NRF
Lojas autônomas, RFID e tecnologia invisível: muito além da IA
Nesta edição, as discussões e insights giram em torno das novas tecnologias, da hiper globalização da concorrência, do Retail Media e da revolução da Inteligência Artificial
Nesta edição, as discussões e insights giram em torno das novas tecnologias, da hiper globalização da concorrência, do Retail Media e da revolução da Inteligência Artificial
16 de janeiro de 2024 - 14h20
Nos últimos 20 anos tive a oportunidade de participar de várias edições da Retail’s Big Show, em Nova York. E a mudança no perfil do público do evento ficou evidente a partir do domingo, 14, primeiro dia da NRF 2024: por todos os lados encontramos alguém falando em português. Europeus vieram e os norte-americanos marcaram presença, mas o idioma extraoficial do dia de abertura foi o nosso!
O interesse dos profissionais brasileiros envolvidos com empresas de varejo, marketing, consultorias especializadas ou agências mostra a importância que o setor tem no país – e a busca constante por atualização e pelas tendências lançadas no mercado norte-americano e que são incorporadas (ou não) pelos players nacionais. As delegações e grupos de profissionais brasileiros aumentam ano após ano, reforçando a importância crescente do setor no país.
A NRF Retail’s Big Show é a grande vitrine do varejo global e nos últimos anos abordou temas relevantes para o mercado, como a digitalização dos negócios, a experiência ‘phigital’ (física e digital) da jornada do consumidor, o avanço de novos modelos de atuação, além das pautas voltadas para inovação.
Nesta edição, as discussões e insights giram em torno das novas tecnologias, da hiper globalização da concorrência, do Retail Media e da revolução da Inteligência Artificial.
Como era esperado, a IA é o assunto do momento. Mas ao contrário do que foi o metaverso em edições passadas, tendência que veio e se dissipou sem deixar grandes marcas, a IA, assim como os brasileiros, está por todos os lados, dentro e fora da feira. Basta visitar a Amazon Go em Nova York, com sua tecnologia “Just Walk Out” (“Apenas saia”, na tradução), para entender as facilidades, às vezes assustadoras, que a IA promove no varejo.
As câmeras e sensores detectam o que o consumidor compra e podemos sair da loja “sem pagar”. Minutos depois uma mensagem no celular avisa sobre a sua compra e a cobrança feita no seu cartão. Se a IA dominou parte das discussões no evento, a ética no uso dos dados e informações dos consumidores não foi assunto abordado. Fica a reflexão.
Mas a tecnologia vai muito além da IA e do “Just Walk Out”. As lojas autônomas, aquelas sem funcionários para mediar as transações, também aparecem como soluções para alguns tipos de varejo, como lojas de conveniência ou mercados de vizinhança.
Tracionado pela pandemia, o modelo que delega ao consumidor novas funções, como usar o serviço e pagar por ele, por exemplo, deve avançar também no Brasil, assim como novos modelos e segmentos de vending machine, indo além da oferta de refrigerantes, salgadinhos ou livros.
A NRF 2024 mostra também que a popularização e o barateamento da RFID (Radio Frequency Identification, em português, identificação por radiofrequência) é uma tendência para revolucionar o varejo com suas etiquetas inteligentes e chips, que monitoram toda cadeia, da produção da semente à geladeira do consumidor, por exemplo.
A robotização dos processos do varejo é caminho sem volta para controles de estoque, conferência e cronograma. Mas para quem acha que todo cliente quer se ver cercado por telas, robôs e chips por todos os lados, calma lá. Marcas de alto luxo entenderam que chique mesmo é ter tecnologia, mas de maneira “invisível”.
A loja da Tiffany na 5ª avenida, aquela imortalizada por Audrey Hepburn no filme Bonequinha de Luxo, quer ser reconhecida pela sofisticação, apesar de estar permeada de recursos tecnológicos. Parece uma galeria de arte, para vender alianças de Us$ 200 mil, as peças mais “em conta” do lugar.
O ambiente continua encantador depois da primeira grande renovação da loja, desde a abertura das portas, em 1940. Como diria a personagem Holly, imortalizada por Audrey Hepburn no filme, “Sempre que me sinto triste, eu passo pela Tiffany. Acalma minha alma”.
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