8 tendências do mercado cinematográfico
A busca por inovação para cativar e fidelizar os frequentadores das salas de exibição não está apenas no desenvolvimento tecnológico
A busca por inovação para cativar e fidelizar os frequentadores das salas de exibição não está apenas no desenvolvimento tecnológico
21 de setembro de 2017 - 14h23
Para se tornar mais competitiva diante das plataformas digitais de transmissão instantânea e continuar atraindo o público para as salas de cinema, a indústria cinematográfica tem se movimentado em busca de novas tecnologias, sistemas operacionais e ações de distribuição e divulgação das obras.
Um dos desafios é o de criar alternativas que dialoguem de maneira mais próxima com a geração Z e a geração do milênio – também conhecida como geração da Internet –, que se desenvolveram em épocas de grandes avanços tecnológicos, em que o domínio da virtualidade consolidou-se como um formato para interação social, relações de trabalho e midiáticas.
Realidade Virtual
Seja em ações específicas para a divulgação de filmes ou como ferramenta para contar histórias completas nas telonas, a realidade virtual (RV) é, sem dúvida, uma das grandes apostas do mercado cinematográfico no mundo.
Aliada ao 4D e às experiências com a simulação de sensações e estímulos visuais e auditivos, a RV promete imergir o espectador de tal forma no filme, que ele pode se sentir como um próprio personagem da trama.
Já existem algumas experiências isoladas na Europa e nos EUA neste sentido e, em breve, o Brasil contará também com salas de exibição equipadas com essa tecnologia.
Por enquanto, a realidade virtual tem sido usada de maneira mais ampla como forma de promover ações de marketing que permitem, por exemplo, colocar o espectador no set de produção ou vivenciar uma experiência passada pelo personagem durante o filme.
Projeção a laser e telas em LED
A distância entre os elementos lúdicos sugeridos pelo formato do cinema de antigamente, promete estreitar cada vez mais por meio das tecnologias criadas com o objetivo de garantir novas experiências, que conduzam o espectador a níveis mais profundos de imersão nos filmes.
A busca por inovação para cativar e fidelizar os frequentadores das salas de exibição não está apenas no desenvolvimento tecnológico
A projeção a laser é uma das novidades que se consolida como tendência para os próximos anos e já registra uma quantidade de quase seis mil telas no mundo. Apontada como a nova solução de fontes de luz para exibidores, transmite imagens com maior contraste de cores e consequentemente melhor qualidade, principalmente para as produções em 3D, além de prometer mais economia.
Na mesma direção surgiram as telas em LED, que dispensam o uso de projetores e também oferecem qualidade superior na reprodução de imagens.
Automatização das salas de exibição
A integração de equipamentos e automatização de operações é ainda outra tendência que surge para gerar maior autonomia, agilidade e redução de custos para os exibidores. Por meio de servidores são conectados painéis e projetores digitais a softwares de gerenciamento, reduzindo a intervenção manual nos processos operacionais.
Essa automação permite, por exemplo, desde transições de formatos de áudio e vídeo com menores interferências, equalização de som, programação de sistemas de iluminação e refrigeração, de acordo com o número de espectadores, à elaboração de conteúdos de divulgação e monitoramento à distância.
Big Data
A busca por inovação para cativar e fidelizar os frequentadores das salas de exibição não está apenas no desenvolvimento tecnológico. Outras iniciativas têm também como foco o consumidor final. Revelam-se como forte tendência estratégias que, além de facilitar o rompimento de barreiras culturais, são ainda um argumento para o fortalecimento do cinema como um canal de entretenimento e negócios.
O desenvolvimento de tecnologias para obtenção de informações e análise de dados tem sido amplamente defendido pelo setor como principal suporte para implementação dessas ações. A intenção é avaliar de maneira mais detalhada o perfil do público consumidor, apontando suas preferências, dúvidas ou desejos.
Branded Content
Com o Branded Content, o objetivo é gerar maior identidade com uma marca a partir do fornecimento de informações que se relacionem, de alguma maneira, ao cotidiano e necessidades do público que se pretende atingir. O conteúdo passa a ser o principal caminho para estabelecer um diálogo, enquanto a marca figura como coadjuvante no processo.
Ações de marketing que utilizam o Branded Content podem envolver, por exemplo, desde a adoção de uma marca que represente a escolha dos filmes que serão exibidos, à utilização do cinema enquanto mídia, com produções exclusivas de temas que se relacionem ao propósito de determinada empresa, exibidas nas telonas.
Conhecer expectativas e desejos do espectador é fundamental para um planejamento e obtenção de resultados na utilização da estratégia, criando maior aproximação com o universo virtual em que estão inseridas as novas gerações e consequentemente condições mais favoráveis para a divulgação dessas ações.
Dinamização da venda de ingressos
O desenvolvimento de sistemas e plataformas que possibilitam ao espectador escolher o quanto e com que deseja gastar quando for comprar o seu ingresso também impacta diretamente no diálogo para interagir com ele. Com tarifas ajustadas em tempo real, consideram opções como locais, horários e outras ofertas dos espaços.
A solução já é adotada em alguns países do continente europeu e comprovou um aumento de até 10% na venda dos ingressos. Somada ainda à tecnologia para análise de dados, permite traçar o perfil dos consumidores que visitam as plataformas.
Nos últimos anos, o crescimento da venda antecipada online também se tornou um importante recurso, garantindo ao espectador o acesso às sessões para os lançamentos mais concorridos do mercado. Funciona ainda como estratégia para divulgação das obras e evita as enormes filas.
Salas VIP
O crescimento das salas VIP, com poltronas espaçosas, reclináveis e diferentes opções gastronômicas, está entre as tendências focadas no objetivo de cativar e fidelizar o espectador.
Apesar dos valores de investimentos mais altos para o exibidor – em torno de 25% a 30% em relação às salas convencionais – e o preço do ingresso assustar ao consumidor num primeiro momento, o formato atrai cada vez mais frequentadores e parcerias de empresas com propostas de descontos, registrando um crescimento expressivo no mundo todo e no Brasil.
As poltronas são as protagonistas das salas VIP, confeccionadas geralmente em couro e elétricas, com design que possibilita ficar quase na posição horizontal. Boa parte dessas salas foi ainda adaptada com tecnologias, como a 4D, e oferece dispositivos que aumentam o nível de imersão, imagens e sons em alta definição.
Os cardápios são também uma das atrações. Vão muito além dos tradicionais refrigerantes com pipoca, as opções variam de pratos sofisticados a lanches, cafés harmonizados, sobremesas e até mesmo bebidas alcoólicas, servidos na poltrona.
Acessibilidade de conteúdo
O tema de acessibilidade aos conteúdos vem ganhando destaque desde o ano passado, quando a ANCINE instalou uma Câmara técnica com a participação de representantes dos setores de exibição e distribuição, para acompanhar a implementação pelas salas de cinema com tecnologias que ofereçam maior acessibilidade aos deficientes visuais e auditivos.
A determinação está prevista na Lei 13.146/2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, e na Instrução Normativa nº 128/2016, editada pela ANCINE agora em setembro, que regulamenta o provimento de tecnologias assistivas.
Já obrigados pelas regras técnicas da ABTN NBR 9050 a estabelecer critérios em edificações, como adaptação de construções ou mobiliários às condições de acessibilidade, a obrigatoriedade agora se refere aos conteúdos de comunicação, com a oferta de itens como legendagem descritiva – para indicar aos surdos ruídos e sons importantes na construção da história – ou a audiodescrição, que auxilia aos portadores de cegueira com a narração de informações visuais.
Para cumprir o prazo de 4 anos determinado pela Lei, as salas de exibição nacionais poderão contar com algumas tecnologias que recentemente foram apresentadas ao mercado americano, diante da mesma indicação legal.
Elas oferecem recursos, por meio de dispositivos adaptados a poltronas, para a leitura de legendas ocultas, fones de ouvido conectados a sistemas que amplificam o som do filme ou com audiodescrição, além de softwares que conectam as salas de exibição a aplicativos de celulares com o mesmo objetivo.
São apostas que, de maneira mais ou menos impactante, devem estar no horizonte do mercado cinematográfico nos próximos anos. A única certeza é que é preciso se reinventar constantemente para se manter competitivo diante de tantas possibilidades de entretenimento, vividas por uma geração extremamente exigente e que procura experiências capazes de surpreendê-los não apenas no conteúdo, mas também – e sobretudo – no formato.
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