Brasil pode ser futura potência global em inovação

Buscar

Brasil pode ser futura potência global em inovação

Buscar
Publicidade

Opinião

Brasil pode ser futura potência global em inovação

Para acelerar essa evolução, é preciso enxergar a inovação como elemento fundamental para posicionar o País e suas empresas no mercado internacional de forma consistente e competitiva


21 de fevereiro de 2024 - 6h00

A inovação é uma das principais alavancas de desenvolvimento de uma nação, pois permite ampliar a competitividade dos mercados em que atua e estabelecer conexões globais, expandindo o alcance dos seus produtos, serviços, talentos e tecnologias para outros continentes. No entanto, embora o Brasil tenha subido cinco posições no Índice Global de Inovação em 2023 e seja líder em inovação na região da América Latina e Caribe, ele ainda ocupa o 49º lugar no ranking entre os 132 países avaliados. Foram pelo menos 12 anos sem figurar entre as 50 economias mais inovadoras do mundo.

Apesar do atraso, o Brasil possui um gigantesco potencial para avançar nessa agenda. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país voltou a figurar entre as dez maiores economias do mundo, conquistando o nono lugar em 2023 – duas posições a mais que o ano anterior e um feito que não era alcançado desde 2019.

Para acelerar essa evolução, é preciso priorizar a inovação e enxergá-la como um elemento fundamental para posicionar o Brasil e suas empresas no mercado internacional de forma consistente e competitiva. Setores como células fotovoltaicas, biocombustíveis, aeronáutica, equipamentos odontológicos e softwares de monitoramento agrícola já são alguns exemplos do potencial que o país pode atingir em valor socioeconômico através dos investimentos em ciência e tecnologia, mas ainda é possível alcançar voos mais altos.

Os Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação 2022, elaborados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), demonstraram que, em 2020, houve uma redução de 8,2% nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país em comparação a 2019. Hoje, o Brasil investe apenas 1,2% do seu PIB em P&D, enquanto nações como Estados Unidos e Alemanha ultrapassam 3%. Além disso, o estudo também revelou que o Brasil concentra seus pesquisadores em tempo integral nas universidades – um possível reflexo de baixo investimento em inovação por parte do setor privado, impactando, inclusive, na empregabilidade de cientistas e pesquisadores e no êxodo desses profissionais para o exterior em busca de melhores oportunidades e condições de trabalho.

O cenário atual não somente demonstra a necessidade de criar e aprimorar políticas públicas capazes de desenvolver, atrair e reter pesquisadores e cientistas, como também empresas precisam ser mais visionárias e começarem a enxergar os diferenciais competitivos do Brasil em termos de inovação. Sua abrangência cultural e diversidade, seja étnico-racial, climática ou geográfica, são exemplos de características capazes de contribuir com a criação de produtos e serviços relevantes mundialmente, pois podem auxiliar companhias a contemplarem, de forma mais assertiva, demandas, expectativas e necessidades específicas de públicos de todos os continentes.

Foi graças a essa visão que decidimos trazer o nosso Centro de Inovação Global para o Brasil. Não somente apostamos em um dos maiores mercados de beleza do mundo, como entendemos que o país pode ser um gerador de inovação mundial para a indústria de cosméticos, principalmente graças à sua diversidade. Foi justamente em um estudo realizado em solo brasileiro em conjunto com nossos times de inovação – o Black Paper – que descobrimos, por exemplo, que apesar de o país possuir a maior variedade de tons de pele no mundo, 70% das mulheres negras brasileiras estão insatisfeitas com as opções de maquiagens específicas para o seu tipo de pele. Essa pesquisa deu origem à ampliação do nosso portfólio de cosméticos para pele negra, que ganhou mais de 50 novos produtos desde 2020.

Isso nos mostra que transformar o Brasil em nosso polo de P&D pode ser essencial para expandir a nossa capacidade de adaptação às múltiplas realidades de consumidores de todas as regiões do mundo, além de expandir nossos investimentos em inovação sistematicamente, envolvendo não apenas o desenvolvimento de itens de consumo e soluções mais assertivas, mas também impactando a experiência do cliente e a expansão de nossas mensagens e valores que comunicamos como marca – como a democratização da beleza, a valorização do feminino, a diversidade e a inclusão – gerando conexão e valor de forma mais duradoura e profunda com públicos e contextos diferenciados.

No entanto, a diversidade não pode ser apenas um elemento externo à inovação e deve também estar presente entre os times internos de pesquisa e desenvolvimento de uma marca. O aspecto está, inclusive, relacionado à alta performance em inovação e lucratividade, de acordo com um levantamento global da McKinsey & Company realizado em 2020, que aponta que companhias com maior pluralidade étnico-racial têm 51,7% de chances de superar os resultados de empresas semelhantes. Infelizmente, ainda existe uma carência diversidade na área científica no Brasil e no mundo. Pretos, pardos e indígenas somam apenas 7,4% dos docentes do Brasil em cursos de pós-graduação em “ciências duras”, como tecnologia, engenharia e matemática, de acordo com o Instituto Serrapilheira, por exemplo.

Cientes desse cenário, estamos contratando 150 colaboradores para as áreas de P&D do nosso novo Centro de Inovação Global, em Cajamar/SP, com a meta de termos ao menos 30% dos cientistas de grupos sub-representados e 60% de mulheres. Apesar de já estarmos acima da média dos padrões de outras companhias, o objetivo é incrementar ainda mais essa diversidade e seu potencial de gerar inovação.

Esforços dos órgãos públicos para ampliar os investimentos em inovação no Brasil são fundamentais. Porém, o setor privado também pode e deve potencializar sua atuação tanto na produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias no país, quanto na ampliação de oportunidades, formação e preparação de talentos brasileiros, impactando positivamente em indicadores sociais e econômicos do país e no aumento da competitividade no mercado global. Além disso, toda a riqueza, pluralidade e autenticidade que a “brasilidade” oferece pode ser justamente aquele elemento de diferenciação que uma marca precisa para se tornar uma referência em sua área de atuação e seguir se reinventando e conquistando novas gerações.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Estratégia de performance aliada ao seu negócio

    Quando olhamos para a eficiência operacional e para os resultados estratégicos, as ações de performance se tornam essenciais

  • Segurança de marca no e-commerce

    Como enfrentar a concorrência desleal na internet?