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Segredo do audiovisual continua na qualidade do conteúdo, diz líder da Floresta

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Segredo do audiovisual continua na qualidade do conteúdo, diz líder da Floresta

À frente da produtora de formatos da Sony, que completou 15 anos de mercado, executiva analisa que, apesar das transformações tecnológicas, o poder de tocar a emoção do público segue como a principal ferramenta das produções


3 de julho de 2025 - 6h00

audiovisual Floresta

Dida Silva é vice-presidente de conteúdo e diretora-geral da Floresta (Crédito: Divulgação)

Quando questionada se é mais difícil ter ideias de formatos de conteúdo atualmente, em um cenário em que as pessoas têm milhares de filmes, séries, realities e outras produções ao alcance do celular, Dida Silva, vice-presidente de conteúdo e diretora-geral da Floresta afirma que não. Segundo ela, seja hoje ou há décadas, o trabalho é o mesmo: fazer com que aquela produção toque a emoção de quem irá assisti-la.

À frente da companhia, que faz parte do conglomerado da Sony Pictures Television no Brasil, Dida vem encarando esse desafio diariamente. Porém, hoje ela conta com mais janelas para distribuir as histórias.

“Temos a possibilidade de trabalhar com diversas plataformas e isso é uma grande abertura que a tecnologia nos proporcionou. No mais, percebo um mercado muito parecido do que aquele em que comecei, há quase 30 anos, em relação à audiência, os gostos, o que a gente consome, o que dá certo e o que brilha aos olhos”, diz a profissional.

Com 15 anos de presença no mercado, completados em junho, a Floresta vem se posicionando, segundo Dida, como uma produtora multiplataforma e multiformatos, tendo no portfólio realities e produções de sucesso, como Ilhados com a Sogra, Túnel do Amor, Quem Quer ser um Milionário, Shark Tank Brasil e outros.

Nesta entrevista, além de avaliar a transformação do cenário de produção no Brasil, a executiva também destaca a importância da cocriação e fala sobre como a Floresta vem apostando no telefilme como um gênero interessante, sobretudo para as grandes plataformas de streaming.

Meio & Mensagem: Ao longo desses 15 anos, quais as principais mudanças que você percebe no cenário de produção e na indústria do audiovisual, como um todo?
Dida Silva: Como estou no audiovisual já mais tempo, peguei essa mudança de outra posição, que era do lado das emissoras. Comecei trabalhando no SBT. Então, nesses últimos 15 anos, sobretudo quando pensamos em produção independente, temos a possibilidade de trabalhar com muito mais plataformas. Temos uma abertura muito grande, em termos de trabalho, que a tecnologia nos proporcionou. No mais, percebo um mercado muito parecido do que aquele em que comecei, há quase 30 anos, em relação à audiência, os gostos, o que a gente consome, o que dá certo e o que brilha aos olhos. Em relação a isso eu não vi muitas mudanças. Ao longo desses 15 anos, temos multiplataformas, multigêneros e multiformas de fazer, mas a criatividade, o conteúdo que a audiência realmente busca continua sendo o entretenimento na veia.

M&M: O conteúdo bom é que continua fazendo a diferença?
Dida: Sim, conteúdo bom. Mas assim, vemos uma mudança grande sobretudo em termos de tecnologia. Em junho, fizemos uma festa muito especial, para celebrar o aniversário da produtora, e reunimos colaboradores e profissionais fizeram parte de nossa história. Esse encontro acabou sendo um momento um pouco saudosista e estávamos lembrando, entre a galera que já está no audiovisual há mais tempo, que começamos a trabalhar com listas telefônicas. Ainda não era nem no início da era do Google e produzíamos com o auxílio das listas. Então, a tecnologia mudou muito, mas acho que a gana, a paixão e o interesse pelo entretenimento continuam.

M&M: Você falou sobre as transformações tecnológicas e, quando pensamos no consumo de conteúdo audiovisual, os streamings aparecem como geradores de boa parte da mudança na forma pela qual as pessoas assistem conteúdo. Que impactos você avalia que as plataformas de streaming tiveram para a produção?
Dida: O streaming tornou nosso dia a dia bem mais interessante e fez com que a gente ficasse antenado a tudo o que está acontecendo. Mas acho que o fato de a Floresta ser uma produtora da Sony e de estarmos no mercado há 15 anos, permitiu que a gente acompanhasse toda a história dos streamings por aqui. E por sermos do grupo Sony, sempre tivemos muitos acessos, o que nos ajudou a estar antenados e preparados para produzir para os streamings, além da TV Aberta, que é nossa veia de origem. Acompanhamos a evolução do streaming lá fora, pela Sony, e praticamente desde a chegada da Netflix ao Brasil, então a adaptação acabou sendo um pouco orgânica. Antes, vivíamos de análise de Ibope (audiência) e o streaming trouxe novas ferramentas, além de acessos a pesquisa e dados. Isso fez com que estivéssemos um passo à frente do que pode ser tendência e de como a audiência reage a determinado conteúdo, para entender, por exemplo, que gênero está em alta no momento.

M&M: A Floresta é uma criadora de formatos. Como é, atualmente, o desafio de criar novos projetos de contudo em um cenário com tantas opções de entretenimento para as pessoas? Hoje, é mais difícil criar formatos do que antes?
Dida: Acho que as pessoas realmente têm mais opções, pois há uma gama bem maior para escolher onde vamos alocar nosso tempo. Mas não acho que o desafio ficou mais complexo. A gente continua tendo de ser criativo, seja produzindo para seis canais ou para 100. A criatividade nunca deixou de existir na nossa área. O que tem mudado são as formas como colocamos esse conteúdo nas telas.

M&M: A Floresta tem um histórico de produção com diversas emissoras e plataformas. Como é a relação da produtora com esses parceiros e como vocês trabalham a cocriação?
Dida: Brinco que temos vários chips na cabeça e vamos trocando. O fato de estarmos há 15 anos no mercado, sempre em uma crescente, e mais recentemente, ampliando os negócios, se deve a isso. Nascemos como uma produtora focada no entretenimento, sempre mirando ser uma produtora multigênero, como somos hoje, e isso tudo foi construído em cima de parcerias. Temos uma parceria muito forte com o Grupo Globo, que segue como um parceiro incrível da Floresta. Todo mundo que faz parte da nossa história vem de televisão e sempre digo que televisão é colaboração. Há uma veia de cinema que é algo mais autoral, mais artístico, que é diferente da televisão, onde sempre buscamos atingir as massas. Nossa história sempre foi construída com base em parcerias, com projetos feitos a quatro, seis ou oito mãos. E hoje trabalhamos a coprodução não só entre produtoras mas também entre plataformas.

M&M: Já há alguns anos, as marcas adentraram nesse cenário de conteúdo e vem procurando conversar com seus consumidores pelo entretenimento. Como vê a evolução da presença das marcas nesses ambientes?
Dida: Elas viram um valor muito grande na forma como um conteúdo orgânico chega e impacta a audiência. A audiência, hoje, ela tem tanta opção que ela deixou de receber o conteúdo publicitário de forma passiva como antes. Então, as marcas descobriram que é através do conteúdo que se chega à audiência e que, também, é através dos creators que se chega ao objetivo. Não estou dizendo que grandes campanhas deixarão de existir, elas seguirão existindo. Mas a forma de apresentar a marca, de fazer com que ela faça parte do dia a dia das pessoas, ganha mais poder quanto atrelada ao conteúdo.

M&M: Considerando os gêneros dos formatos criados pela Floresta, quais são aqueles que ainda tem mais força para o público brasileiro?
Dida: Os realities continuam e continuarão reinando. Na verdade, não sei se a palavra ‘reinar’ é correta, pois temos também os games em grande sucesso. Estamos muito felizes, por exemplo, com os resultados dessa temporada do Quem Quer Ser um Milionário, dentro do Domingão com Huck [TV Globo]. Mas no caso dos realities, o segredo do sucesso está no casting. Veja o exemplo de Ilhados com a Sogra: é um sucesso absoluto porque as pessoas se identificam. Claro, vemos temporadas de reality que vão melhor, outras nem tanto, mas aí, a seguinte já vem bombando de novo. De verdade, acho que os realities terão vida longa, assim como programas de variedade, talk show, humor. Assisti recentemente Pablo e Luisão [do Globoplay] e aquilo é genial. Então, acredito que se a audiência se identificar com o casting e com o tema, não importa o que seja. Isso ainda segue na veia do entretenimento.

M&M: Quais são os próximos trabalhos da Floresta para o restante de 2025 e os próximos anos?
Dida: No espírito de ser uma produtora multiplataforma, além do pipeline que já estamos trabalhando com as plataformas e parceiros, temos grande foco nos telefilmes. Vemos que os streamings estão mais seletivos em relação à produção de ficção premium. Então, vemos nisso uma oportunidade grande porque o telefilme acaba sendo uma produção que consegue ser feita em um prazo menor do que uma série. É uma forma de entregar o que o mercado precisa, em um prazo menor de realização. Foi assim que gravamos O Quarto do Pânico, que está em fase de montagem e em breve chegará ao mercado. Estamos trabalhando outros originais de telefilme e olhando para outros propriedades da Sony que, assim como Quarto do Pânico, achamos que faz sentido ter uma releitura brasileira. E, claro, seguimos também focados na produção de séries e, claro, de realities. Além, claro, das produções já anunciadas, como Meu Namorado Coreano, reality que a Netflix já anunciou e é uma produção que me empolga muito. Gravamos em Seul, levamos mais de 40 pessoas do Brasil para gravar lá, com uma produtora local. É um conteúdo muito interessante para os brasileiros que gostam de conteúdo sul-coreano. Gravamos também a terceira temporada de Ilhados com a Sogra. E seguimos sempre atentos às oportunidades.

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