Koo e novas redes sociais: o que podemos aprender sobre o mercado digital
A tendência brasileira é ter um comportamento de muita curiosidade e consumo intenso
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22 de dezembro de 2022 - 14h00
Nas últimas semanas, não se comentou outra coisa. Sim, estamos falando sobre a Koo, a nova rede social do momento. Semelhante ao Twitter e no formato microblog, a rede ganhou protagonismo em um momento delicado da nova gestão do passarinho azul. Alguns chegaram a crer que o Twitter iria acabar. Ao mesmo tempo, surgiu a pergunta de milhões: temos uma plataforma que será realmente utilizada ou este é mais um movimento de viralização?
De 50 milhões de downloads em sua história de existência, 2 milhões de usuários da Koo são do Brasil, que vieram em apenas quatro dias. Antes disso, eram apenas 2 mil brasileiros. A empresa não perdeu a oportunidade de gerar uma tsunami gigantesca em ambas plataformas. Esses dias li uma entrevista na qual o CEO da rede contou que a equipe dormiu só 3 horas na semana em que viralizou e correram para traduzir o app.
Falar sobre o Koo, para mim, é relembrar do Orkut. E isso significa encher os pensamentos de nostalgia: depoimentos, scraps, comunidades, Buddy Poke e outras lembranças como estas causaram um sentimento de pertencimento nos anos 2000. Apesar disso, não foi apenas este contexto que fortaleceu a plataforma no Brasil, mas justamente a rede solidificada de conhecidos, amigos e parentes que compartilhavam da mesma utilização e a tornaram tão perene. Analisando esta questão, podemos observar o comportamento social que nosso país possui em relação às redes sociais.
Poucos anos depois do Orkut, vimos o surgimento do Facebook, Instagram, Snapchat, Twitter e outras plataformas que disseminam a ativação e comunicação da sociedade. Algumas diminuem a constância de usuários e outras permanecem gerando encontros e oportunidades. Tudo isso se dá pela necessidade de relacionamento e pertencimento, além do efeito prosumer que causam. Ou seja, ao mesmo tempo que eu recebo a mensagem (consumer) eu também tenho a capacidade de propagá-la (producer).
A tendência brasileira é ter um comportamento de muita curiosidade e consumo intenso, mas também de voltar à rotina tradicional. Nosso fluxo é acompanhar onde estão nossos amigos e as pessoas pelas quais nos permitimos ser influenciados, assim como aconteceu no Orkut e a migração para o Facebook em massa. Vale lembrar que grande parte da viralização do Koo também reside em um trocadilho.
Para entendermos essa situação vale recordarmos também o Clubhouse, que teve seu ‘boom’ durante a pandemia. Por aproximadamente um mês, só se falava sobre isso. O mercado do marketing digital estava totalmente presente neste tema. Uma vez que as pessoas perceberam a demanda que tinham em uma rede síncrona, foram aos poucos diminuindo o volume de uso, fazendo com que retornassem à plataforma anteriormente utilizada para áudios, o WhatsApp. E falando no próprio, te convido à reflexão: quantas vezes você baixou o Telegram quando a rede da Meta saiu do ar? Depois disso, quantas vezes voltou lá?
Seguindo o comportamento de pertença social, os brasileiros tendem a diminuir a utilização de novas plataformas que tem seus ‘cinco minutos de fama’. Permanecem aquelas que conseguem manter uma comunidade engajada. Este movimento está muito ligado à atratividade na nossa rotina e como os benefícios são endereçados.
O próprio TikTok, por exemplo, tinha tudo para ser somente um aplicativo de ‘dancinhas’, assim como vimos no Dubsmash, de dublagens, ou o falecido Vine, também de vídeos. Provou ser o contrário. O diferencial foi observar as tendências de consumo e produção de conteúdo (o prosumer) e trazer elementos para seguir atrativa. Isso incluiu novos efeitos, mais tempo de vídeo, programa de bônus, publicidades que não destoam do conteúdo orgânico e premiações para os creators. Isso tudo seguindo ainda, a autenticidade. Hoje o TikTok é usado até mesmo para fazer buscas e vai muito além da Geração Z. Não é à toa que quando falamos de vídeo, a rede segue crescendo em ritmo vertiginoso e batendo de frente com gigantes.
No jogo constante da Creator Economy e as plataformas, vence aquele que ouve o criador de conteúdo e entrega as ferramentas para ele fazer o que sabe melhor: criar. E não só criar conteúdo puro, mas sentir esse sentimento de comunidade e pertencimento vivos, a cada momento.
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