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Não é o fim do escritório

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Opinião

Não é o fim do escritório

O ambiente físico continuará sendo importante para criar senso de pertencimento, comunidade e colaboração


22 de fevereiro de 2021 - 13h55

(Crédito: nensuria/Istock)

Na próxima semana, fará um ano que nós, do Twitter, estamos trabalhando de casa. Quando a determinação global veio, em 1º de março de 2020, custamos a acreditar na dimensão que aquilo estava tomando. Ninguém poderia prever que ficaríamos tanto tempo longe do escritório.

O desafio tornou-se liderar pessoas e gerenciar o negócio remotamente. Nos adaptamos à nova rotina, obtivemos ganhos de tempo e qualidade de vida e alguns de nossos funcionários chegaram a mudar para cidades próximas em busca de mais espaço, tranquilidade e áreas verdes. Em meados do ano passado, parecia possível a criação de um ambiente de trabalho totalmente descentralizado, com cada pessoa produzindo de onde bem entendesse.

Embora a maioria das pessoas que têm o privilégio de escolher trabalhar de casa esteja desfrutando da flexibilidade proporcionada pelo modelo remoto, estudos recentes mostram que elas sentem falta do escritório e da separação trabalho-vida que tinham antes da pandemia.

Uma matéria recente da Forbes traz dados de pesquisas da Steelcase que mostram que 54% dos respondentes nos EUA esperam trabalhar de casa apenas “um ou menos dias” por semana quando a pandemia for superada; e 26% pretendem fazer isso de dois a três dias por semana. A matéria fala da natureza social do trabalho, onde o tempo com outras pessoas pode ser uma fonte importante de estímulo e inspiração.

Outra pesquisa, da Envoy em parceria com a Wakefield Research, elenca os principais motivos que levam 94% das pessoas entrevistadas a querer trabalhar ao menos uma vez por semana no escritório quando as condições permitirem: estar frente a frente com colegas, contato que a videoconferência não substitui; “mais snacks e cafés, menos louça”, descansando das funções da casa; retomar eventos sociais do trabalho; e escapar um pouco da convivência somente familiar.

A vontade de reviver o que era bom no escritório parece ser fato consumado. Mas, como fazer isso? O Twitter reabriu recentemente, com cautela, as portas do escritório em Singapura, onde a pandemia dá claros sinais de arrefecimento — de junho de 2020 até hoje, o país registrou um total de três mortes por Covid-19, sendo a última no início de dezembro.

Esta semana, tive a oportunidade de conversar com Daniela Bogoricin, head do Twitter Next na Ásia, radicada em Singapura. Embora a experiência de trabalhar do escritório ainda seja muito diferente do que a de um ano atrás,
Daniela, como boa brasileira, ficou feliz com o retorno e possibilidade de se conectar presencialmente com os colegas, mesmo com limitações. Seu relato mostra também o que, segundo a matéria da Forbes, é uma das preocupações nesse retorno: a segurança: “Os times foram divididos em grupos que revezam a ida ao escritório. Máscaras são obrigatórias durante todo o tempo e a temperatura dos funcionários é aferida mais de uma vez por dia. Os espaços foram reorganizados para garantir o distanciamento e foi proporcionada mais flexibilização de horário para aqueles que precisam de tempo para a transição. E a comunicação constante da liderança sobre as mudanças foi fundamental para estarmos confiantes e seguros de que todas as medidas de saúde estão sendo seguidas”.

Não, não é o fim do escritório. A pandemia criou uma oportunidade excepcional de aprendizado — sobre como trabalhamos, o que precisamos e como podemos trabalhar melhor. Entretanto, o ambiente físico continuará sendo importante para criar senso de pertencimento, comunidade e colaboração. E o papel das empresas, e dos líderes neste tão sonhado retorno, será o de garantir não só a segurança física e emocional dos seus colaboradores, mas também modelos, políticas e ambientes de trabalho flexíveis que criem condições para que as pessoas, e também os negócios, prosperem.

*Crédito da foto no topo: Irina Devaeva/iStock

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