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Opinião

Além das buzzwords

A fase de apuração em campo de 100 Dias de Inovação chegou ao fi m, mas o tema da transformação segue em pauta no Meio & Mensagem


6 de maio de 2019 - 12h21

 

ProXXIma 2018 (crédito: Denise Tadei)

Realizado na última semana de abril, o Rio2C foi a parada final do projeto 100 Dias de Inovação. Ao longo dos quatro primeiros meses do ano, nossa equipe de jornalistas voou para Las Vegas, para cobrir a CES; para Barcelona, para acompanhar o MWC; e para Austin, para registrar o SXSW. Finalmente, pousamos no Rio de Janeiro, para encerrar a jornada de conhecimento em casa — uma epopeia com mais de 200 reportagens publicadas e 54 mil quilômetros percorridos entre idas e voltas.

Sem parada para tomar fôlego, mergulhamos em uma curadoria especial sobre o que de mais relevante aconteceu nesses quatro grandes eventos de tecnologia e inovação. Mais do que para a tradicional divisão por trilhas e temas, nosso olhar voltou-se para o impacto prático de grandes forças holísticas sobre a vida em sociedade e na forma como nos relacionamos, cuja influência vai muito além do mercado, das ferramentas e da última buzzword.

O que une Vegas ao Rio, Barcelona a Austin, e tudo isso à nossa missão diária para gerar conexão e atenção? Como os processos de transformação em curso afetam o futuro de quem trabalha com comunicação?

Na busca por humanizar suas ofertas e experiências criadas a partir da coleta de dados, empresas de tecnologia, agências de publicidade, de design e consultorias investem no aumento da capacidade de investigação de comportamentos e hábitos de consumo a partir de interações diretas com as pessoas — estabelecendo indicadores ligados a ações práticas e reações emocionais registradas em tempo real durante a experiência ou a decisão de compra. A entrada em vigor das primeiras redes 5G comerciais multiplicará as possibilidades de cruzamento de informações, as ofertas de novos canais e interfaces e as oportunidades de interação com os clientes, criando toda uma nova onda de serviços.

Mas, nessa cruzada por descobrir o que mexe com o coração e o que move os instintos de quem em última instância determinará o sucesso ou fracasso de seus investimentos e investidores, a indústria tech ignorou as linhas já borradas a separar o que é legalmente aceitável para o desenvolvimento de serviços customizados da invasão descarada de privacidade a servir como vantagem comercial. Diferentes representantes da sociedade passaram a pressionar instituições públicas para controlar esse poderio econômico acumulado diante dos direitos individuais. Não por acaso, os palcos do South by Southwest foram tomados por potenciais candidatos à presidência dos Estados Unidos. Com o consumo virando um ato político, nesse mundo polarizado, o posicionamento de uma empresa diante das questões estruturais da sociedade influencia cada vez mais e diretamente o poder de atração das marcas.

Em meio a isso tudo, as companhias de mídia procuram modelos rentáveis de produção e distribuição de conteúdo. Se, financeiramente, não há um modelo único que seja sustentável para todos, conceitualmente é a Netflix que dita os rumos, ao manter um pé no Vale do Silício e outro em Hollywood, como bem definiu o ator Wagner Moura, ao entrevistar o chefe global de conteúdo da plataforma de streaming, Ted Sarandos, no auditório principal da Cidade das Artes, durante o Rio2C. Mais do que mudar o jeito como consumimos conteúdo, a Netflix construiu uma marca de apelo único e elevou os níveis de engajamento com a audiência, tornando-se sinônimo de categoria e revolucionando toda uma indústria, sem reinventar a roda.

“Porque não sabíamos nada, podíamos tentar de tudo”, afirmou Sarandos, ao sintetizar a abordagem da companhia para a inovação, antes de minimizar o impacto do aumento da concorrência que se avizinha, com a entrada de gigantes como Disney, Apple e Globo para disputar o mercado de conteúdo sob demanda. “Nossa surpresa é que tenha levado tantos anos para aparecerem tantos competidores”, alfinetou o executivo.

A fase de apuração em campo de 100 Dias de Inovação chegou ao fim, mas o tema da transformação não sai do cardápio de Meio & Mensagem. Nesta semana, na terça-feira 7 e na quarta-feira 8, acontece a edição 2019 do ProXXIma, no WTC, em São Paulo, onde continuaremos essa conversa na companhia de palestrantes como o CMO global do Burger King, Fernando Machado, o vice-presidente de marketing da Ambev, Ricardo Dias, e dos líderes de inovação da Nestlé, Carolina Sevciuc, e da Coca-Cola, Renato Shiratsu, dentre muitos destaques da programação.

Nós nos encontramos por lá!

*Crédito da foto no topo: Reprodução

 

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