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Opinião

Duelo de gigantes

Teles e big techs discutem financiamento da infraestrutura que suportará o crescimento exponencial do tráfego de dados no mundo, puxado por streamings de vídeo, mídias sociais e games


7 de março de 2023 - 13h00

(crédito: Victória Navarro)

Quem deve financiar a expansão do 5G? O embate entre operadoras de telecomunicações e big techs norteou boa parte das discussões da edição 2023 do Mobile World Congress (MWC), realizado na semana passada, em Barcelona, na Espanha. A infraestrutura necessária para melhores conexões é cara e dela depende o avanço de praticamente toda a indústria de comunicação, marketing e mídia, já que são as suas vias de alta velocidade que conduzem desde o acesso ao conteúdo e às redes sociais até o tráfego de dados que embasa as estratégias das marcas.

O desafio a ser enfrentado é o do rateio do alto investimento necessário para suportar o crescimento exponencial do tráfego de dados no mundo. Um problema que envolve governos — em um momento de mais animosidade entre China e Estados Unidos, o que impacta a cadeia global de suprimentos de tecnologia —, fabricantes de equipamentos e fornecedores de serviços como streamings e games, mas também as empresas anunciantes que dependem, cada vez mais, da automação do marketing, da personalização da experiência do consumidor e da compra programática de mídia, por exemplo.

Até agora, as companhias de telecomunicações bancam sozinhas esses custos, mas aumentam a pressão para dividirem a conta, especialmente com as empresas de streamings de vídeo e as plataformas de mídias sociais e de games, que, juntas, respondem por mais de 70% do tráfego total da internet. Na semana passada, um relatório da Sandvine, companhia canadense de aplicativos e inteligência de rede baseados em nuvem, apontou que a Netflix gera 15% do tráfego global da internet, e o YouTube, 11,4%.

Presente no MWC, o coCEO da Netflix, Greg Peters, argumentou que as margens de lucro do streaming são muito menores que as de telecom, informou que a sua companhia aportou mais de US$ 60 bilhões nos últimos cinco anos em conteúdo (o que representa mais de 50% de seu faturamento) e que poderia sugerir que as parceiras telefônicas dividissem o investimento feito pelo mercado de entretenimento, já que isso impulsiona o tráfego da internet, que cresceu 30% ao ano nos últimos cinco anos, período em que, segundo ele, as empresas de telecomunicações mantiveram seus custos estáveis, usando ganhos de eficiência na rede.

Além de palco das principais demandas das teles, o MWC é o destino onde a tecnologia móvel chega primeiro. Na semana passada, desfilaram em meio aos 90 mil participantes do evento, muitos robôs movidos a inteligência artificial, smartphones de última geração e devices turbinados pela conectividade 5G, entre outras inovações. Meio & Mensagem acompanhou presencialmente os principais debates e lançamentos da feira, com os jornalistas Fernando Murad, Sérgio Damasceno e Victória Navarro e o videomaker Dimi Teixeira, que reportaram os acontecimentos mais relevantes no site meioemensagem.com.br/mwc e nas redes sociais. Consolidando o trabalho, a reportagem das páginas 24 a 27 trata de temas como a responsabilidade das empresas pela exclusão digital (quando se comemora os 50 anos do lançamento comercial do primeiro telefone móvel, ainda há impressionantes 45% da população global sem nenhum acesso móvel), as tecnologias imersivas como janelas para uma nova era de experiências do consumidor e os rumos da jornada de criação de experiências no metaverso.

A cobertura do MWC foi a segunda parada do projeto 100 Dias de Inovação, que começou em janeiro, na NRF, em Nova York, e nesta semana segue para Austin, nos Estados Unidos, para acompanhar a edição 2023 do South by Southwest, onde Meio & Mensagem irá desembarcar com uma equipe de seis jornalistas e dezenas de colaboradores, profissionais brasileiros que irão compartilhar suas experiências no blog coletivo Conexão Austin, um dos atrativos do site de cobertura meioemensagem.com.br/sxsw. Para esquentar, a reportagem das páginas 32 a 35 conta como o festival reflete em sua programação as transformações que aproximam os universos da tecnologia e da cultura, e mantém os pés mais fincados no presente, embora não perca o olhar para o futuro.

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