações, como o ChatGPT, sendo adotadas pela maioria das organizações, incluindo as empresas de telecomunicações, que começaram a compreender seu potencial. O ano de 2024 prevê a transformação dos testes em comercialização da IA no mundo real, visando resolver as duas maiores preocupações das operadoras: Retorno sobre o Investimento (RoI) e maturidade tecnológica.

Nuvem: A integração da nuvem com arquiteturas nativas, impulsionada pelo 5G, visa ampliar os ativos de B2B e a capacidade de atender às demandas dos usuários.

O Futuro do Entretenimento: As operadoras e o ecossistema móvel estão sendo cada vez mais impactados pela democratização e generalização da IA trazendo implicações significativas que devem se manifestar ainda este ano.

eSim: O ano de 2024 é crucial para o fortalecimento desse mercado. Embora tenha sido lançado por 400 operadoras em centenas de países, ainda há espaço para acelerar seu consumo, previsto para acontecer a partir de 2026.

Sustentabilidade e Circularidade: A discussão sobre sustentabilidade para as empresas de telecomunicações, anteriormente focada principalmente na eficiência energética (influenciada pelo aumento significativo nos preços da energia), passou a incluir a circularidade, o uso de energias renováveis e as percepções dos consumidores, destacando sua amplitude e importância.

Ao analisar este primeiro dia, torna-se evidente que o progresso na tecnologia está intrinsecamente ligado ao aprimoramento das redes e infraestruturas de comunicação. A transformação digital está deixando sua marca em vários setores da economia, ultrapassando as fronteiras dos dispositivos móveis e abraçando uma extensa variedade de tecnologias e soluções.

O Mobile World Congress consolidou-se como uma vitrine para as últimas inovações tecnológicas e um espaço de discussão sobre o futuro da tecnologia. Entretanto, é relevante notar que muitas dessas inovações não são exclusivamente dependentes da infraestrutura móvel para operar, levantando indagações sobre a pertinência do termo “mobile” para descrever integralmente o MWC.

Com a acelerada evolução das tecnologias e a crescente integração entre diversas áreas, há a possibilidade de o MWC se transformar em um evento mais abrangente, não apenas focado em mobilidade, mas englobando o futuro da tecnologia como um todo.

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