De grandes corporações a uma startup: está gostosa a água aí nessa piscina?
Empresas em construção são ambientes de alta pressão e instabilidade, com muito mais sensação de realização, mas também mais cobrança individual sobre resultados
De grandes corporações a uma startup: está gostosa a água aí nessa piscina?
BuscarDe grandes corporações a uma startup: está gostosa a água aí nessa piscina?
BuscarEmpresas em construção são ambientes de alta pressão e instabilidade, com muito mais sensação de realização, mas também mais cobrança individual sobre resultados
Recentemente, falei aqui sobre alguns pontos que considero importantes ao montar um time numa startup. Na continuação dessa conversa, vou focar no outro lado: o que esperar se você decidir se juntar a um time e a uma empresa em construção? Será que é tão diferente do dia a dia numa multinacional ou numa empresa tradicional?
Vou falar de um ponto de vista pessoal e não de uma amostra estatisticamente relevante, então fique à vontade para somar as histórias que você viveu ou viu a sua volta. Porque, se você trabalha em startup, tenho certeza de que não passa uma semana sem tomar um café com alguém que quer saber como é sua experiência. E se você está do outro lado da mesa desse café, você não é exceção: aqui na minha estatística altamente comprometida, eu não conheço quem não tenha tido em algum momento pelo menos essa vontade de saber mais dessa vida hypada. Puxa a cadeira e vamos lá.
Recorrendo mais uma vez a essa amostra fajuta da minha própria bolha, eu arrisco que a maior reclamação nas empresas com muitos anos de mercado e processos bem estabelecidos é sobre o peso das relações “políticas” dentro da organização. Então eu vou começar derramando esse café quente: não é diferente em startups. E aqui eu me permito extrapolar a experiência pessoal e afirmar que isso se aplica a todas as empresas, de qualquer idade, indústria e modelo de negócio. Algumas têm modelos de tomada de decisão mais claros e melhores que as outras, e assim movem-se de fato mais rápido – falarei disso aqui abaixo. Mas isso não significa que não seja necessário influenciar, escutar e negociar. Porque organizações – pequenas, grandes, formais, informais, tradicionais ou inovadoras, são compostas por pessoas. E o ser humano é um ser político. A troca de ideias – e a oposição de ideias – é o que nos permite organizar, dirigir e administrar. E adivinha qual é a arte ou ciência de organizar, dirigir e administrar? Então, se você está cansado de equilibrar as relações de poder e influência – o que é legítimo e acontece com todos nós em alguns momentos – e essa é a razão que te faz sonhar com um tipo de empresa diferente…eu não conheço nenhuma onde política – como essa arte de negociar pontos de vista – não seja parte integrante.
Agora a gente pode limpar essa bagunça e pedir mais dois cafés – com NotMilk, por favor – pra falar de velocidade na tomada de decisão. Aqui sim, há um oceano – e 5 gate meetings – de diferença. Uma empresa em crescimento acelerado não pode se dar ao luxo de demorar. E é válido até questionar se no longo prazo isso é vantagem ou desvantagem – um papo de altíssimo nível para um próximo café. Mas a realidade é que numa empresa nova não existe longo prazo se o hoje não for acelerado. Então, toda a discussão, influência e agenda política, por mais complexa que seja, se move rápido. Nem sempre o processo é gostoso, mas decisões são tomadas e aquela história de “se comprometer mesmo discordando” está no sangue de uma empresa em construção. E com isso o prazer de realizar, de influenciar resultados e gerar crescimento é muito real e, na minha experiência pessoal, uma fonte de felicidade tangível.
Antes de fechar a conta: empresas em construção são ambientes de alta pressão e instabilidade. Se tem muito mais sensação de realização, tem também mais cobrança individual sobre resultado. As responsabilidades são evidentes, o orgulho e a frustração estão sob a lente de aumento. Quase nunca é fácil lidar com isso, mesmo quando é a sua escolha. Se a gente tenta mascarar a ansiedade, surgem essas distorções contemporâneas horrorosas tipo “work hard, play hard”, para justificar um modelo de exagero no volume de trabalho, supostamente equilibrado pelo exagero na celebração. A realidade é: trabalho estressa, cansa, ocupa horas do dia e espaço mental que competem com outras áreas da vida. Mas é também, além de necessária fonte de renda, um exercício intelectual interessante que pode trazer muita satisfação. Entender que esses dois lados convivem, em qualquer tipo de empresa, é fundamental. Sextou?
Compartilhe
Veja também